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Aldeota é o bairro onde candidatos a Prefeitura e vice mais têm casas e apartamentos
Reportagem Seriada

Aldeota é o bairro onde candidatos a Prefeitura e vice mais têm casas e apartamentos

ELEIÇÕES 2020 | Enquanto 27% dos imóveis de candidatos a prefeito e vice se concentram na Aldeota, o bairro abriga 1,75% da população. Outro grande contingente de imóveis dos candidatos em Fortaleza se encontra no município litorâneo de Aquiraz
Episódio 7

Aldeota é o bairro onde candidatos a Prefeitura e vice mais têm casas e apartamentos

ELEIÇÕES 2020 | Enquanto 27% dos imóveis de candidatos a prefeito e vice se concentram na Aldeota, o bairro abriga 1,75% da população. Outro grande contingente de imóveis dos candidatos em Fortaleza se encontra no município litorâneo de Aquiraz
Episódio 7
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A Aldeota é o bairro preferido dos candidatos à Prefeitura de Fortaleza e seus vices para adquirir imóveis. O bairro com um dos metros quadrados mais caros da Capital concentra seis dos imóveis declarados pelos concorrentes ao comando do Poder Executivo municipal, 27% das casas ou apartamentos com endereço informado pelos candidatos à Prefeitura e vice. É mais de um em cada quatro imóveis. Fortaleza tem 119 bairros. A Aldeota, de acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, concentra 1,75% da população da Cidade.

As informações sobre os imóveis têm por base a declaração de bens apresentada pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois da Aldeota, a maior concentração de imóveis de candidatos a prefeito, prefeita ou vice não é em Fortaleza, mas no município de Aquiraz. Localizam-se no município litorâneo da Região Metropolitana de Fortaleza quatro imóveis dos postulantes a prefeito ou vice de Fortaleza, 14% dos que tiveram endereços declarados. O cálculo do percentual considera os 22 imóveis e 50% de outro cujos endereços foram informados pelos candidatos nas declarações de bens. Não são levados em conta, para cálculo do percentual, os nove imóveis de candidatos a prefeito ou vice de Fortaleza cujos endereços não constam nas declarações de bens dos candidatos.

Há ainda dois imóveis de candidatos no bairro Vila Velha. Os demais se pulverizam: Benfica, Centro, Cidade 2000, Edson Queiroz, Jacarecanga, Praia do Futuro, Papicu, Parangaba e Varjota, além de imóveis nos municípios de Sobral e Caucaia.

Foram 30 imóveis declarados, sete deles sem endereço informado. Foram os casos dos bens de propriedade de Anízio Melo (PCdoB), Renato Roseno (Psol), Capitão Wagner (Pros) e a candidata a vice na chapa dele, Kamila Cardoso.

Os candidatos Heitor Férrer (Solidariedade) e a vice de Anízio, Helena Serra Azul (PCdoB) têm o maior número de imóveis declarados - quatro. Helena declara três deles como meeira - proprietária de metade dos bens de alguém falecido, não como herdeira, mas pela relação que tinha com a pessoa.

Paula Colares (UP), seu vice, Serley Leal, Célio Studart (PV), Raquel Lima (Psol) e Vladyson (PT) não possuem imóveis cadastrados.

Onde moram os candidatos
e onde mora a população

Além de estar entre os metros quadrados mais caros de Fortaleza no mercado imobiliário, a Aldeota ocupa o segundo lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os bairros da Capital, segundo os mais recentes dados da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano de Fortaleza, referentes a 2010. O bairro possui 42.361 habitantes com uma renda média de R$ 2.901,57 per capita, segundo dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica Aplicada do Ceará (Ipece), divulgados em 2012.

Realidade bem diferente do bairro mais populoso de Fortaleza, segundo o último censo do IBGE, o Mondubim possuía em 2010 população de 76.044 residentes, com uma renda média de pouco mais de R$ 500 reais per capita. A população estimada da capital em 2020 é de 2.686.612, segundo o IBGE.

O olhar dos territórios

O lugar onde se vive tem influência sobre a percepção de cidade. O POVO ouviu eleitores da Aldeota - a vizinhança preferida dos candidatos a prefeito -, do Mondubim, o mais populoso de acordo com o IBGE, e também da Messejana, outro dos maiores contingentes populacionais da Capital.

Rejane Façanha, da Aldeota
Foto: ARQUIVO PESSOAL
Rejane Façanha, da Aldeota

A servidora pública federal Rejane Façanha mora na região da Aldeota há 25 anos e, para ela, a continuação das obras na avenida Beira Mar é uma demanda urgente. Por outro lado, a servidora confessa que gostaria de um olhar voltado para os bairros menos assistidos. “Eu queria que a próxima gestão contemplasse mais os bairros que necessitam de um amparo maior do poder público”. Ela analisou as propostas e o que tem chamado sua atenção são planos voltados para a geração de emprego, saúde e meio ambiente. Ela também mencionou a importância da segurança pública e frisou que essa segurança deveria ser refletida em todos os bairros da capital.

Neli do Nascimento, do Mondubim
Foto: ARQUIVO PESSOAL
Neli do Nascimento, do Mondubim

A vendedora autônoma Maria Neli do Nascimento reside no bairro do Mondubim há 32 anos e pontua a necessidade de segurança para os moradores "pra gente poder andar sossegada, sem ser assaltada no meio da rua, na porta de casa...", exemplifica. Além disso, Neli também aponta a necessidade de mais médicos nos postos de saúde do seu bairro. Questionada sobre propostas que chamaram sua atenção, ela respondeu ainda não ter lido nenhum plano de governo dos candidatos.

Ingrid Pontes de Macedo é professora e reside na Messejana há 25 anos. Ela frisa a necessidade de uma política de transporte público que atenda a realidade das comunidades. “O aumento no preço das passagens, inclusive, é algo que faz a diferença para a juventude que busca um lazer ou acesso a outros espaços que estão longe de sua moradia”, aponta. A segurança também é pautada pela professora, “Espero também uma formação qualificada e humana da guarda municipal, menos ostensiva, principalmente com os corpos periféricos”, acrescenta.

Ingrid Pontes, de Messejana
Foto: ARQUIVO PESSOAL
Ingrid Pontes, de Messejana

A Messejana ocupa o 46 lugar no ranking do IDH dos bairros de Fortaleza e possui uma renda média de 650,0 per capita. Em 2010, segundo o último censo do IBGE, o bairro tinha 41.689 habitantes.

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