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Risco e oportunidade: você conhece quem te influencia nas redes sociais?
Reportagem Especial

Risco e oportunidade: você conhece quem te influencia nas redes sociais?

No cenário dinâmico e plural das redes sociais, é inegável a transformação no modo como as informações são criadas, consumidas e disseminadas. Antes anônimos, vários influenciadores digitais agora estão equipados com milhares e milhões de seguidores, redefinindo os padrões de "influência". Mas será que todas essas pessoas são realmente confiáveis para serem nossas referências?

Risco e oportunidade: você conhece quem te influencia nas redes sociais?

No cenário dinâmico e plural das redes sociais, é inegável a transformação no modo como as informações são criadas, consumidas e disseminadas. Antes anônimos, vários influenciadores digitais agora estão equipados com milhares e milhões de seguidores, redefinindo os padrões de "influência". Mas será que todas essas pessoas são realmente confiáveis para serem nossas referências?
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Uma transformação notável no cenário da comunicação foi percebida nos últimos anos. As informações, antes praticamente restritas aos grandes veículos de imprensa, agora são produzidas e disseminadas por indivíduos previamente anônimos que ganharam destaque no panorama digital moldado pela ascensão da internet e das redes sociais. Esses personagens, hoje munidos de milhares e até milhões de seguidores, emergiram como autênticas celebridades capazes de influenciar não apenas as esferas do entretenimento, mas também os padrões de vestimenta, estilo de vida, linguagem e pensamento.

No decorrer de 2023, no entanto, muitos desses influenciadores digitais começaram a ser questionados em relação aos seus conteúdos, frequentemente percebidos como veículos de publicidade dissimulada. Tópicos como apostas esportivas, promoção de jogos de azar e até mesmo suspeitas de envolvimento em atividades ilícitas começaram a cercar muitas dessas personalidades, gerando interrogações por parte de seguidores e críticos.

É interessante ressaltar, a propósito, que boa parte desses influenciadores é venerada por seus seguidores como ídolos, heróis, referências... Nesse contexto, surge uma oportunidade para uma reflexão mais ampla sobre quem são as nossas verdadeiras bibliografias na era digital, ambiente no qual cada indivíduo compartilha cuidadosamente seus conteúdos com intuito de criar empatia e proximidade com sua audiência. De modo geral, será que é possível conhecer de fato as pessoas que seguimos?

Em dezembro de 2023, pelo menos dois casos ganharam bastante repercussão no meio dos “digital influencers”, furando diferentes bolhas dentro e fora das redes sociais. Um deles foi o episódio envolvendo o influenciador Renato Cariani, considerado uma das maiores personalidades do cenário fisiculturista do Brasil. Acompanhado por mais de 7,5 milhões de seguidores no Instagram, Cariani passou a estampar manchetes de portais de notícias após sua empresa, a Anidrol Produtos para Laboratórios LTDA, ter sido alvo de investigações da Polícia Federal.

Na internet, Cariani se notabilizou por uma produção de conteúdos voltados ao mundo fitness, conseguindo ao longo dos anos um leque de atendimentos como personal trainer de nomes como Alok, Danilo Gentili, Felipe Franco, Lucas Lucco e Sérgio Sacani. Aos seus seguidores, o influenciador sugeria suplementos a exemplo de whey protein e creatina. Na surdina, porém, ele e sua empresa são acusados de participar de um esquema criminoso que vendia produtos químicos utilizados para a fabricação de crack e cocaína.

Renato Cariane é uma das principais referências do segmento fitness no Brasil. Em dezembro de 2022, porém, seu nome foi envolvido em um esquema de fabricação de drogas como crack e cocaína(Foto: Renato Cariane / YouTube)
Foto: Renato Cariane / YouTube Renato Cariane é uma das principais referências do segmento fitness no Brasil. Em dezembro de 2022, porém, seu nome foi envolvido em um esquema de fabricação de drogas como crack e cocaína

Essas informações são da PF que, em parceria com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) e com a Receita Federal, aponta em suas investigações que a Anidrol desviava solventes como acetato de etila, acetona, éter etílico, cloridrato de lidocaína, manitol e fenacetina para o tráfico de drogas. De acordo com a investigação, para maquiar as transações, Cariani e sua empresa emitiam notas fiscais falsas de supostas vendas para empresas farmacêuticas de renome no mercado: AstraZeneca, Cloroquímica, LBS Laborasa e Quimietest. Desde 2019, no entanto, essas marcas passaram a comunicar à Polícia Federal sobre esses indícios de fraude, uma vez que não reconheciam tais notas.

