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O cenário eleitoral nos EUA na reta final da campanha
Reportagem Seriada

O cenário eleitoral nos EUA na reta final da campanha

Joe Biden segue à frente em pesquisas nacionais, mas resultado da eleição de 2016 faz com que democratas sejam cautelosos. Debate desta quinta-feira será momento importante para definir rumos em estados-chave
Episódio 2

O cenário eleitoral nos EUA na reta final da campanha

Joe Biden segue à frente em pesquisas nacionais, mas resultado da eleição de 2016 faz com que democratas sejam cautelosos. Debate desta quinta-feira será momento importante para definir rumos em estados-chave
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Marcada para o próximo dia 3 de novembro, ainda não é possível cravar favorito na eleição presidencial nos Estados Unidos. Embora a média das pesquisas nacionais indique vantagem ao candidato democrata, o ex-vice-presidente Joe Biden, desconsiderar a força eleitoral do presidente Donald Trump, e sua capacidade de virar o jogo, é um risco que analistas e os próprios democratas têm evitado correr. Muito por conta da eleição de 2016, quando Trump foi eleito com a maioria no Colégio Eleitoral mesmo com três milhões de votos populares a menos.

 

 


Em 2020, entretanto, Trump corre contra o tempo. Atrás nas pesquisas o presidente tenta reverter o cenário desfavorável agravado pela percepção pública de sua atuação na condução da pandemia da Covid-19 e, também, pelos inúmeros protestos antirracistas e contra a violência policial em 2020. Nos últimos dias, Trump tem realizado comícios por todo o país onde tenta se fortalecer perante sua base eleitoral, ao atacar adversários e a imprensa, e tenta minar a percepção sobre a lisura da votação por correio alegando possibilidade de fraude eleitoral, sem apresentar provas.

Dentre as ofensivas mais recentes do presidente pode-se destacar o ataque à organização dos debates presidenciais, que anunciou que cortaria o microfone dos candidato enquanto o concorrente estivesse falando no último debate antes da eleição, ocorrido nesta quinta-feira, 22/10. Decisão foi tomada após o primeiro debate, no mês passado, quando ambos os candidatos desrespeitaram momento de fala do outro. Na ocasião, Trump interrompeu Biden e o mediador por 120 vezes (em 90 minutos). O presidente também se desentendeu com a equipe do programa de entrevistas “60 Minutos" e cumpriu ameaça de divulgar entrevist na Casa Branca a antes de ir ao ar na TV, segundo Trump para que as pessoas vissem como foi “enviesada".

 

 

 

Biden, por outro lado, parece mais tranquilo na reta final e passou parte desta semana sem compromissos públicos. O que não quer dizer que haja clima de “já ganhou” entre democratas; muito pelo contrário. O partido tenta fomentar a candidatura de Biden através de lideranças ainda populares internamente como o ex-presidente Barack Obama, que na última quarta-feira, 21, realizou o primeiro comício presencial na campanha de seu ex-vice.

No evento, em formato drive-in, Obama criticou a postura de Trump durante a pandemia e reafirmou que os efeitos do resultado da próxima eleição serão sentidos por décadas. Ele também pediu ao eleitorado que esqueça o que dizem as pesquisas e que vote, tomando como exemplo o pleito passado, quando tudo apontava para a vitória da democrata Hillary Clinton, mas terminou com Trump ganhando a maioria dos delegados no Colégio Eleitoral.

É importante entender que, nos EUA, há locais com predomínio histórico do eleitorado democrata, como a Califórnia, e outros onde republicanos têm mais força, como o Texas. Entretanto, há estados-chave na disputa que variam sua preferência conforme as eleições. São os chamados Swing States ou estados-pêndulo, como Flórida e Pensilvânia. A Flórida (e seus 29 delegados), inclusive, é determinante para as pretensões de reeleição de Trump neste ano. Caso não vença lá, dificilmente o republicano será reeleito.

