Com 20 anos de uma carreira musical que mescla MPB, reggae e pop, Vanessa da Mata é reconhecida por sua versatilidade, timbre inconfundível e composições românticas. Em comemoração à trajetória artística, a cantora está percorrendo o País com sua nova turnê, "Vem Doce". Em Fortaleza, a apresentação acontece neste sexta-feira, 27, no estacionamento do shopping Iguatemi Bosque.
O show é inspirado no novo álbum, que apresenta a intérprete revisitando sua trajetória pessoal e musical, unindo novas canções a alguns dos hits já conhecidos do grande público, agora reimaginados para o contexto criativo do projeto.
"Vem Doce" possui 13 faixas, é seu décimo álbum e chegou às plataformas de streaming com participações especiais do cantor João Gomes e rapper L7nnon. Com músicas que falam sobre injustiça social, precarização na educação, racismo, e outros temas sensíveis do Brasil atual.
Em entrevista ao Vida&Arte, a artista ressalta a importância de também tratar nas canções os problemas que o País enfrenta.
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"Não tinha o porquê de não abordar esses temas no novo álbum. Foi sendo feito e havia uma necessidade de ser feito. Eram assuntos que estavam me incomodando muito. Assim como sempre me incomodaram, mas eu não conseguia colocar isso em música. E, dessa vez, as músicas vieram de uma maneira muito forte, precisando nascer, precisando falar", conta Vanessa.
A artista é uma das vozes referências da Música Popular Brasileira e, mesmo com uma carreira consolidada, segue buscando renovar o repertório. O novo álbum é a prova disso, pois promove o encontro de diferentes gêneros da música, transitando entre pop, MPB, forró e piseiro.
Para ela, as participações aconteceram de forma natural, sem planejamento. João Gomes já havia cantando algumas de suas composições e foi ele quem a apresentou ao cantor L7nnon.
Vanessa ainda ressalta o talento do cantor nordestino e que ele representa o jovem brasileiro que vai em busca de seus sonhos. Para a cantora, ao mesmo tempo que os dois são muito diferentes musicalmente, eles também possuem muitas semelhanças.
"Ele traz o Nordeste e a musicalidade na alma, e é muito culto musicalmente como pouquíssimos da geração dele são. Pra mim, ele é uma grata surpresa na música e tenho carinho e apreço pelo que ele representa para o povo brasileiro. Nós temos muitas diferenças, mas ao mesmo tempo eu me vejo nessa inocência dele, nos meus 17 anos quando eu cheguei em São Paulo", afirma Vanessa.
No cenário musical brasileiro e internacional, a compositora já ganhou diversos prêmios e acumula sucessos como "Ai, Ai, Ai" "Boa Sorte/Good Luck", "Não Me Deixe Só" ,"Amado" e muitos outros aos longos dos seus 20 anos de carreira.
"Analisar toda a minha trajetória com certeza é muito difícil, mas quando eu olho pra trás, acho que não faria nada diferente do que eu fiz até hoje", declara.
Vanessa tem uma identificação forte com a composição e muitas de suas músicas retratam o amor e as várias formas possíveis de vivê-lo, mas enfatiza que não escreve só sobre isso. Uma de suas primeiras autorias é "A força que nunca seca", que relata a história de uma mulher nordestina vivendo na seca.
A composição foi, de cara, cantada por Maria Betânia e musicada por Chico César, artista que Vanessa considera como padrinho musical. A faixa também deu nome ao disco de Bethânia, que foi indicado ao Grammy Latino do ano seguinte, como Melhor Álbum de Música Popular Brasileira em 2000.
"Ali eu já abordava esses temas, essa precariedade e miserabilidade brasileira do povo. Que infelizmente a gente só conhece quando alguns artistas abordam", conta.
A compositora finaliza dizendo que, ao escrever suas próprias canções, se sente autossuficiente como mulher e que isso lhe proporciona muitas alegrias.
"Eu sempre gostei muito dessa ideia de ser autora das minhas canções, isso me dá uma sensação de autossuficiência mesmo, que nós mulheres sempre tivemos procurando. Quisemos ser e ter essa autossuficiência, e isso me proporciona muitas alegrias", finaliza.
Vem doce
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