Com a repercussão do caso, Cariani publicou vídeos e concedeu entrevistas negando seu envolvimento no esquema. Ainda assim, em 18 de dezembro, ele foi indiciado por tráfico equiparado de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. Contratos de publicidades do influenciador com marcas também foram cancelados e agora o influenciador precisar lutar na Justiça para se defender das acusações, ao passo que tenta convencer seus fãs/seguidores de que é inocente.

Outro caso que ganhou relevância nas redes brasileiras foi o das fake news propagadas pelo perfil “Choquei”, no Instagram, envolvendo o humorista e influenciador digital Whindersson Nunes e a estudante Jéssica Vitória Canedo. Para seus mais de 20 milhões de seguidores, a Choquei compartilhou imagens de uma suposta conversa em que os jovens estariam flertando. Tais conversas, todavia, eram falsas e tanto Whindersson quanto Jéssica negaram a troca de mensagens.

Choquei e outras páginas de fofoca no Instagram estão envolvidas em uma polêmica de compartilhamento de fake news(Foto: YouTube)
Foto: YouTube Choquei e outras páginas de fofoca no Instagram estão envolvidas em uma polêmica de compartilhamento de fake news

Mesmo com isso, o efeito das publicações já estava dado: inúmeros seguidores rumaram ao perfil de Jéssica, com muitos deles acusando a estudante de estar interessada na fama do humorista. De até então anônima, Jéssica começou a ver seu nome relacionado ao maior influenciador do Brasil, ganhando nesta soma uma pressão inimaginada. Com histórico de depressão severa e tentativas de suicídio ao longo de 2023, Jéssica chegou a pedir para que parassem de ir até seu perfil para atacá-la. Alguns se comoveram com sua dor e outros não, como foi o caso do próprio administrador da Choquei, Raphael Sousa Oliveira.

Ao responder o relato da jovem, que contava estar sofrendo por causa da disseminação das notícias falsas envolvendo seu nome, Raphael foi irônico. “Avisa pra ela que a redação do Enem já passou. Pelo amor de Deus!”, exclamou. Dias depois, em 22 de dezembro, Jéssica Vitória tirou a própria vida.

Criada em 2014, a Choquei incialmente se especializou em notícias de entretenimento e fofocas de famosos, mas em 2022 começou a cobrir notícias do mundo real, como guerras, eleições e esportes. Um verdadeiro canhão de informações, seu engajamento supera a de grandes veículo de comunicação consolidados no País. Apesar disso, a página tentou afastar qualquer responsabilidade sobre seu conteúdo compartilhado e que levou à morte de Jéssica.

Jéssica Vitória Canedo publicou um desabafo no Instagram Stories após ser vítima de fake news. Após isso, o criador da Choquei, Raphael Sousa Oliveira, ironizou o relato(Foto: Instagram)
Foto: Instagram Jéssica Vitória Canedo publicou um desabafo no Instagram Stories após ser vítima de fake news. Após isso, o criador da Choquei, Raphael Sousa Oliveira, ironizou o relato

Com isso, diversas mobilizações dentro e fora das redes sociais começaram a colocar o perfil (e seu modus operandi) na alça de mira. Whindersson Nunes, por exemplo, gravou um vídeo na véspera de Natal comentando a situação e propondo a criação de uma lei para regulamentação nas redes. “Quero iniciar um movimento para ver se contribui para a gente criar uma lei chamada Jéssica Vitória, para aprimorar a legislação brasileira com esse ‘jornalismo não oficial’ que é muito perigoso. Tem gente que tem muito seguidor e diz que não é uma coisa oficial, mas é uma coisa que impacta de verdade milhares de pessoas", afirmou.

“Que essa lei traga uma sanção civil ou criminal para essa pessoa que poste uma conversa, mesmo que pública, sem ir atrás da veracidade dos fatos. Quem vai ser responsabilizado é quem está no topo da pirâmide e ganha dinheiro com isso”, continuou. Em paralelo, um boicote também começou a ser realizado contra a Choquei, que em menos de 15 dias perdeu mais de 1,5 milhão de seguidores. Nas postagens, vários seguidores também passaram a pedir para que o perfil fosse denunciado até que fosse bloqueado pelo próprio Instagram.

De modo geral, todo esse caso está sob investigação da Polícia Civil de Minas Gerais. Além da Choquei, páginas relacionadas à ela e que igualmente compartilharam as conversas falsas também podem responder pelo crime de difamação. É possível ainda que a Polícia encontre indícios de incitação ao suicídio.