Pesquisas Reuters/Ipsos divulgada na última terça-feira, 20, em seis estados-pêndulo relevantes para o resultado final seguem apontando vantagem para Biden. O democrata tem distâncias mais largas no Wisconsin e no Michigan (51% a 43%) e (51% a 44%), respectivamente. Na Pensilvânia e no Arizona a vantagem é de quatro pontos percentuais, com (49% a 45%) e (50% a 46%) respectivamente. Já na Flórida e na Carolina do Norte, a diferença é menor (49% a 47%) e (49% a 46%) respectivamente. A margem de erro é de quatro pontos percentuais. Trump venceu todos esses estados em 2016.

 

A primeira-dama dos EUA, Melania Trump (esquerda), ao lado do presidente dos EUA, Donald Trump, enquanto Jill Biden (direita) abraça o marido, o candidato presidencial democrata e ex-vice-presidente dos EUA, Joe Biden, após a conclusão do debate presidencial final na Universidade Belmont em Nashville, Tennessee, em outubro 22, 2020(Foto: Jim WATSON / AFP)
Foto: Jim WATSON / AFP A primeira-dama dos EUA, Melania Trump (esquerda), ao lado do presidente dos EUA, Donald Trump, enquanto Jill Biden (direita) abraça o marido, o candidato presidencial democrata e ex-vice-presidente dos EUA, Joe Biden, após a conclusão do debate presidencial final na Universidade Belmont em Nashville, Tennessee, em outubro 22, 2020

Neste cenário, o último debate presidencial antes da votação ocorrido na quinta-feira, 22, na Universidade de Belmont, em Nashville, no estado do Tenneesse, cumpriu papel relevante e pode ter servido como tira-teima para indecisos declararem sua preferência e, de fato, votarem. No encontro, mais fluído se comparado ao primeiro, Trump e Biden apresentaram visões distintas sobre como resolver os problemas do país e trocaram acusações sobre a honestidade.

Pesquisa realizada pela CNN com telespectadores do debate indicou que Biden venceu o com 53% dos votos enquanto 39% apontaram que Trump havia se saído melhor. Foram consultados 32% de eleitores democratas, 31% de republicanos e os demais eram independentes. "Biden teve o melhor debate em 2020, pois colocou Trump na defesa em vários momentos, entre eles sobre o pagamento de tributos e não divulgação de declarações de impostos de renda", avaliou um analista da rede ABC.

Nos Estados Unidos o voto é facultativo e a eleição ocorre sempre na primeira terça-feira depois da primeira segunda-feira de novembro, como determina a Constituição. Os cidadãos geralmente não são liberados de seus postos de trabalho para votar e em muitos locais faz mau tempo o que naturalmente diminui o comparecimento. Há também a possibilidade de votar antecipadamente; neste ano a pandemia fez com que os 50 estados e a capital americana se adaptassem para permitir modalidades de voto antecipado. De acordo com dados do Projeto Eleições nos EUA (U.S Election Project), até esta quinta-feira, 22 de outubro, mais de 47 milhões de pessoas já haviam votado em todo o país.

Sobre o Colégio Eleitoral

Nos Estados Unidos, o Colégio Eleitoral é quem elege o presidente. O grupo é composto por 538 eleitores (delegados) distribuídos pelos estados do país, de acordo com sua população. A Califórnia é o estado com maior número de delegados, com 55 ao todo. O estado de New Hampshire, por exemplo, tem apenas quatro delegados.

São esses representantes que escolhem o presidente e geralmente eles seguem a tendência do voto popular em seus respectivos estados. O número mágico para ser eleito é de 270 delegados. Algo importante a ser considerado é que a distribuição de quem leva os delegados de um estado, na maioria dos estados (exceção apenas do Maine e de Nebraska) , ocorre por meio de sistema conhecido como o “winner-takes-all” (o ganhador leva tudo). Ou seja, se a maioria dos delegados de um estado optam por um candidato, este candidato garante todos os delegados daquele estado.

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