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"Ninguém Vai Te Salvar" explora medos externos e internos a partir de invasão alienígena
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"Ninguém Vai Te Salvar" explora medos externos e internos a partir de invasão alienígena

Subvertendo a temática extraterreste ao mesclar de forma inteligente aspectos de thriller, sci-fi e drama, chega ao serviço de streaming Star+ o longa "Ninguém Vai Te Salvar"
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Foto: 20th Century Studios/Divulgação "Ninguém vai te salvar" mistura ficção científica e drama de modo inteligente e fugindo de clichês

"Ninguém Vai Te Salvar", filme americano de terror e ficção científica escrito, dirigido e produzido por Brian Duffield, é estrelado por Kaitlyn Dever. A obra se destaca entre produções recentes, porém, por ter apenas duas linhas de diálogo em 93 minutos de duração.

Brynn Adams (Kaitlyn Dever) é uma jovem mulher que mora em uma casa distante de sua cidade, nos EUA. Com uma rotina solitária, Brynn leva uma vida isolada e sem amigos, algo que não é unicamente sua escolha, já que a protagonista é de certa forma rejeitada em sua cidade natal graças a algo que aconteceu na infância. Após mais um dia comum em sua vida, Brynn Adams é surpreendida durante a noite quando alguém, ou melhor, algo invade sua casa.

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"Ninguém Vai Te Salvar" vai muito além de um simples filme de invasão alienígena. E, logo de início, subverte produções anteriores com a mesma temática, que geralmente escondem a aparência de sua ameaça por boa parte da trama. Aqui não, logo de cara podemos ver os seres que vão atormentar a protagonista durante o longa. Em um primeiro momento, eles aparentam ter uma aparência bastante clichê, mas bem trabalhada. Porém, no decorrer do longa, percebemos que esses seres são muito mais plurais do que podemos imaginar.

Com um ritmo quase frenético, "Ninguém Vai Te Salvar" prende o espectador em sua trama durante seus 93 minutos muito bem desenvolvidos. Trabalhando ao máximo a "regra" cinematográfica do "mostre ao invés de falar", o longa tem poucas linhas de diálogo, focando totalmente em sua protagonista, o que poderia dificultar bastante o trabalho de Kaitlyn Dever (de "Inacreditável", de 2019). No entanto, a atriz brilha neste longa, trazendo uma atuação sensível e intensa que, somada com a trilha sonora do longa, faz com que o espectador consiga entender perfeitamente toda a complexidade por trás daquela personagem.

O roteiro, assinado por Brian Duffield (de "A Babá", de 2017), não subestima o espectador e muito menos sua protagonista. Que, à primeira vista, aparenta fragilidade, mas rapidamente subverte essa impressão, mostrando-se inteligente e destemida em diversos momentos. Além disso, Duffield vai além do thriller sci-fi e acrescenta uma forte camada de drama para a personagem principal, nos mostrando, durante toda a trama, o porquê daquela mulher que luta tão desesperadamente pela vida se encontrar tão sozinha e isolada. Algo que culmina em um plot twist inesperado e reflexivo no futuro da história.

A direção, também de Brian Duffield, se mostra muito mais madura e confiante aqui. Brian claramente faz referências a clássicos do sci-fi, como o longa "Sinais", de 2002, e "Além da Imaginação", série de 1959. Assim como no episódio de "Além da Imaginação" intitulado "Invasores", o diretor faz com que sua protagonista enfrente os invasores de forma direta, mas acaba indo além, já que enquanto Brynn enfrenta tais criaturas, se depara em certo momento enfrentando os próprios traumas.

A falta de diálogos longos entre personagens é um claro obstáculo para apresentar os dilemas da protagonista de forma clara. No entanto, Brian acaba por trazer uma solução convincente para este problema utilizando-se de um flashback que entra em tela de forma bastante integrada com a trama, não causando estranhamento ou deslocamento daquele momento na trama. Isso faz com que o espectador, além de entender o que fez Brynn chegar ao ponto de isolamento que se encontra, também entenda um pouco os rumos que aqueles seres de outro planeta vão traçar para aquela personagem.

"Ninguém Vai Te Salvar" tem tudo que um bom sci-fi de extraterrestres deve ter. Uma protagonista cativante, seres aterrorizantes e complexos e uma trama que prende do início ao fim, sem perder tempo com clichês desnecessários. Com uma atuação digna de destaque, fotografia e efeitos visuais excelentes e uma trilha sonora que funciona como uma amálgama com a atuação de sua protagonista, o único defeito do longa é não ter sido lançado nas telas de cinema.

Ninguém Vai Te Salvar

  • Onde: já disponível na plataforma Star+
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