Para além de temas já comuns e estabilizados na comédia brasileira, o carioca Marcos Castro inovou no jeito de fazer humor. Desenvolvendo uma mistura única e assertiva entre as piadas de "tiozão" com o universo geek, ele se destacou no cenário nacional, tornando-se uma das referências no YouTube do País. Ele diz acreditar na liberdade de fazer rir com todo tipo de assunto, mas alerta para os eventuais problemas que determinadas piadas podem trazer e afirma preferir criar um humor inclusivo para todos.
Com mestrado em Matemática, ele foi o primeiro convidado do UP Gamer, programa do OP que entrevista diferentes personalidades durante a disputa de partidas de jogos eletrônicos. Na ocasião, Marcos Castro conversou sobre o começo do seu canal de quase 5 milhões de inscritos, os desafios da pandemia, projetos futuros e muito mais.
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O Povo - O canal Castros Brothers tem quase 5 milhões de inscritos e mais de 770 milhões de visualizações no YouTube. Como esse projeto nasceu e de onde veio a ideia?
Marcos Castro - A gente começou o canal para publicar vídeos de stand-up, em 2009. Em 2011, eu comecei a pensar: "Pô, eu poderia trazer alguns outros assuntos que não necessariamente cabem no palco, alguns assuntos um pouco mais nerds. Eu lembro que eu queria falar de videogame, mas às vezes na plateia tinha uma senhora de 70 anos que quando eu fosse falar de Mario ela iria perguntar: "Que Mario?". Aí eu não vou poder responder por educação (risos). Foi aí quando comecei a fazer vlog usando as minhas piadas. Daqui a pouco eu vi que estava fazendo mais vídeos por semana, os vídeos estavam dando mais certo do que o stand-up, daí comecei a colocar isso como prioridade.
OP - Você tem mestrado em Matemática… Onde que surge essa convergência com o humor?
Marcos Castro - Eu comecei a fazer stand-up muito por acaso. Eu era e sou muito fã do Comédia Em Pé, que é um dos primeiros grupos de stand-up aqui do Brasil, inclusive foi onde surgiu o Fábio Porchat. Eles tinham um espaço chamado "Mico aberto", que era tipo "Microfone aberto" mas com uma brincadeira de ir lá e pagar "mico". Despretensiosamente eu mandei um texto e despretensiosamente eles aceitaram. Isso era durante o mestrado, quando eu estava estudando para virar professor. Fiz a primeira apresentação, não foi uma vergonha total, e fiquei fazendo. Um ano depois, surgiu a oportunidade de fazer um programa do Domingão do Faustão, o quadro "Quem chega lá?". Fui, passei de fase, me classifiquei. Muita gente ficou me ligando e vi que precisava fazer alguma coisa da minha vida. Então terminei o curso de Matemática e pensei: vou deixar isso guardadinho porque 2 2 vai continuar sendo 4, então qualquer coisa eu volto. Se um dia eu estiver dando aula, vocês vão entender o porquê. (risos)
OP- Quem foi a pessoa com quem você sempre quis gravar?
Marcos Castro - Uma pessoa que eu queria muito e a gente conseguiu foi o Fábio Porchat, mas também teve o Paulinho Gogó, o Érick Jacquin, os dubladores do Chaves, nossa esse vídeo foi incrível.
OP - E com quem você gravou e não rolou?
Marcos Castro - Ah eu acho meio… (risos!) Mas a gente edita os vídeos, então às vezes quando tem alguns cortes, pode ver que a gente deixou só o filé, sabe? Tem algumas coisas que não ficaram tão legais, às vezes o pessoal fala umas besteiras, umas coisas que a gente sabe que, se deixar, vai ser cancelado. Então a gente tem que tomar cuidado, até porque a gente não quer uma comédia que desrespeite, a gente quer um negócio que todo mundo se sente incluído.
OP - Para você que é comediante, qual o tamanho desse desafio de incluir o máximo de pessoas possíveis e não rir da condição de uma pessoa, mas criar um humor engraçado para todo mundo?
Marcos Castro - Eu defendo que todo humorista pode fazer a piada que quiser desde que não cometa crime. E eu defendo que todo mundo que se sente ofendido tem o direito de reclamar. Eu não sou um cara que faz piada de humor negro. Agora se você faz e não quer que as pessoas reclamem, eu acho que você só quer a parte boa. Você tem que saber que quando faz uma piada pesada, tem o risco de alguém não gostar e as pessoas se sentirem no direito de reclamar e até recorrer à lei para isso. Eu não gosto de fazer, porque acredito que a função do comediante é fazer rir, então eu acho que se consigo fazer uma piada, eu consigo fazer duas, três, sabe? Se eu tô fazendo uma piada e essa piada pode ofender ou alguém diz: "Marcos esse caminho não está legal, vai por outro caminho", eu prefiro me esforçar e fazer uma outra piada. Mas essa é a minha forma de fazer. Cada um tem a sua forma de criar, eu prefiro isso porque eu quero paz. Deixa a piada ser só a parte boa.
Programa de entrevistas com personagens que transitam peço mundo digital durante uma partida de jogo eletrônico