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Cenário dos esportes eletrônicos desponta e cresce no Ceará
Reportagem Seriada

Cenário dos esportes eletrônicos desponta e cresce no Ceará

Realidade na vida de muitos cearenses, o cenário competitivo dos jogos eletrônicos passou a ganhar atenção do Poder Público nos últimos anos. Reconhecido como esporte, o segmento tem perspectivas positivas de desenvolvimento no Ceará, onde jovens têm alcançado a conquista de inúmeras vitórias, muitas das quais não se podem colocar em prateleiras
Episódio 2

Cenário dos esportes eletrônicos desponta e cresce no Ceará

Realidade na vida de muitos cearenses, o cenário competitivo dos jogos eletrônicos passou a ganhar atenção do Poder Público nos últimos anos. Reconhecido como esporte, o segmento tem perspectivas positivas de desenvolvimento no Ceará, onde jovens têm alcançado a conquista de inúmeras vitórias, muitas das quais não se podem colocar em prateleiras
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Maranguape parou no primeiro fim de semana de março de 2023 para proporcionar uma competição efervescente e de muita rivalidade em um shopping. Com um cenário composto principalmente por crianças e adolescentes, a ocasião gerou surpresa nos desavisados que passavam pelo local, os quais lançavam olhares curiosos sobre aquela movimentação juvenil. Rodeado de telas, o evento reuniu milhares de pessoas preparadas para acompanhar disputas de esportes eletrônicos, evidenciando a força do segmento no Ceará, lugar onde jovens têm usado os games como trampolim para alcançar seus sonhos.

Nos últimos anos, o público gamer tem se notabilizado bastante ativo em todo o território cearense, com jovens obtendo destaque tanto em Fortaleza e Região Metropolitana como no Interior. Sendo reflexo de todo um trabalho realizado por profissionais nas mais diversas frentes, o setor passou a mostrar resultados e a exportar talentos para o Brasil e para diferentes países do mundo, demonstrando assim a necessidade de uma maior atenção e valorização da sociedade sobre ele.

Maranguape Fest Games reuniu torneios de diferentes jogos dos esportes eletrônicos da atualidade(Foto: Samuel Setubal/Especial para O POVO)
Foto: Samuel Setubal/Especial para O POVO Maranguape Fest Games reuniu torneios de diferentes jogos dos esportes eletrônicos da atualidade

Na competição narrada no começo deste texto, cerca de três mil pessoas participaram como atletas ou espectadores. Organizada pela Prefeitura de Maranguape, a iniciativa teve como intuito atender a demanda desse público tão volumoso. “Assim como a gente faz campeonato de futebol, futsal e de outras atividades de lazer e entretenimento, nada mais justo do que fazer um evento sobre uma atividade que gera tanto interesse da juventude. Assim a gente pensou no Maranguape Fest Games”, afirma o prefeito Átila Câmara (Solidariedade).

Ana Moser assumiu o Ministério da Esporte em janeiro de 2023(Foto: Júlio Dutra - MDS)
Foto: Júlio Dutra - MDS Ana Moser assumiu o Ministério da Esporte em janeiro de 2023

Primeiro do tipo na cidade, o evento ofertou torneios de diversos títulos de jogos que compõem o ambiente do chamado “esportes eletrônicos”. Essa nomenclatura, aliás, gerou bastante polêmica no início de 2023, pouco depois da ex-jogadora de vôlei Ana Moser assumir o comando do Ministério do Esporte. Em entrevista ao UOL, ela desconsiderou o segmento enquanto “esporte” e, por isso, negou que iria investir recursos para a área.

“A meu ver, o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte”, argumentou a ministra, em janeiro. Ela ainda comparou a categoria com apresentações artísticas, exemplificando que a preparação de um cyber atleta para uma competição seria a mesma da cantora Ivete Sangalo para um show. A fala foi duramente criticada por inúmeros atores do cenário gamer, o que obrigou Ana Moser a depois mencionar sua defesa de uma “ação intersetorial” entre diferentes ministérios.

Para o prefeito de Maranguape, apesar da polêmica e da denominação, “é urgente que o poder público apoie, independentemente de nomenclatura”. “Esse público está aí, está dado e precisa ser atendido,” completa.

Com pensamento alinhado quanto à importância da atenção sobre os jogos eletrônicos, o secretário do Esporte do Ceará, Rogério Nogueira Pinheiro, faz questão de enfatizar: “Nosso posicionamento enquanto Estado é que consideramos o e-sports, sim, como uma atividade esportiva, e estamos acompanhando o crescimento dessa modalidade.”

