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Sophia Abreu desponta como expoente da nova geração feminina no kitesurf
Reportagem Especial

Sophia Abreu desponta como expoente da nova geração feminina no kitesurf

Com atletas mulheres experientes, Brasil vê onda de revelações e futuro promissor na modalidade. Carioca de 23 anos começou no vôlei, passou para o kite e já tem título nacional no currículo

Sophia Abreu desponta como expoente da nova geração feminina no kitesurf

Com atletas mulheres experientes, Brasil vê onda de revelações e futuro promissor na modalidade. Carioca de 23 anos começou no vôlei, passou para o kite e já tem título nacional no currículo
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A maior presença feminina nas mais diversas modalidades esportivas chegou de forma marcante também ao kitesurf. Antes dominado pelos homens, o esporte também ganhou adesão entre as mulheres nos últimos anos, o que encorajou novas entusiastas e praticantes, em especial no Brasil, em razão do bom desempenho de alguns destaques.

Bruna Kajiya, Milla Ferreira e Marcela Witt são algumas das brasileiras mais experientes que já brilham nas águas mundo afora e inspiram o surgimento de novas atletas no kite. Uma das estrelas da nova geração nacional é a carioca Sophia Abreu, de 23 anos, especialista em kitewave.

 Sophia Abreu migrou do vôlei para o kitesurfe(Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR Sophia Abreu migrou do vôlei para o kitesurfe

Com trajetória meteórica, Sophia já ostenta um título nacional e uma quarta posição mundial no currículo. No mês de setembro, a atleta desembarcou na Praia do Preá, nas redondezas de Jericoacoara, para treinar e curtir alguns dias de férias no Hotel Rancho do Peixe, um dos locais mais frequentados por amantes do kitesurf para cair na água.

Em uma ensolarada manhã de terça-feira, entre um compromisso e outro, a jovem carioca conversou com O POVO sobre a importância de referências femininas para novas praticantes, revelou o entusiamo ao ver outras mulheres nas águas e rechaça o sentimento de rivalidade.

"Quando eu encontro uma mulher velejando, eu sempre tento trocar uma ideia. Acho muito incrível ver uma mulher dentro d'água, porque às vezes as pessoas olham o kite ou o surfe como um esporte muito radical, uma presença muito forte de homens, principalmente o surfe. Quando a gente vai surfar, geralmente 90% das pessoas são homens dentro d'água. Então, quando eu encontro mulher fico: 'Caramba, tamo junto' (risos)", afirmou.

"Acho muito legal ver mulheres tentando, cada vez mais mulheres dentro do esporte e se incentivando também. As mulheres precisam se incentivar, sem ter aquele sentimento de competição, "sou melhor que você". Ninguém é melhor que ninguém, todo mundo está querendo se ajudar", destacou.

Filha de pai surfista, Sophia Abreu conviveu com o esporte desde cedo. O primeiro palco foi a quadra, em que optou pelo vôlei e já despontava como futura atleta profissional. A ligação familiar com as águas, entretanto, despertou a vontade de se aventurar no surfe, apesar do medo do mar nas primeiras tentativas.

"Aí eu falei: 'Pai, na verdade não quero vôlei mais, quero surfar'. Aí meu pai: 'Como assim?' (risos). Eu já estava com o caminho traçado no vôlei, tudo certo... Ele foi gentil comigo, entendeu que não adianta forçar e respeitou minha decisão. Foi quando eu voltei a surfar, devia ter 13, 14 anos", recorda.

Sophia Abreu festeja o fato de que cada vez mais mulheres estão competindo no kitesurfe(Foto: Divulgação/GKA Kite Tour World)
Foto: Divulgação/GKA Kite Tour World Sophia Abreu festeja o fato de que cada vez mais mulheres estão competindo no kitesurfe

Pouco depois, então, aconteceu nova mudança de rota de Sophia no mundo esportivo.

"Comecei a treinar, competi surfe amador, só que as competições também não eram muito para mim, ficava muito nervosa. Quando eu comecei a velejar, que tinha 17 para 18 anos, comecei a evoluir muito rápido no kite, aí pensei: 'Caramba, eu consigo ser boa nisso e competir'. Aí eu falei: 'Pai, quero ser kitesurfista profissional, seguir isso, competir, correr os campeonatos ao redor do mundo'. E foi tudo muito rápido", pontua.

O kite parecia uma modalidade improvável para a carioca, que encontrou dificuldade nas primeiras tentativas. Com persistência, porém — e uma dose de coragem —, conseguiu se adaptar — e encantar — com o velejo no mar.

"Foi amor à segunda vista, porque à primeira vista não deu muito certo (risos)", brinca Sophia, sempre sorridente. "Em cinco horas, eu consegui fazer minhas aulas, velejar sozinha e já ter o sentimento do que é velejar, a pipa puxando, deslizar no mar... Foi incrível", relembra.

De 2017 para cá, a brasileira já teve a oportunidade de disputar competições nacionais e internacionais graças ao bom desempenho e duelou contra algumas das suas inspirações. Sophia não esconde a admiração especial para a holandesa Jalou Langeree, tricampeã mundial e um dos ícones do kitesurf. O primeiro encontro com o ídolo aconteceu em uma etapa do Campeonato Mundial, nas Ilhas Maurício.

 

"Acho muito incrível ver uma mulher dentro d'água, porque às vezes as pessoas olham o kite ou o surfe como um esporte muito radical, uma presença muito forte de homens, principalmente o surfe. Quando a gente vai surfar, geralmente 90% das pessoas são homens dentro d'água"

 

A lista de referências da jovem kitesurfista também tem brasileira, inclusive nomes com os quais conviveu de forma mais próxima: Sophia Abreu acompanhou a trajetória vencedora de Milla Ferreira, entre treinos e torneios, e se tornou amiga de Marcela Witt.

"Eu assisti a trajetória da Mila como kitesurfista, porque ela morava do meu lado, conheço ela desde pequena e sempre foi uma inspiração no Brasil para ser a melhor kitesurfista que eu poderia ser. Então dividir uma bateria com ela foi uma honra. Eu perdi para ela, mas tudo bem, faz parte (risos). Foi incrível. Competi contra a Marcela também, que é uma das minhas outras inspirações, minha amiga. Competi no Mundial contra a Jalou Langeree, campeã mundial várias vezes, inspiração máxima no kite. Também perdi para ela, mas tudo bem (risos)", diz, com bom humor. 


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As brasileiras no kite

Além de Sophia, há outras revelações brasileiras no kitesurf que já despontam com destaque nacional e mundial. Luiza Crispim, Kesiane Rodrigues e as cearenses Mikaili Sol e Dioneia Vieira são alguns dos nomes que já brilham nas águas e geram expectativa de bons resultados para o país nos próximos anos.

O repórter viajou a convite do Hotel Rancho do Peixe

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