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Entenda o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, versão mais intensa da TPM
Ciência e Saúde

Entenda o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, versão mais intensa da TPM

O transtorno apresenta mais sintomas psicológicos do que físicos. Confira informações sobre a doença, e dicas para amenizar a TPM
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Doenças novas foram classificadas na última edição da Classificação Internacional de Doenças (CID 11), publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A nova versão foi apresentada em junho de 2018 para países membros e entrará em vigor em 2022 no Brasil. Entre as doenças reconhecidas, está o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM), variação mais severa da Tensão Pré-Menstrual (TPM) ou Síndrome Pré-Menstrual. O transtorno apresenta mais sintomas psicológicos do que físicos e causa prejuízos nas relações e atividades das mulheres que sofrem da doença. 

A médica ginecologista com doutorado em Tocoginecologia e membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) Daniela Angerame Yela, explica que a doença já é reconhecida no Brasil, e muitas faculdades preparam os médicos para atender pacientes que apresentem o transtorno. Mesmo assim, ela informa que não há a certeza que a condição seja conhecida em todas as cidades no Brasil, portanto, a Febrasgo trabalha com campanhas a favor da atualização de profissionais.

Maria*, 38, é xxx, mora em Belford Roxo (RJ) é mãe da Alice, de 15 anos, que começou a demonstrar sintomas por volta dos 13 anos de idade. Ela relata que notava que a filha ficava muito nervosa, aborrecida, cansada e fraca com frequência, e chegava a morder a boca por dentro até causar feridas. A mãe relata que foi tratada com um psicólogo por um tempo, que achava que ela sofria de ansiedade. Mas com o tempo, seus sintomas pioraram. “As dores ficaram mais intensas e na área psicológica a coisa piorou muito. Sempre na mesma época do mês ela ficava muito mal. E além de tudo isso, ela passou a ficar bastante deprimida, com pensamentos e comportamentos autodestrutivos.” Conta Heloísa. Ela conta também que o período de crise também se estendeu. “Antes era só quando estava chegando o período do mês, mas depois começava pelo menos uns 15 dias antes e só passava depois que ela menstruava”.

Heloísa conta que foi muito difícil obter um diagnóstico correto, pois médicos suspeitavam de outras doenças, como ansiedade ou síndromes depressivas, mas após o diagnóstico com um ginecologista, que associou os sintomas ao período menstrual, ela passou a melhorar. Hoje ela se trata com a ginecologista, psiquiatra e psicólogo, e os remédios proporcionaram uma grande melhora, mesmo com alguns sintomas que persistem no período pré-menstrual. Como sintomas, Alice apresentava sintomas como cefaleia, dores nas pernas , cólica, descama da parte interna da boca, cansaço, sono em excesso, dificuldade de se concentrar compulsão por comida, fraqueza, irritabilidade, apatia, isolamento, choro sem motivo, entre outros. Agora, com o tratamento, sente uma tensão pré-menstrual leve antes do período.

O médico psiquiatra Thiago Sales explica que a Tensão Pré-Menstrual é causada pelos hormônios que variam no período da ovulação e menstruação da mulher, sendo um dos principais o estrogênio e progesterona. “A Tensão Pré-Menstrual, ou Disforia Pré-Menstrual, provoca sintomas de caráter principalmente emocional, por exemplo, irritabilidade, ansiedade, sensibilidade, fragilidade do ponto de vista emocional”, exemplificou Sales. A presença e o tempo de duração podem variar de acordo com cada mulher, pois cada organismo funciona de forma diferente.

Thiago afirma que o que diferencia a Disforia Pré-Menstrual para o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual é a intensidade. Quando a disforia traz um alto sofrimento psíquico, trazendo prejuízos, se torna um transtorno. “O sofrimento pode ser subjetivo, o prejuízo pode ser um prejuízo social, de relacionamentos, com a família, no trabalho, entre outros, que indica uma necessidade de tratamento medicamentoso. Não existe diferença de sintoma específico, o que diferencia um do outro é a intensidade e o grau de sofrimento e prejuízo do paciente.” Normalmente, a TDPM traz sintomas mais psicológicos do que físicos.

De acordo com o Portal das Associações Brasileiras das Associações de Ginecologia e Obstetria (Febrasgo), a Síndrome Pré-Menstrual (SPM) atinge cerca de 80% das mulheres antes da menopausa, que apresentam diferentes sintomas. Já a TDPM atinge de 3 a 8% dessas mulheres.

 

Quadro: Sintomas e como diferenciar a TPM da TDPM

O diagnóstico para diferenciar a TDPM da SPM é apresentar no mínimo cinco dos sintomas listados pelo Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana (DSM IV):
-Humor deprimido, pensamentos autodepreciativos e falta de esperança;
-Acentuada ansiedade ou tensão;
-Instabilidade afetiva acentuada;
-Raiva ou irritabilidade acentuados, de forma a atrapalhar relações interpessoais;
-Sentimento subjetivo de dificuldade em concentrar-se;
-Letargia, fadiga fácil ou acentuada, falta de energia;
-Acentuada alteração de apetite, excessos alimentares ou avidez por determinados alimentos;
-Hipersonia ou insônia;
-Sentimento subjetivo de descontrole emocional;
-Sintomas físicos da TPM mais intensos, como dores de cabeça, inchaços, entre outros.
Estudos médicos e psicológicos realizados sobre o as alterações acontecidas em período pré-menstruais ainda buscam definir todos os causadores da TPM, mas uma variação significativa dos níveis de serotonina, endorfinas e de cálcio estão presentes em diversos casos.

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