Por muito tempo, o Brasil foi exemplo internacional em cobertura vacinal, principalmente por causa do Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado em 1973. De lá para cá, o País enfrentou e venceu doenças como varíola, poliomielite, sarampo, febre amarela e H1N1. No entanto, o cenário com a Covid-19 tem sido perigoso.
Diferente de experiências anteriores, o movimento antivacina no Brasil tem se intensificado, reduzindo a confiança da população no imunizante. Somado a isso, o Governo Federal menospreza a gravidade da pandemia e a eficácia da vacina contra a Covid-19. Isso resultou na não aquisição de doses dos imunizantes para a população e favoreceu a ampla disseminação de mentiras (fake news) sobre as vacinas - em algumas ocasiões, compartilhadas pelo próprio Governo.
A vacina é uma treinadora do sistema imunológico.
O sistema imunológico tem um processo natural de reconhecimento e combate de patógenos. O que as vacinas fazem é estimular essa resposta natural de maneira segura, evitando riscos de doenças graves e mortes.
Assim, o objetivo das vacinas não é impedir a doença de acontecer, mas impedir que a pessoa morra. Como em qualquer outra vacina, é possível contrair a doença, mas ela será bem mais leve e rápida.
Além disso, a vacina ajuda a criar imunidade coletiva - quando um número grande de pessoas se vacina e, por consequência, protege quem não pode se vacinar.
Mas, é preciso considerar também a taxa de eficácia e eficiência das vacinas, além do padrão de disseminação da doença na região vacinada. De maneira bem simplificada:
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A varíola foi considerada erradicada mundialmente no dia 8 de maio de 1980, pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso só foi possível pelas décadas de campanha de vacinação intensa em todo o mundo. Agora, ninguém mais precisa se vacinar contra a varíola, porque já ela não ocorre naturalmente. A primeira vacina que se tem registro foi desenvolvida no século XVIII, para combater a varíola.
Já o sarampo chegou a ser erradicado no Brasil, mas não no mundo inteiro. Por isso, as campanhas de vacinação contra a doença continuam existindo - já que pessoas de outros países podem trazer a doença para o Brasil. O problema é que a adesão brasileira às campanhas reduziu muito nos últimos anos. Todas as regiões do Brasil tiveram surtos de sarampo.
O sarampo pode ser mortal para crianças pequenas, por ter como complicações infecções respiratórias, otites, doenças diarreicas e doenças neurológicas.
Se vacinar é um ato de saúde coletiva e carinho pelos outros. Só será possível combater a pandemia por meio da vacinação ágil e em massa. Lembre-se: vacinas salvam vidas, assim como o uso de máscaras correto e o isolamento social.
>> Fontes
Laura de Freitas, pós-doutoranda no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP)
Manual Noticiando Vacinas, organizado pela Agência Bori e Instituto Questão da Ciência, com apoio do Instituto Sabin e o Instituto Serrapilheira
>> Expediente
Edição Fátima Sudário e Regina Ribeiro | Texto Catalina Leite | Ilustrações e Infográficos Catalina Leite | Edição de arte Cristiane Frota
Série de inforreportagens do O POVO explica a ciência por trás da Covid-19