No Ceará, diversas iniciativas têm pavimentado uma estrada capaz de fazer com que jovens possam andar, pular e correr em busca de sonhos pessoais e profissionais por meio dos jogos eletrônicos. Pessoas como Matheus Costa, por exemplo, que são memórias vivas do segmento no Estado, compartilham histórias de dedicação de praticamente toda uma vida na tentativa de acelerar o desenvolvimento deste setor.

Matheus Costa carrega os games consigo desde a infância, quando seu avô Francisco Jose o levava para jogar em locadoras de Maracanaú(Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Matheus Costa carrega os games consigo desde a infância, quando seu avô Francisco Jose o levava para jogar em locadoras de Maracanaú

Sua relação com os games nasceu ainda na infância, quando seu avô Francisco José costumava lhe levar para locadoras no bairro Alto da Mangueira, em Maracanaú, no início dos anos 2000. Matheus amava essa atividade, mas sua maior diversão estava em organizar pequenos torneios entre amigos. “Eu percebi que era aquilo que eu gostava e queria fazer”, relembra. Ele conta que carrega ao longo dos anos essa mesma paixão, a qual já rendeu participações na realização de ações, encontros e eventos de gigantes do ramo, dentro e fora do Ceará.

Consultor de esporte eletrônico do Ceará Sporting Club, formado em marketing e especialista em Gestão de Inovação, Matheus afirma que vê atualmente um contexto positivo de progresso em território cearense, muito porque o Poder Público tem colocado os olhos sobre o setor. Com esse apoio, diz ele, muitas outras pessoas podem começar a entender de vez que os esportes eletrônicos são uma forma de mudar a vida.

“Através do Estado a gente consegue fazer com que entendam o quanto isso é sério, porque a gente tem há um tempo empresas, eventos e muitas ações realizadas pelo setor privado. Mas hoje, com o Estado tendo esse viés de perceber que não é só questão de público, é questão de estilo de vida e de momento econômico, a gente consegue fazer com que qualquer pessoa do interior, por exemplo, possa compreender e entrar no cenário, encontrando até uma solução financeira para própria família”, visualiza.

 

 

Como o Estado tem atuado de fato no e-sports cearense?

Em 1972 nascia a primeira competição de jogos eletrônicos do mundo com o patrocínio invejável da revista Rolling Stones. Em 19 de outubro daquele ano, estudantes da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, se reuniram para disputar as “Olimpíadas Intergalácticas de Spacewar!”. Como premiação, um ano de assinatura da revista americana dedicada à música, política e cultura popular.

Nesses mais de 50 anos, os jogos e as premiações das disputas virtuais seguiram pari passu o avanço das tecnologias digitais. Igualmente, a importância dada ao segmento começou a chamar atenção, em empresas ou mesmo em órgãos governamentais, daqueles responsáveis pelas tomadas de decisões – muitos dos quais, inclusive, estavam há pouco tempo travando suas próprias jogatinas.

Atualmente secretário do Esporte do Ceará (Sesporte), Rogério Nogueira Pinheiro diz que acompanhou de perto essa evolução. “Não só dos games, mas também dos consoles e da própria internet que nos proporciona jogar online e em uma velocidade extremamente competitiva”, afirma ele, que ainda hoje arrisca gameplays de God of War e FIFA.

Rogério Pinheiro é o titular da pasta(Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Rogério Pinheiro é o titular da pasta

À frente da pasta desde o governo Camilo Santana (PT), passando por Izolda Cela (Sem partido) até chegar a Elmano de Freitas (PT), Rogério destaca que o Estado tem papel primordial na geração de oportunidades nas mais diversas modalidades, acrescentando aí os próprios games. Para tanto, uma ótima oportunidade para dar luz ao setor acontece por meio da realização de eventos competitivos.

Ele conta que a Sesporte tem atuado em parceria com a Federação Cearense de Esportes Eletrônicos (FCDEL) na formatação de uma competição em nível estadual. A ideia é acrescentar os esportes eletrônicos no leque de modalidades dos Jogos Escolares do Ceará "Projeto que busca promover o intercâmbio sociocultural e educacional entre alunos de diversas escolas do Estado, além de revelar novos talentos, levando uma mensagem de cultura e paz, mostrando que é possível realizar esporte de forma solidária e sem violência." .

