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Conheça a estrutura tecnológica do Ceará para atender e atrair o mercado gamer
Reportagem Seriada

Conheça a estrutura tecnológica do Ceará para atender e atrair o mercado gamer

O Ceará conta hoje com uma rede gigante de conexões que leva internet aos locais mais remotos do Interior, abrindo assim portas para novos mercados, inclusive o dos games. Apesar do segmento continuar concentrado no Sudeste, cearenses têm demostrado força e capacidade para se destacar nacionalmente
Episódio 3

Conheça a estrutura tecnológica do Ceará para atender e atrair o mercado gamer

O Ceará conta hoje com uma rede gigante de conexões que leva internet aos locais mais remotos do Interior, abrindo assim portas para novos mercados, inclusive o dos games. Apesar do segmento continuar concentrado no Sudeste, cearenses têm demostrado força e capacidade para se destacar nacionalmente
Episódio 3
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Se antigamente o uso da internet era algo quase exclusivo e limitado a Fortaleza, Região Metropolitana e algumas grandes cidades, hoje até o interior mais remoto já conta com suas redes. Potência em ascensão no universo dos jogos eletrônicos, o Ceará também se coloca no radar mundial a partir de sua localização geográfica privilegiada, responsável pela rota de conexão entre o Brasil e diferentes países da África, América e Europa. Pelo território cearense, uma verdadeira rede tecnológica tem sido estendida com a intenção de projetar um mercado forte para empresas locais e atraente para investidores externos.

Com atletas brilhando e espalhados pelo mundo, o Estado está prestes a contar com importantes eventos esportivos compondo um calendário animado por competições locais. Tudo isso, graças aos esforços de diversas iniciativas públicas e privadas que estão se somando com o intuito de criar alternativas para atender a esse público no Estado (você pode saber mais detalhes dessas histórias clicando aqui). Ao mesmo tempo, o Poder Público tem desenvolvido uma base tecnológica que permite projetar o território cearense como uma referência nacional para o cenário gamer.

Mas antes de falar sobre os jogos eletrônicos, é necessário entender o desenvolvimento de uma série de políticas públicas capazes de levar internet para todas as cidades do Estado. Exemplo disso é o Cinturão Digital do Ceará (CDC), que atualmente interliga mais de 7 mil quilômetros de rede de fibra óptica sobre 130 municípios. Lançado em 3 de novembro de 2010, o programa tem fixado uma estrutura que viabiliza o acesso a redes banda larga de qualidade tanto para órgãos públicos como para a população de modo geral.

 

Compreenda a evolução do Cinturão Digital do Ceará

 

Responsável pela execução do CDC, a Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice) contabiliza hoje mais de três milhões de usuários beneficiados e impactados pelo programa. Conforme explica o diretor de operações da Etice, Osman Lima, os frutos colhidos vão da segurança pública à saúde, da educação ao entretenimento. “Eu arrisco dizer que no mundo não existe uma estrutura de fibra óptica própria governamental com a potência que o Cinturão Digital tem, com tamanha capilaridade e tamanho”, afirma.

Segundo Osman, a criação deste programa ajudou a popularizar o uso das redes por todo o Ceará e, “na prática, democratizou o acesso com uma banda larga de qualidade”. Com uma conexão de rede mais veloz, portanto, o Estado se abre para os mais diversos mercados, inclusive os dos games. “Nada impede que em Fortaleza você instale um data center que crie situações mais favoráveis para os jogadores que estão no Ceará”, exemplifica.

“O Estado hoje entende que essa condição de acesso para a população pode ser melhorada e isso, aliado à condição de uma infraestrutura disponível, pode trazer ainda mais retornos para a população”, complementa.

 

Para melhor entendimento…

 

 

Apesar da infraestrutura, mercado ainda se concentra no Sudeste

Coordenador do curso de Jogos Digitais da Unifametro, Kleber Carrhá explica que a pandemia de Covid-19 também ajudou a acelerar significativamente a transformação digital não só no Ceará, como no Brasil e no mundo. Com isso, o aumento da demanda por serviços online exigiu um aumento da infraestrutura de internet, assim como sua expansão, sem contar a expectativa pelo desenvolvimento do 5G, o qual deve “impulsionar ainda mais” o crescimento das redes no País nos próximos anos.

Diante disso, a indústria de jogos digitais aparece como uma das áreas de maior crescimento no setor de tecnologia, o que abre muitas oportunidades de emprego em todo o Brasil. “O mercado de jogos digitais é altamente competitivo, mas também é uma área empolgante e em constante evolução, com potencial para crescimento e desenvolvimento de carreiras a longo prazo”, afirma Carrhá.

Mas apesar das possibilidades tamanhas e dos atrativos buscados pelos governos cearenses, a maioria das empresas do setor continua concentrada no eixo Sul-Sudeste do Brasil. Conforme mostra a Pesquisa da Indústria Brasileira de Games, divulgada pela Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Games (Abragames), em 2022 o Brasil contava com 762 empresas de desenvolvimento de jogos, das quais 433 estavam no Sudeste e outras 159 no Sul.