Whindersson e Jéssica Vitoria tiveram seus nomes envolvidos em fake news compartilhadas por páginas de fofoca no Instagram(Foto: Instagram)
Foto: Instagram Whindersson e Jéssica Vitoria tiveram seus nomes envolvidos em fake news compartilhadas por páginas de fofoca no Instagram

 

Influenciador digital é profissão desejada por muitos

A profissão de influenciador digital emergiu nos últimos anos como umas das mais desejadas por crianças, adolescentes e jovens adultos no Brasil e no mundo. Conforme mostra uma pesquisa produzida pela Fundação Lego – braço social da empresa dinamarquesa de brinquedos –, essa aspiração se reflete de maneira marcante em crianças de 8 a 12 anos em países distintos.

Nos Estados Unidos e na Inglaterra, por exemplo, a profissão de vlogger desponta como a mais cobiçada por cerca de 30% das crianças entrevistadas. Mas engana-se quem pensa que essa profissão cativa apenas o público infantil. De acordo com um levantamento do grupo americano Morningstar, 54% do público de 13 a 38 anos também querem construir suas carreiras nesse meio.

Enquanto isso no Brasil, a empresa de publicidade e marketing digital Inflr aponta que 75% dos jovens no País almejam ser influenciadores. Como seus motivadores estão justificativas como "fazer diferença no mundo", entre os mais novos; e "horários flexíveis" e "ganhos financeiros", principalmente entre os mais velhos.

A profissão de influenciador digital é uma das mais desejadas por crianças, adolescentes e jovens-adultos(Foto: Vadym Drobot / Freepik)
Foto: Vadym Drobot / Freepik A profissão de influenciador digital é uma das mais desejadas por crianças, adolescentes e jovens-adultos

Apesar de conquistarem a admiração de muitos, os influencers, como também são conhecidos, encontram-se agora sob um olhar crítico de grande parte dos usuários das redes sociais. Ao longo de 2023, várias campanhas publicitárias lideradas por essas personalidades foram submetidas a escrutínio, tanto no âmbito legal quanto moral.

No Brasil, os jogos de azar e as apostas esportivas ganham um aumento significativo de sua popularidade nos últimos anos, contando com influenciadores como peças-chave em suas estratégias de divulgação. As promessas tentadoras de retornos financeiros vantajosos, entretanto, revelaram-se questionáveis, dando lugar a acusações de práticas enganosas.

Essas alegações apontam para um cenário em que as vantagens se voltam exclusivamente às plataformas e aos seus divulgadores, enquanto que os usuários acabam sendo prejudicados e se vendo desamparados. O POVO+ tratou sobre essas questões em abril, na reportagem Risco BET: apostas dominam redes sociais com apoio de influenciadores. Naquele momento, especialistas apontaram para possíveis fraudes nesse arriscado jogo de divulgação, cujas responsabilidades podem recair tanto sobre os serviços como sobre os próprios influencers.

Em 2015, o escritor e filósofo Umberto Eco formulou uma de suas mais emblemáticas frases. Durante a cerimônia em que recebeu o título de doutor honoris causa em Comunicação e Cultura pela Universidade de Turim, no norte da Itália, ele afirmou: "Normalmente, os imbecis eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel."

Umberto Eco é um duro crítico das novas tecnologias de informação(Foto: Creative Commons / Domínio público)
Foto: Creative Commons / Domínio público Umberto Eco é um duro crítico das novas tecnologias de informação

Severo crítico do papel das novas tecnologias no processo de disseminação de informações, Eco ainda disse que as redes sociais eram responsáveis por formar uma “legião de imbecis” que antes falavam apenas "em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade" – ao contrário do que estaria acontecendo agora.

A declaração do pensador italiano reverbera até hoje e é relembrada por estudiosos a exemplo da professora Cida de Sousa, do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutora em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ela acrescenta à essa reflexão um conceito grego, mas com tons críticos: os olimpianos modernos.

“Sinceramente, pensar sobre quem são as referências da contemporaneidade é assustador. Se antes preocupavam-me os olimpianos modernos, hoje me causa pavor a legião de influenciadores imbecis que povoa a internet e afeta pessoas desde a infância até seu pseudo-amadurecimento”, menciona.

A professora destaca seu apreço pela internet e pelas redes sociais, vendo-as como aliadas importantes para a democratização da Comunicação. Ela ressalta, no entanto, o perigo quando falta pensamento crítico e sensatez entre aqueles que buscam informação ou exemplos. Ela observa que a internet permite uma visibilidade diversa, permitindo que cada pessoa escolha suas referências de acordo com seus interesses, mas alerta para a falta de discernimento em um país que ainda precisa avançar na educação.