“É uma fase desse projeto. A gente tem levantado os custos e o projeto final será apresentado ao governador Elmano. Acredito muito que ele deverá comprar essa ideia também. Aprovando os recursos necessários, a gente já consegue aplicar essa modalidade em 2023. Se não for possível, a gente vai trabalhar para 2024, para que possa fazer dentro do planejamento, uma coisa mais calma”, avalia.

Para o presidente da FCDEL, Washington Lemos, esta será definida como “uma competição gigante” a partir do momento que sair do papel. Ele afirma que em um cálculo básico, levando em consideração o alcance dos Jogos Escolares atualmente com as modalidades tradicionais, seria possível atingir diretamente cerca de 20 mil estudantes gamers cearenses. “Quem joga e gosta de jogos eletrônicos pode esperar”, promete ele.

Tamanha magnitude do evento exigiria, a propósito, um local majestoso para sediar suas finais. Tanto é que internamente são trabalhadas as possibilidades de realizá-las no Centro de Formação Olímpica (CFO) ou até mesmo na Arena Castelão, ambos em Fortaleza. “É uma questão de sonho”, retoma Rogério Pinheiro.

 


Cearenses têm ganhado o mundo com o e-sports

 Entre as principais particularidades dos jogos eletrônicos hoje em dia, a questão financeira é uma das que mais chamam atenção. Isso porque, de acordo com relatório da agência TechNet Immersive, o mercado dos games assumiu o controle do entretenimento mundial durante a pandemia de Covid-19, sendo avaliado sozinho em US$ 163,1 bilhões. Para se ter ideia, esses números são superiores aos das indústrias da música e do cinema juntos.

Fatia considerável deste setor bilionário, os esportes eletrônicos distribuem premiações capazes de transformar completamente a vida de qualquer pessoa comum. Mas mesmo antes de pensar nas consideráveis cifras que poderiam obter, diferentes cearenses escolheram abraçar os games como instrumentos de trabalho. Mais tarde, os jogos se tornaram responsáveis por fazê-los alcançar verdadeiros sonhos de vida.

Atualmente um dos principais nomes cearenses nesse universo, João Victor Lopes tem 18 anos e um contrato assinado com o projeto de esportes eletrônicos do Bayern de Munique. O vínculo com o gigante alemão veio graças ao seu alto desempenho mostrado no EFootball (jogo de futebol digital), conquistado após vivenciar anos vitoriosos com a camisa do Ceará Esports – divisão de games do Ceará Sporting Club.

Conhecido nos servidores como “The Alpha”, ele começou a jogar ainda na infância, quando aos 8 anos já disputava partidas online com jogadores de todo o Brasil. “Eu já ganhava e me destacava nas ligas que participava. Foi aí que minha família percebeu o talento que eu tinha e começou a investir em mim”, diz. Com o apoio dentro de casa somado às habilidades com o controle de PlayStation nas mãos, não demorou para ele receber uma proposta. Aos 15 anos tornou-se proplayer "Abreviação em inglês para "professional player", isto é, jogador profissional de jogos eletrônicos" do Alvinegro pelo o qual era torcedor.

Defendendo a camisa do Vovô, João Victor empilhou títulos, com destaque para dois principais: o de campeão mundial dos torneios oficiais organizados pela Konami nos anos de 2021 e 2022. Mas muito além de qualquer troféu, as premiações mais valiosas alcançadas por ele não podem ser colocadas em prateleiras: a mudança de vida. “Um dos meus sonhos era ir para um outro país, conhecer outra cultura e o esporte eletrônico abriu essa porta pra mim”, ressalta.

Coloque uma frase descritiva da imagem

“O Ceará tem jogadores que se destacam, e eu sou um exemplo vivo disso. Hoje eu estou jogando na Europa e eu sou cearense"

Quem também está conseguindo construir sua carreira no futebol digital é Alexssandra “Leka” Pereira, de 26 anos. Player de FIFA da equipe paulista Think Ball, ela é uma cidadã do mundo: nasceu em Uberlândia, Minas Gerais; cresceu em Santa Maria, Rio Grande do Norte; tem compartilhando parte de sua história em Fortaleza; e hoje mora em Buenos Aires, na Argentina.

Apesar de gamer desde a infância, Leka só compreendeu o mundo digital como uma possibilidade de projeto de vida após sucessivos problemas encontrados no futsal, sua outra grande paixão. Em 2019, ela chegou à capital cearense para jogar em uma equipe universitária, até conseguir bastante destaque com a bola nos pés a ponto de chamar atenção de times da Argentina. “Só que eu comecei a ter muitas lesões no esporte tradicional, daí todo mundo brincava comigo dizendo que eu deveria jogar videogame”, recorda.

