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6ª Bienal Internacional do Sertão acontece no Cariri ao longo de outubro
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6ª Bienal Internacional do Sertão acontece no Cariri ao longo de outubro

Pela primeira vez com curadoria cearense, sexta edição da Bienal Internacional do Sertão acontece na região do Cariri ao longo de outubro trazendo reflexões múltiplas
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Obra da 'Série Bichos-de-pena e suas histórias; Mãe-da-lua, Rasga-mortalha e Udu-de-coroa-azul' (2020), da artista cearense Batalha (Foto: Batalha / divulgação)
Foto: Batalha / divulgação Obra da 'Série Bichos-de-pena e suas histórias; Mãe-da-lua, Rasga-mortalha e Udu-de-coroa-azul' (2020), da artista cearense Batalha

"Sertão é quando menos se espera", diz o mineiro Guimarães Rosa em "Grande Sertão: Veredas", onde desvela aforismos simbólicos sobre a paisagem sertaneja. Na toada da prosa poética roseana, que afirma que, "quando a gente não espera, o sertão vem", a 6ª Bienal Internacional do Sertão — evento de artes visuais que busca destacar obras, artistas, matrizes, referências e paisagens da região — será realizada no Cariri cearense em outubro sob o tema "Educar a Paisagem".

O evento busca extrapolar limitações e estereótipos. "O sertão não é apenas um território geográfico determinado pelo clima, é também afetivo, sensível e imaginário. É um signo de resistência e criação de vida apesar das condições adversas à sobrevivência. Sejam essas impulsionadas por causas ambientais mas também sociais", sustenta o cearense Lucas Dilacerda, crítico de arte e curador convidado deste ano da Bienal.

Dando ênfase à presença nordestina — são 14 artistas da região, incluindo os cearenses Marcos Martins, Jane Batista, Rafael Vilarouca e Larissa Batalha —, o evento traz em 2023 um total de 29 participantes das cinco regiões do Brasil, além de representações internacionais.

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"É justamente essa troca que faz a união e a multiplicidade da arte gerarem novos estratos sociais, referências e influências. A pluralidade de artistas é o que deixa a Bienal mais potente", defende Denilson Santana, curador, historiador e idealizador do evento, criado em 2012.

"O sertão engloba todos os estados do Nordeste, norte de Minas, Goiás, avança por um pedaço do Tocantins. Quer dizer, uma região muito grande que, na arte contemporânea, era esquecida", avança.

A Bienal surgiu, explica o baiano, como forma de "não perder os artistas". "Algumas pessoas acabavam abandonando a profissão por falta de intercâmbio, salões e galerias especializadas em arte, isso há 10 anos. Tinha um princípio educativo, também, em fazer novos artistas e levar novos públicos a conhecer museus e a vivenciar obras de arte contemporânea", segue o idealizador.

O gesto, então, foi de autoestima e criação de novas circulações. "A Bienal causa um certo incômodo nos outros eixos de arte, porque a gente só tinha eles. Hoje, ela tem a potência de poder restabelecer o vínculo dos artistas com a arte contemporânea e seus aparatos históricos", reflete Denilson.

"Historicamente, os espaços de fomento à produção, à circulação e ao consumo de arte têm se concentrado na região sudeste, onde está a maior concentração econômica de capital. Redistribuir os espaços de difusão da arte é também redistribuir o direito à cidadania plena em sua experiência estética e política", dialoga Lucas.

A Bienal do Sertão se estrutura em dois núcleos, o histórico e o contemporâneo. Nesta edição, o primeiro irá ocupar o Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri, em Santana do Cariri, que receberá residência artística do grupo Intervalo-fórum de arte. Já o segundo será acolhido pelo Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri, em Juazeiro do Norte.

Obra da série "Espinhos" (2023), da cearense Jane Batista (Foto: Jane Batista / divulgação)
Foto: Jane Batista / divulgação Obra da série "Espinhos" (2023), da cearense Jane Batista

Na intenção de "ser um espaço de difusão e reflexão sobre o mundo contemporâneo", como descreve Lucas, a Bienal traz na exposição principal obras que discutem questões vistas como "urgentes e pulsantes" pelo olhar curatorial. Em pauta, mudanças climáticas, ancestralidade, racismo e violência de gênero, por exemplo.

"As obras, cada uma à sua maneira, lançam um olhar para questões do nosso tempo nos dando a ver processos intoleráveis mas também ensaiando novos mundos possíveis, convocando assim as nossas imaginações políticas para agir no presente", aprofunda o curador.

Sobre a escolha do Cariri para a realização desta edição, o cearense destaca a região como um "caldeirão cultural marcado por aspectos geográficos, afetivos, espirituais e artísticos". "A Bienal acontece em diálogo com essas forças que povoam esse território de modo a se compor com elas", ressalta Lucas.

Este caráter é ressaltado por Denilson. "Desde a 1ª edição, a gente mantém intercâmbio entre artistas", atesta. "Essa região é altamente estratégica, mas era esquecida pelo campo dos artistas. A Bienal causou certo estranhamento no início, mas agora é super bem recebida nos temas e nas pesquisas ligadas à arte contemporânea", finaliza o idealizador.

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6ª Bienal Internacional do Sertão

  • Quando: abertura na terça, 3, às 19 horas; em cartaz de 4 a 31 de outubro
  • Onde: Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri (rua São Pedro, 337 - Centro, Juazeiro do Norte) e Museu de Paleontologia da URCA (rua Plácido Cidade Nuvens, 326 - Santana do Cariri)
  • Entrada gratuita.
  • Mais informações: @bienaldosertao6 e bienaldosertao.wixsite.com/bienaldosertao

 

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