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Biden toma posse como 46º presidente dos EUA e pede união ao país
Reportagem Seriada

Biden toma posse como 46º presidente dos EUA e pede união ao país

Cerimônia ocorreu tranquilamente, apesar do formato atípico e com restrições impostas pela pandemia e por questões de segurança; Trump não compareceu a posse, mas seu vice, Mike Pence, esteve no evento
Episódio 7

Biden toma posse como 46º presidente dos EUA e pede união ao país

Cerimônia ocorreu tranquilamente, apesar do formato atípico e com restrições impostas pela pandemia e por questões de segurança; Trump não compareceu a posse, mas seu vice, Mike Pence, esteve no evento
Episódio 7
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Joe Biden, de 78 anos, tomou posse nesta quarta-feira à tarde, tornando-se o 46º presidente dos Estados Unidos e a pessoa mais velha a assumir o cargo. O democrata sucede o republicano Donald Trump em cerimônia atípica, recheada de restrições em decorrência da pandemia de Covid-19 e pela ameaça de novos ataques de extremistas ao Capitólio, como os ocorridos no último dia 6. Em suas primeiras palavras como presidente, o novo presidente dos EUA pediu ''união".

“Falar de unidade pode soar, para alguns, como uma fantasia tola nos dias de hoje (...) Sei que as forças que nos dividem são profundas e também sei que não são novas. Aprendemos novamente que a democracia é preciosa. E agora, meus amigos, a democracia prevaleceu”, disse Biden, após prestar o juramento de posse, único rito obrigatório previsto na Constituição.

Apesar da apreensão e expectativa, o esquema de segurança inibiu qualquer ação violenta e garantiu o decorrer natural da cerimônia. Em seu discurso de posse o presidente protagonizou uma prece pelas vítimas da pandemia Covid-19. “No meu primeiro ato como presidente, gostaria que vocês se juntassem a mim em um minuto de silêncio em homenagem às mais de 400 mil vítimas que morreram na pandemia”, continuou. Biden é apenas o segundo presidente católico da história do país. Antes dele, só o também democrata John Kennedy. 

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, também realizou juramento, no qual prometeu apoiar e proteger a Constituição contra todos os inimigos estrangeiros e domésticos. Kamala será a primeira mulher, primeira negra e primeira pessoa de ascendência asiática a assumir o segundo cargo mais importante do Executivo norte-americano. No Twitter ela disse estar "pronta para servir".

Donald Trump recusou-se a comparecer à cerimônia de posse do novo gestor dos EUA. Mesmo assim, membros do alto escalão das quatro administrações mais recentes dos EUA estiveram presentes. Os ex-presidentes Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama e o vice de Trump, Mike Pence, estiveram no palco ao lado de Biden e Harris. Além de Trump, ex-presidente Jimmy Carter, de 96 anos, foi o único dos gestores ainda vivos que não compareceu devido a limitações de saúde.

Após a posse, Biden fez postagem no Twitter pela primeira vez com a conta @POTUS, que pertence à Presidência dos Estados Unidos e antes era administrada por Trump. "Não há tempo a perder quando se trata de enfrentar as crises que enfrentamos. É por isso que hoje estou indo para o Salão Oval para começar a trabalhar, entregando ações ousadas e alívio imediato às famílias americanas", disse.

O presidente também cumpriu cerimônias tradicionais de posse como a revisão de tropas, onde assumiu oficialmente o comando das Forças Armadas, assinou a proclamação do Dia da Posse e fez nomeações para cargos do gabinete do sub-gabinete dele. Visitou ainda o Túmulo do Soldado Desconhecido, monumento que homenageia os mortos de guerra no Cemitério Nacional de Arlington, onde depositou uma coroa de flores ao lado dos ex-presidentes presentes na posse. 

Desde o primeiro dia de gestão, Biden promoverá revitalização das relações multilaterais com aliados históricos e questões vinculadas à pauta ambiental. Os pilares da política externa proposta por Joe Biden mostram que os Estados Unidos devem voltar a desempenhar, no contexto internacional, o papel que tinham antes da chegada de Donald Trump à Casa Branca.

O presidente assinou uma série de ordens executivas nesse sentido, como a derrubada do veto imigratório de países de maioria muçulmana, herança da gestão Trump, e a reintrodução dos EUA no Acordo climático de Paris. Garante ainda a obrigatoriedade do uso de máscara em instalações federais e viagens interestaduais. Desde que apresentou os nomes do seu gabinete, marcado pela diversidade, Biden sinalizou que a equipe terá a missão de unificar o país e o mundo para enfrentar os desafios.

Donald Trump fala aos apoiadores na Joint Base Andrews antes de embarcar no Força Aérea Um pela última vez como presidente
Foto: Pete Marovich - Pool/Getty Images/AFP
Donald Trump fala aos apoiadores na Joint Base Andrews antes de embarcar no Força Aérea Um pela última vez como presidente

Donald Trump é o primeiro presidente dos EUA
em 150 anos a faltar posse do sucessor

O agora ex-presidente dos EUA, Donald Trump, não compareceu à cerimônia de posse do seu sucessor, Joe Biden, na tarde da última quarta-feira, 20, na Capital do país, Washington. Com isso, o republicano tornou-se o primeiro presidente dos EUA a não ir a posse em 151 anos. Antes dele, John Adams (1801), John Quincy Adams (1829) e Andrew Johnson (1869) fizeram o mesmo. Todos no século XIX.

A ausência de Trump acentua seu comportamento durante os quatro anos no poder. O ex-presidente quebrou mais uma regra não escrita e partiu para a Flórida horas antes da posse do rival nas eleições de 2020. Antes de entrar no avião ele discursou uma última vez como chefe do Executivo do país, na Base Aérea Andrews. "Nós voltaremos de alguma forma", declarou o republicano a apoiadores. Ao lado da esposa, Melania, desejou "sorte e sucesso" ao novo governo, mas seguiu sem reconhecer publicamente a derrota eleitoral.

Trump também reforçou medidas tomadas por ele como o corte de impostos corporativos realizado em 2017. "Espero que não aumentem seus impostos", provocou. E disse que o que sua administração, que perdeu a reeleição, fez foi "incrível". "Não fomos um governo comum", afirmou. Ele também ressaltou o começo da vacinação contra a Covid-19, ainda na sua gestão, e se vangloriou por isso.

Trump deixa o cargo com a menor aprovação de sua presidência (34% de aprovação), segundo o instituto de pesquisas Gallup, sobretudo pela condução da pandemia e pelo recente ataque ao Capitólio dos Estados Unidos por extremistas que apoiam o bilionário que virou presidente. Apesar disso, pesquisas recentes de institutos americanos mostram que mais de 30% do eleitorado acredita na narrativa infundada implementada por ele de que houve "fraude eleitoral".

No tradicional indulto de despedida, Trump perdoou ao todo 73 pessoas. Ao contrário do especulado, nem ele, nem familiares estavam entre os beneficiados com o "perdão oficial" de crimes federais. Entre os contemplados estavam o ex-aliado Steve Bannon, conspiracionista criador do site de extrema direita Breitbart. Próximo ao clã Bolsonaro, ele é acusado de ter desviado milhões de fundo para construção de muro entre os EUA e o México, promessa não cumprida pelo agora ex-presidente. Os extremistas que invadiram o Capitólia também ficaram de fora do indulto. O rapper Lil Wayne, o empresário Sholam Weiss e o ex-deputado Rick Renzi também foram perdoados.

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