Junto com as contusões que se somavam, a chegada da pandemia de Covid-19, que obrigou a todos a ficarem reclusos, fez com que Leka retornasse para Fortaleza. Mesmo dentro de casa, porém, seu espírito competitivo não a deixou ficar quieta. Ela começou a disputar partidas online, alcançou certo destaque e passou a brilhar nos gramados virtuais. Em menos de um ano dedicada ao e-sports, Leka se classificou para disputar a Copa do Mundo Universitária de FIFA20, ficando com a medalha de prata, mas ganhando o entendimento das oportunidades que surgiam em sua vida.

Hoje, Leka está concluindo a faculdade de Arquitetura e Urbanismo, no Centro Universitário Ateneu, com uma bolsa de estudos ligada à sua atuação nos esportes eletrônicos. Esse sucesso obtido por ela, em um ambiente extremamente masculinizado, com quantidade de mulheres que praticamente pode ser contada nos dedos de uma única mão, tem demonstrado que caminhos de esperança estão sendo abertos para um público cada vez mais plural.

Leka, jogadora de FIFA

“Sou uma das pioneiras nesse ramo, uma das primeiras a estarem na linha de frente. No futuro vou ver muitas outras meninas jogando”

Agora voltando um pouco mais no tempo, antes mesmo dos esportes eletrônicos mostrarem nitidamente qualquer perspectiva de crescimento profissional, um engenheiro de produção cearense, com carreira consolidada no mercado de trabalho de Fortaleza, jogou tudo para o alto para correr atrás do sonho de conquistar o topo do mundo. O responsável por essa proeza foi Juan “Judite” Freitas, hoje com 32 anos, pro-player aposentado e criador de conteúdo da Cloud9, uma das maiores e mais tradicionais organizações do e-sports mundial.

Mesmo a contragosto da mãe Lisiane, em 2015 Judite começou a se dedicar ao recém-lançado “Heroes of the Storm”, da Blizzard – que tentava rivalizar com o League of Legends, da Riot Games. Em poucos meses, as habilidades de Judite no jogo de estratégia lhe renderam um crescimento tão meteórico que não tinha mais como voltar atrás. Ele se tornou um dos principais nomes do game no Brasil, chegando a jogar por equipes como CNB Esports Club e Red Canids, por onde venceu 15 vezes a Copa América da modalidade.

Tudo isso em menos de três anos, período suficiente que levou Judite a se mudar para os Estados Unidos para crescer ainda mais. O que ninguém contava, porém, era que em 2018 as atividades competitivas do jogo seriam encerradas, com isso, o cearense se viu em uma aposentadoria forçada. “Minha mãe mandava mensagem: ‘meu filho, volta para o Brasil. Você ainda pode trabalhar como engenheiro, seu currículo é muito bom, você não está tão atrasado, não”, recorda ele, que respondia: “Deus me mandou até aqui, então vou continuar seguindo.”

A perseverança valeu a pena, já que em 2019 o Teamfight Tactics foi lançado, abrindo uma nova chance para Judite voltar a brilhar competitivamente. Naquele ano, com contrato com a Cloud9 para produzir conteúdos por meio de lives e vídeos no YouTube, ele ganhou o primeiro título mundial do jogo, conquistando na sequência o “Oscar” dos esportes eletrônicos brasileiros, o “Prêmio Esports Brasil”, na categoria “Melhor jogador de outras modalidades”.

Juan Judite conquistou o Prêmio Esports Brasil, na categoria "Melhor jogador de outras modalidades", em 2019(Foto: Instagram / Reprodução)
Foto: Instagram / Reprodução Juan Judite conquistou o Prêmio Esports Brasil, na categoria "Melhor jogador de outras modalidades", em 2019

Atualmente, Judite está aposentado das competições, mas continua criando conteúdo para a Cloud9. Também é gerente de uma concessionária de carros em Stuart, uma cidade da Flórida, onde é casado. Levando uma vida confortável em termos de segurança e de bem-estar, ele evidencia que nunca encarou os games como uma busca por ascensão financeira. “Se eu tivesse feito tudo isso por causa de dinheiro, tinha desistido há muito tempo”, afirma.

