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"É mais difícil ensinar História do que Matemática", diz Vitor Vogel
Reportagem Seriada

"É mais difícil ensinar História do que Matemática", diz Vitor Vogel

Dono do canal "Vogalizando a História", com mais de 10 milhões de visualizações, Vitor Vogel é o quarto convidado do UP Gamer+. Na ocasião, ele disputou algumas partidas de Stumble Guys
Episódio 4

"É mais difícil ensinar História do que Matemática", diz Vitor Vogel

Dono do canal "Vogalizando a História", com mais de 10 milhões de visualizações, Vitor Vogel é o quarto convidado do UP Gamer+. Na ocasião, ele disputou algumas partidas de Stumble Guys
Episódio 4
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O contexto do Brasil de hoje é complicado para o ensino de assuntos que fazem parte da nossa formação enquanto sociedade. Essa é a avaliação do professor Vitor Vogel, cujo sobrenome foi inspiração para o canal no YouTube de 148 mil inscritos e mais de 10 milhões de visualizações. “Vogalizando a História” é o espaço onde se discute da origem das bandeiras a curiosidades de guerras pelo mundo; da história dos continentes a singularidade da vida de grandes personalidades.

Com o lema “Vamos se amar”, o canal comandado por Vitor Vogel ganhou destaque na plataforma de vídeos, tanto é que passou a ser indicação do próprio YouTube para novos públicos. Além de vídeos, o Vogalizando a História também conta com perfis no Instagram e TikTok, onde abordam variados temas de maneira rápida e prática.

Vitor Vogel é o quarto convidado do UP Gamer+, onde participou de disputadas partidas de Stumble Guys. Confira trecho da entrevista abaixo.

> Assista a entrevista completa aqui!

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Marco Viricimo e Vitor Vogel exibem placa especial após alcançarem a marca de 100 mil inscritos no YouTube no canal Vogalizando a História(Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Marco Viricimo e Vitor Vogel exibem placa especial após alcançarem a marca de 100 mil inscritos no YouTube no canal Vogalizando a História

O POVO - Quando nasceu a paixão e vontade de falar sobre história?

Vitor Vogel - Eu já era educador antes de trabalhar com História. Eu trabalhava com crianças, com turmas de quinto ano, de 2012 até 2017. Eu dava aula de tudo: Ciências, Português, Matemática, que são conteúdos menos avançados, mas pô, tu tem que saber umas paradinhas. E as aulas de História que eu dava eram as que as crianças mais gostavam. E aí eu comecei a fazer o curso de História, em 2016.

Com esse interesse todo, o Marco (Viricimo, seu sócio), que queria fazer um canal novo, me chamou para começar um canal de história. Foi aí que a gente montou o Vogalizando a História.

OP - Vocês trazem histórias que não necessariamente são tratadas por outros canais, como história da África, das Américas. Isso é pensado para se dissociar dos outros ou é um assunto que vocês já gostam?

Vitor Vogel - Já é nosso. É feito porque a gente gosta, a gente acha muito importante falar dessas histórias que são riquíssimas, maravilhosas. Acabou que isso nos diferenciou também, mas não foi uma coisa proposital. A gente não resolveu falar sobre isso para ser diferente, mas acabou se diferenciando um pouquinho.

OP - Vocês já têm um conteúdo conteúdo programado, mas também surfam em alguns hypes, como aconteceu recentemente com a questão do nazismo. Qual o planejamento para isso?

Vitor Vogel - Quando a gente define (o tema) é baseado em um consenso: ambos querem fazer e acham interessante. Um exemplo interessante é a crise entre Rússia e Ucrânia. No início não falamos nada porque já tinha muito jornal e canal falando, tava todo mundo falando. Então a gente decidiu não fazer, só que tinha tanta gente pedindo, que seria um descaso nosso. Então demorou um tempinho, fizemos e o vídeo rendeu super bem.

O vídeo sobre um partido nazista no Brasil: teve a polêmica por conta daquele outro podcast (Flow Podcast, quando seu apresentador Monark defendeu a existência de um partido nazista) e eu já estava querendo fazer um vídeo sobre. Fizemos roteiro, gravação e edição muito rápidos e o vídeo deu muito certo. Então depende muito do momento, do que está acontecendo, do retorno que os inscritos dão para a gente. Nesses três anos a gente está conseguindo sentir melhor o mar para saber quando que a onda vai dar legal, quando ela é nossa e quando é de outro surfista.

OP - Vocês tem um lema, que é o “Vamos se amar”. Qual é o real motivo dessa mensagem repetida em todo final de vídeo?

Vitor Vogel - Bom, Wanderson, é que eu sou uma pessoa muito da paz, muito pacífica. Claro, não tenho paciência para nazista. Vem nazista falar comigo, eu mando embora. Não acho interessante e que tem que amar todo mundo, mas eu acho que a falta do diálogo, do ouvir o outro, de se interessar em saber o que o outro pensa, também é nocivo para a gente. Não que eu ache que tem que ouvir todo mundo, não sou dessa galera que acha que todo mundo tem direito de falar a bobagem que quiser. Mas a gente precisa se abrir um pouco mais para o diálogo.

Eu acho que em algum momento a esquerda erra e a direita também, como ambos acertam em algumas coisas. Então a ideia do “vamos se amar” é ser mais tolerante com quem não pensa que nem tu, cara. Ouve. Não quer dizer que tu tem que concordar, mas pelo menos compreenda o porque que a pessoa pensa desse jeito, porque age de tal forma.

A gente vive dentro de bolhas que impedem o progresso, então a ideia do “vamos se amar” é da gente progredir enquanto humanidade. A gente vive no mesmo planeta e compartilha a sociedade.

> Assista a entrevista completa de Vitor Vogel ao UP Gamer+

OP - E dá para fazer tudo isso a partir e através da História?

Vitor Vogel - Cara, nem todo mundo gosta da História porque ela faz você sair muito da sua zona de conforto. A História não está nem aí para o que tu acredita ou gosta. Ela simplesmente é. Às vezes quando isso vai contra algo que tu gosta, ou que tu gostaria que tivesse sido, tu busca outra narrativa, outro ponto de vista, busca o que não é verdadeiro. As pessoas se incomodam muito com a História.

Eu acho que no momento é mais difícil ensinar História do que Matemática. Pô, logaritmo é difícil, cara, mas não é mais difícil do que ensinar regime militar, porque vai ter alguém numa turma que é descendente de militar que enriqueceu nessa época e vai dizer “a vida foi boa”. Foi boa para ti, velho. Pra uma galera aí não foi.

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