Cida de Sousa, doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ e professora do Curso de Jornalismo da UFC(Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Cida de Sousa, doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ e professora do Curso de Jornalismo da UFC

“Somos um País que ainda precisa avançar muito em investimentos na educação. Então não é estranho que um defensor de armas de fogo ganhe mais seguidores que um sociólogo que defende o desarmamento; não é estranho que um compositor apaixonado por uma caneta azul tenha muito mais seguidores que uma cientista brasileira com destaque internacional; ou alguém que mostre um corpão sarado tenha mais seguidores que uma professora com um livro na mão e palavras críticas na sua fala. Essa lógica assusta aos que usam sua capacidade de pensar", comenta.

Cida destaca também a complexidade das influências digitais e ressalta que nossos influenciadores e referências são moldados pelas expectativas individuais, “que podem ser boas e podem ser terríveis”, dependendo do contexto e da sensibilidade crítica de quem as busca. 

 

Além das aparências: como construir inspirações autênticas

No universo dinâmico e plural das redes sociais, a busca por referências e inspirações assume um papel crucial, moldando perspectivas e influenciando escolhas de muitos dos usuários. Nesse cenário, a analista de gestão de qualidade e mentora de oratória, Roberta Schneider Cecyn, compartilha suas reflexões. Desde suas experiências na adolescência, Roberta explora as complexidades da busca por inspirações autênticas, questionando a superficialidade das representações na internet e destacando a importância das conexões pessoais.

"Durante a minha adolescência, era comum que todos tivessem ídolos, cantores, artistas de TV. Eu sempre tive dificuldade com isso. Tentei ser fã de Taylor Swift, por exemplo, mas não conseguia ter o mesmo sentimento que minhas amigas tinham, o que me deixava frustrada", revela Roberta, que também é presidente do Rotaract Clubs de Santos.

Ao amadurecer, porém, sua procura por inspirações mudou. "Ao invés de buscar inspirações em artistas, senti a necessidade de referências no mundo dos negócios, por conta da pressão social. Queria conhecer grandes empresários, pessoas bem-sucedidas para me espelhar", explica, informando por outro lado que essa jornada também se revelou desafiadora.

Roberta Schneider Cecyn, presidente do Rotaract Club de Santos e fundadora do projeto Notáveis Mulheres(Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Roberta Schneider Cecyn, presidente do Rotaract Club de Santos e fundadora do projeto Notáveis Mulheres

Foi então que Roberta percebeu a importância de conhecer as histórias reais das pessoas para então estabelecer suas referências. "Eu não conhecia a história dessas pessoas, e isso fazia toda a diferença. A gente vê um recorte tão pequeno nas redes sociais, é muito pouco sensível", enfatiza, destacando a necessidade de entender as dores, os medos e as vulnerabilidades das pessoas para se inspirar verdadeiramente.

Com isso, ela lembra da idealização do “Notáveis Mulheres”, projeto que visa a preencher uma lacuna de referências femininas. Com atuação na Baixada Santista, no litoral de São Paulo, a proposta é reconhecer e capacitar meninas e mulheres por meio do empreendedorismo. "Queríamos mostrar que existem mulheres em várias áreas na nossa região", diz, ressaltando a importância de contar histórias verdadeiras para inspirar outras mulheres.

"Não estamos em falta de referências, estamos em uma época em que é possível ter inspirações diversificadas. Somos todos diferentes, e todo mundo se inspirar nas mesmas pessoas não faz sentido", declara, evidenciando a importância de ajustar a forma como as pessoas buscam inspiração, utilizando ferramentas disponíveis ao seu favor.

Roberta também enfatiza a necessidade de evitar decepções nas redes sociais. Ela admite a existência de pessoas mal-intencionadas na web, mas sinaliza que também há “pessoas boas”. Para chegar até elas, Roberta orienta que os usuários das redes sociais filtrem o conteúdo que consomem, focando em pessoas que de fato são inspiradoras socialmente. "Conectar-se e criar algo com alguém que você admira potencializa o que você tem dentro de si”, informa, apontando ainda que isso pode ajudar as pessoas a criarem conexões reais mesmo por meio do ambiente virtual. 