Por outro lado, ele diz acreditar que as possibilidades de crescer profissionalmente neste segmento são bem maiores do que antigamente. Judite menciona que vários jogos carregam hoje muito público e abrem boas chances para quem quer ingressar no mercado, a exemplo de LoL, Valorant, Counter Strike, Call of Duty: Mobile, Rainbow Six e outros.

A grande sacada, para ele, é pensar no âmbito internacional, principalmente se o desejo é mirar em ser o melhor do mundo. Mas alerta, deixando o sorriso escapar: “Tem que ser meio doido da cabeça para querer fazer esses negócios.” 

 

 

Lei de Incentivo ao Esporte (inclusive o eletrônico) do Ceará

Apesar de já fazer parte da realidade de muitos cearenses há um bom tempo, somente em 2020 os esportes eletrônicos tiveram suas atividades regulamentadas no Estado. Em dezembro daquele ano, o então governador Camilo Santana (PT) assinou a proposta que visava regulamentar essa prática e instituir 27 de junho como o Dia do Esporte Eletrônico no Ceará.

Com a aprovação e o reconhecimento da prática, o setor ganhou novas oportunidades, a exemplo da possibilidade de ingresso do segmento no radar das políticas públicas cearenses, como a Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) do Ceará "Programa que se constitui na perspectiva de isenção fiscal para fomentar projetos de caráter esportivo e paradesportivo, mediante patrocínio e doação de contribuintes do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)" .

Um dos únicos até agora a almejar e a conseguir aprovação em um dos editais da LIE, o "Sana E-Sports", projeto da Fundação Cultural Nipônica Brasileira, foi admitido e colheu os valores necessários para a sua execução. Realizado entre os dias 11 e 15 de abril de 2023, o evento aconteceu de maneira totalmente gratuita, ofertando 19 diferentes torneios de jogos eletrônicos e reunindo mais de dez mil pessoas no Cuca José Walter.

“A Lei de Incentivo dá a oportunidade de conseguir captar recursos de uma maneira que a empresa não vai fazer despesas, porque o dinheiro do patrocínio vem através de uma renúncia fiscal. Então, aquele dinheiro que seria para pagar um imposto, no caso do Ceará o ICMS, o Estado renuncia uma parte para incentivar projetos. O Sana E-Sports vai ser um marco e vai mostrar a efetividade dessa Lei”, diz Daniel Braga, diretor do evento.

Com garantia de realizar pelo menos um torneio por ano até 2025, Daniel afirma que a agora pretensão também é a de interiorizar os games e a cultura geek pelo Ceará. “O objetivo é democratizar o acesso, então nada mais democrático do que levar para o Interior. A gente já está montando projetos para poder levar essa cultura”, completa, afirmando que o planejamento interno já é trabalhado para fazer isso acontecer a partir de 2024.

Realizado pela Fundação Cultural Nipônica Brasileira, o evento foi o primeiro de esportes eletrônicos que contou com apoio do Poder Público por meio da Lei de Incentivo ao Esporte do Ceará(Foto: Sana E-Sports / Divulgação)
Foto: Sana E-Sports / Divulgação Realizado pela Fundação Cultural Nipônica Brasileira, o evento foi o primeiro de esportes eletrônicos que contou com apoio do Poder Público por meio da Lei de Incentivo ao Esporte do Ceará

Secretário do Esporte do Ceará, Rogério Pinheiro chegou a classificar o evento como “histórico”, vide seu ineditismo no Estado. “Aqui no Ceará, sempre vamos incentivar os esportes eletrônicos”, afirma.

Com mais de 400 atletas inscritos e uma estrutura de palco, luzes e narração típica de grandes torneios internacionais, o Sana E-Sports ofereceu à comunidade gamer uma competição de alto nível. Além do mais, no teatro do Cuca, principal espaço onde as disputas eram travadas, havia um palco iluminado, com computadores dispostos para que os atletas do mesmo time ficassem um ao lado do outro e de frente para os adversários. Toda essa estética deu o tom do profissionalismo que este mercado tem construído.

Produtor do Sana E-Sports, Nathiel Silva celebrou a realização da competição. “A gente conseguiu atingir nosso objetivo de trazer essa experiência para a periferia de Fortaleza, trazendo um projeto social e de inclusão digital. Foi um sucesso, pois conseguimos movimentar milhares de pessoas, divertir a garotada e também as pessoas mais velhas, que vieram nos prestigiar", conclui.

 

Assista abaixo e confira um pouco da vibração do torneio:

 

 

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