Neste sábado, 5, acontece o lançamento de “Caso porque te amo, mato porque me amo", da jornalista cearense Ana Márcia Diógenes.
Através de 30 poemas ilustrados, divididos em 8 capítulos, o livro costura a trajetória da personagem que perpassa temas como amor, sedução, abuso e morte.
O lançamento acontece às 10h30min, durante o II Gallery Center Day, um espaço multicultural que reúne arte, música, literatura, moda e gastronomia.
A obra, que teve sua estreia na XV Bienal Internacional do Livro do Ceará, faz uma analogia à aranha viúva-negra, espécie que se alimenta do parceiro. Com a morte do macho após o acasalamento, na crendice popular, é como se ela o matasse.
Segundo Ana, a personagem foi elaborada a partir de casos de várias mulheres apelidadas de “Viúvas negras do Sertão”, conhecidas por terem matado companheiros com quem se relacionaram.
A ideia para a obra, contudo, surgiu após uma reportagem feita pela jornalista, em que episódios reais serviram de base para a construção de situações e desfechos, como os vividos por Maria Nazaré, do Rio Grande do Norte, que teria matado pelo menos quatro maridos.
“O 'caso porque te amo' é fruto de uma série de reportagens que fiz. São mulheres que, ao invés de serem mortas e serem vítimas do feminicídio, têm que matar para sobreviver. Esse assunto ficou me chamando depois da reportagem. E no livro quis mostrar que não são todas as mulheres que se deixam matar por amor”, conta a jornalista.
Lançado pela Quichaitá Editorial, marca criada em 2024 pela autora, o visual do livro contempla a mulher-aranha e a teia que envolve relações abusivas e matança.
O projeto gráfico e a edição de arte são do designer editorial Gil Dicelli (do O POVO), enquanto a escritora e ilustradora Valdir Marte assina as ilustrações.
Com carreira reconhecida no jornalismo, incluindo passagem pelo O POVO como diretora de redação, a escritora foi sempre acompanhada pelo gosto e pela crença no poder da escrita e da leitura.
Em novembro de 2024, lançou o romance “Buraco de Dentro”, uma ficção focada em um personagem atingido pelas diversas violências da vida na rua.
Indagada sobre quais são os temas que lhe atravessam a ponto de se transformarem em objetos literários, Ana reforça a relação com sua carreira ao longo da vida.
“Me sinto inspirada pelo trabalho no jornalismo, pelos anos que passei no Unicef e pelo trabalho com a cultura em geral, onde vemos vários aspectos da manifestação da vida. Acredito que esses últimos assuntos são coisas que vi e que estavam engasgadas dentro de mim”, comenta.
Com uma rotina de escrita que lhe preenche no mínimo duas horas por dia, a escritora afirma ter mais quatro livros já arquitetados, mas que contam com previsão de lançamento apenas para o final de 2026 ou começo de 2027.
“Vinha escrevendo alguns livros e guardando. São livros que estão armados, montados, mas não estão prontos ainda. Eles abordam temas delicados, então, nos próximos anos, pretendo deglutir eles com um pouco mais de tranquilidade”, ressalta Ana.
Lançamento do livro "Caso porque te amo, mato porque me amo"