 

Os desafios em unir responsabilidade ao entretenimento

Além de pensarem exatamente em cada conteúdo compartilhado em suas redes, os influenciadores precisam analisar ainda no impacto daquilo que produzem. Não é só fazer publicidades e ganhar dinheiro. A própria reputação e credibilidade criada ao longo do tempo carecem de um cuidado especial na hora de fechar uma parceria ou de emitir alguma opinião. Pelo menos é o que afirmam influencers ouvidos pelo O POVO+.

Beto Oliver é humorista e produz conteúdo sobre futebol brasileiro e internacional no Instagram e TikTok(Foto: Arcevo pessoal)
Foto: Arcevo pessoal Beto Oliver é humorista e produz conteúdo sobre futebol brasileiro e internacional no Instagram e TikTok

Com uma audiência robusta de 356 mil seguidores no Instagram e 24,5 milhões de curtidas no TikTok, Beto Oliver é focado em um conteúdo que une o humor ao futebol. Natural de São José dos Campos, em São Paulo, ele afirma que seu objetivo é “simples”. “É entretenimento. É leve, rápido e serve exclusivamente para entreter, o que, na minha visão, diminui um pouco a responsabilidade", comenta.

Por outro lado, ele reconhece que não pode fazer piada com tudo e com todos, uma vez que o impacto de suas opiniões e estilo de vida sobre seus seguidores é real. "Estou começando a pensar em como minhas brincadeiras podem impactar. Mesmo sendo uma piada, eu procuro entender como isso pode afetar o outro lado. Por isso procuro falar sobre os times de forma generalizada, sem personificar a zueira, para evitar ofensas diretas aos atletas. É uma maneira de brincar sem atingir a honra de ninguém”, continua.

Nos últimos anos, um verdadeiro boom de casas de apostas tomou conta do cenário esportivo brasileiro. Diante disso, pessoas de influencia nesse segmento passaram a ser cooptadas para fazer suas publicidades e divulgações. Entre elas está Beto Oliver que afirma desconhecer algum “problema” nessas parcerias. “Mas para jogos de azar já recusei muitas ofertas. Não vou divulgar algo que não confio, algo que questiono a veracidade", declara, enfatizando a coesão entre suas escolhas e seus princípios éticos.

 

 

Quem também busca manter suas convicções no momento em que vai firmar uma parceria é a cearense Rayanne Mendonça. Com foco em moda, estilo de vida fitness e beleza, ela compartilha aos seus mais de 73 mil seguidores no Instagram “dicas de produtos e lazer a um precinho que cabe no bolso”. “A nossa reputação, principalmente como pequeno influenciador, é a coisa mais importante. Só assim nossos seguidores levam a sério nosso trabalho e acreditam na gente”, evidencia.

Ray Mendonça compartilha dicas no Instagram sobre moda, estilo de vida e beleza(Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Ray Mendonça compartilha dicas no Instagram sobre moda, estilo de vida e beleza

Justamente por isso, a partir do momento em que ela divulgasse algum produto minimamente duvidoso à sua audiência estaria colocando em xeque toda sua trajetória. “Meus seguidores me conhecem o suficiente para saber quando algo não está de acordo com o que eu consumo. Se eu não consumo consequentemente eu não indico, esse é o meu lema”, declara, dizendo que muitas vezes só dá conta do seu impacto a partir de conversas com os próprios seguidores.

“Às vezes perdemos um pouco a noção da nossa importância e alcance”, reflete, lembrando que justamente por isso é sempre preciso lembrar de uma relação honesta com aqueles que a acompanham. “Escolho minhas parcerias comerciais a partir do meu modo de consumo e custo benefício. Se o produto for de qualidade, com bom preço e faz parte do meu dia a dia, então ele tem tudo para ser um sucesso com meus seguidores. A melhor publi é aquela que se faz presente na nossa vida real”, enfatiza.

Quando questionados sobre os desafios atuais desta profissão, os influenciadores ouvidos pelo OP+ são unânimes: é preciso evoluir. “Não há uma regularização sobre o que pode ser dito ou não, indicado ou não, então muita gente age movido a dinheiro. Somos um País com baixa escolaridade e isso é um prato cheio para charlatões. Eu acho que podemos superar criando uma relação mais próxima com os seguidores e sendo honestos à nossa identidade indicando apenas produtos que usaríamos e aprovamos”, assegura Ray Mendonça.

Já Beto Oliver confirma que é preciso aprender com os erros – mesmo de outros influenciadores – para evoluir ao longo do tempo. “Os erros vão acontecer, mas é possível aprender com eles e evitar cair em tentações que comprometam a confiança do público. É preciso lembrar que os seguidores não são apenas números, são pessoas com sentimentos, problemas diários e em busca por diversão e risadas”, certifica.

 

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