Já o Nordeste aparece com somente 14,04% dessa fatia, com 107 desenvolvedoras, sendo que apenas 19 estavam no Ceará. “E dessas 19, nem todas são formais”, aponta o também professor da Unifametro e presidente da União Cearense de Gamers (Uceg), Izequiel Norões.

 

Distribuição das desenvolvedoras de jogos brasileiras por estado e região

 

Segundo ele, os profissionais que atuam hoje com o desenvolvimento de jogos no Estado estão entre os que mais usufruem da infraestrutura de internet cearense, principalmente aqueles iniciantes que estão se lançando no mercado. Estes, porém, acabam se deparando com uma dura realidade a ser enfrentada, pois precisam sobretudo exercer a atividade que Izequiel brinca chamando de “Anapropégua” – um jogo de palavras para “analista”, “programador” e “fi duma égua”.

“Eles fazem tudo. Desenvolvem o jogo, modelam os personagens, fazem a estrutura, a arte do jogo, o conceito de design, toda a história e ainda têm que vender. O pequeno desenvolvedor vive e encara essa realidade”, compartilha.

 

 

Estúdio de games busca se tornar uma multinacional estando no Ceará

Mesmo em meio a um cenário que se mostra desafiador para o crescimento dentro do mercado gamer, existem aqueles cearenses que conseguem se sobressair e buscar alternativas para se destacar. Vinicius Lima é um deles. Hoje aos 27 anos, ele é um dos sócios e fundadores da Studio 85, uma das maiores empresas do Ceará quando o assunto é o desenvolvimento de jogos eletrônicos.

Tendo crescido no Bom Jardim, uma das periferias mais conhecidas de Fortaleza, Vini contou com a sorte de ter um computador em casa mesmo quando isso era uma raridade em muitos lares brasileiros, no início dos anos 2000. “Meu pai tinha uma política muito rígida. Para poder jogar qualquer coisa, eu tinha que digitar duas páginas de um livro”, recorda ele, que diz ter se tornado “mestre em digitação” porque gostava muito de jogar.

O gosto pelos games, a propósito, tem lhe acompanhado por toda a vida, tanto é que ele escolheu trabalhar justamente com isso. Optou pelo curso tecnólogo em Jogos Digitais, no Centro Universitário Estácio, e logo entendeu a dinâmica que este mercado apresentava, com a falta de emprego e empresas locais, somada a uma alta concorrência nas vagas que surgiam em estados do Sul e do Sudeste. Foi então que Vinícius se juntou a seis amigos para fundar a Studio 85, em 2018.

Vinicius Lima

Vinicius Lima é um dos sócios e fundadores da Studio 85, empresa de games de destaque em Fortaleza

Nesses cinco anos de atuação, a empresa já conta com participações em eventos locais, nacionais e internacionais, obtendo inclusive premiações e reconhecimentos pelo seu trabalho desenvolvido. O que seria “tendência natural” para fazer com que Vini e amigos batessem suas asas rumo a locais donos de mercados maiores e mais desenvolvidos, a Studio 85 tem trabalhado com duas razões motivadoras.

Alguns sócios da Studio 85. Da esquerda para direita: Ismael Maciel, Carlos Emanuel, Vinícius Lima, Rayanne Reveg, Isabele Carvalho e Daniel Cavaliere.

A primeira é a perspectiva de se tornar uma multinacional mesmo estando no Ceará. “O nosso grande desejo é ganhar reconhecimento com os jogos que estamos produzindo e fazer com que esse reconhecimento, de alguma forma, venha para o nosso Estado”, projeta Vinicius, mencionando que o segundo impulso é ainda mais nobre.

“Queremos ser os professores que a gente não tinha quando começou. O nosso desejo é tanto instruir como dar oportunidades. Isso é o que move a gente”, completa.

Além de manter um programa de estágio para trabalhar na própria Studio 85, Vinicius conta que ajuda a conectar estudantes a outras empresas já estabelecidas no mercado. Ele também atua na formação de jovens por meio de aulas em um curso extensivo de jogos digitais, no Centro Cultural do Bom Jardim (CCBJ). Mas esta história será contada apenas no próximo episódio desta série.

 

Conheça dois jogos desenvolvidos pela Studio 85

 

Farm Break

Ajude Piggo a pintar tudo! Mova-se de parede em parede e pinte todos os cantos e recantos do labirinto para avançar para o próximo. Mas tenha cuidado! Alguns não são tão seguros quanto parecem...

 

Yablue e Nakared

Assuma o papel de Yablue e Nakared, dois ninjas que vão se infiltrar em um templo cheio de mistérios e protegido por espíritos, para procurar um poderoso pergaminho. Esta é uma aventura de pixelart e um jogo de plataforma de quebra-cabeça que está em desenvolvimento.

 

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