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Ceará tem seis candidaturas com nome social nas eleições deste ano
Reportagem Seriada

Ceará tem seis candidaturas com nome social nas eleições deste ano

Veja quem são as candidaturas que concorrem com nome social no Estado
Episódio 2

Ceará tem seis candidaturas com nome social nas eleições deste ano

Veja quem são as candidaturas que concorrem com nome social no Estado
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Seis candidaturas de transexuais e travestis no Ceará concorrem com nome social nas eleições deste ano. Essa é a primeira eleição municipal onde candidatos e candidatas transgênero podem utilizar o nome social para cargos de vereador e prefeito. Das seis candidaturas, uma concorre a vereadora na Capital.

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Esta é primeira eleição municipal depois da resolução nº 23.609/2019 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que autoriza pessoas trans a usarem nome social no título de eleitor e nas candidaturas, inclusive na urna eletrônica. Nas eleições estaduais e nacionais de 2018, decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já havia permitido que candidaturas transgênero aparecessem na urna eletrônica com nome social. Naquele ano, 29 candidaturas se registraram com nome social no Brasil e 15 ficaram como suplentes de deputado federal ou deputado estadual.

A resolução 23.609/2019 determina que, no formulário do Requerimento de Registro de Candidatura (RRC), exista, entre outras informações pessoais, o nome social que o candidato ou a candidata utiliza. Nem todas as pessoas trans usam o nome social. Algumas realizam a retificação (mudança legal do gênero na Justiça) e aquele passa a ser o nome de registro.

As seis candidatas que usam nome social no Ceará se identificam pelo gênero feminino. Além de Fortaleza, há candidatas nos municípios de Reriutaba, Redenção, Juazeiro do Norte, Nova Russas e Ubajara. Os perfis variam com idades entre 27 e 43 anos. Elas concorrem por seis partidos, distintos que vão do PSL ao PCdoB. Quanto ao nível de escolaridade, três candidatas possuem o ensino médio completo, uma possui o ensino fundamental completo, uma declarou saber ler e escrever e uma possui ensino superior incompleto.

Segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra), existem 281 candidaturas de pessoas trans no Brasil, sendo 27 candidaturas coletivas e duas para prefeitura e uma para vice-prefeitura. Destas, 255 travestis e mulheres trans, 16 homens trans e 10 candidaturas com outras identidades trans.

Em 2018 o Ceará contou com apenas uma candidatura com nome social, que foi aplicada para o cargo de Deputada Federal pelo PCdoB representada por Silvinha. O número de eleitores com nome social também aumentou em relação às eleições de 2018. No Brasil o número subiu de 7.645 para 9.985. O eleitorado cearense também refletiu esse aumento, passando de 461 para 610 neste ano.

Neta (PCdoB) é única candidata que concorre com nome social em Fortaleza(Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Neta (PCdoB) é única candidata que concorre com nome social em Fortaleza

Neta (PCdoB) é a única candidata com nome social concorrendo ao cargo de vereadora na capital. Essa é a primeira vez que a educadora social concorre ao pleito. Quando questionada sobre os motivos que levaram ela a se candidatar, esclarece trazendo problemáticas. "O Brasil é o país que mais mata mulheres trans no mundo. A cada 17 horas uma mulher trans é morta, a cada 30 minutos um jovem ou uma jovem negra é morta aqui no Brasil e a cada 7 horas uma mulher cis é morta. Sou mulher negra e trans, segundo as estatísticas, eu posso morrer daqui a 30 minutos como daqui a 7 horas como daqui a 17 horas. Eu me vi sendo a próxima morta e me vi também partindo sem ter feito nada pra mudar essa realidade", pontua.

Aos 27 anos, Neta é a mais jovem entre as candidatas e também é a única a cursar ensino superior. Ela contou que no ano passado foi convidada pelo partido a ser uma possível candidata. Convite esse que se oficializou na convenção do PCdoB deste ano. "Eu sou a única pessoa trans, preta e periférica concorrendo a um espaço de poder (na Capital) que tem na sua maioria homens brancos. Você entra na Câmara dos Vereadores e só tem pessoas brancas, tem uma mulher aqui e acolá, também brancas", descreve.

Luanna Lara (PSL), candidata em Ubajara(Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Luanna Lara (PSL), candidata em Ubajara

Um perfil que chama atenção entre as candidaturas é a da revendedora de produtos de beleza, Luanna Lara, de 34 anos, candidata a vereadora em Ubajara pelo PSL, partido conservador, pelo qual se elegeu o presidente Jair Bolsonaro. Assim como Neta, é a primeira vez que concorre a um cargo político. A autônoma de 34 anos afirma que pretende, como parlamentar, ir além do grupo social ao qual pertence. “Eu vi uma necessidade muito grande de ter uma pessoa da minha comunidade representando meu povo, uma pessoa a que não represente e não levante uma única bandeira, pois quem governa governa para todos e quem representa representa todos independente de cor, raça, credo, religião ou opção sexual”, segundo descreveu.

Quando questionada sobre a escolha pelo PSL, ela revelou que, antes de se filiar ao partido, pesquisou sobre as pautas das outras legendas e viu no ex-partido de Bolsonaro o perfil de propostas que se encaixavam "100%" com seus princípios. "Sou conservadora e de família com princípios, ética e moral, pois graças a Deus fui criada em uma família na qual nunca sofri nenhum tipo de preconceito, ou seja, um ambiente saudável onde fui muito bem educada e instruída em uma base bem sólida e sou muito grata por isso."

Luanna também contou que foi bem recebida pelos representantes do partido tanto em âmbito nacional quanto no âmbito local. Ela considera que a candidatura está sendo um marco em Ubajara. "Todos conhecem a minha trajetória. Sou uma pessoa que vem de família humilde, mas fui conquistando meu espaço, respeito, admiração e carinho. Você não sabe o quanto sou popular aqui na minha cidade e o que é melhor: tudo por mérito meu", disse com orgulho.

Edyvas Gomes (PSDB), candidata em Redenção(Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Edyvas Gomes (PSDB), candidata em Redenção

A locutora Edyvas Gomes de 41 anos também é uma das seis candidatas trans no Ceará, concorrendo ao pleito em Redenção, mas pelo PSDB. Assim como as outras entrevistadas, é a primeira vez que ela concorre nas eleições. "Decidi me candidatar a vereadora pelo meu município pois já vinha na militância tentando eleger pessoas que eu acreditava que iriam dar visibilidade à nossa bandeira LGBT e nada disso aconteceu", explicou. Quando questionada sobre a recepção dos representantes do partido a sua candidatura ela revelou que a pergunta era recorrente. "A escolha pelo partido eu tenho dito assim: se eu pudesse me candidatar sem partido eu iria. Não defendo bandeiras de partidos, apesar das questões ideológicas. O partido que eu tô agora é de direita, mas me acolheu muito bem e a equipe me trata com respeito", explica.

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O que é nome social: nome pelo qual pessoas transexuais, travestis ou outros preferem ser chamadas no dia a dia, ao invés de seu nome registrado em cartório, que não reflete a sua identidade de gênero.

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