Entrando no apartamento da família Façanha não é possível perceber à primeira vista o interesse especial compartilhado por todos os moradores na casa. Entrando pela porta, os latidos da shih-tzu Flora, transtornada com sua visita estranha, podem até assustar, mas, passado o "feroz" cão de guarda, não demora para que se note os jogos de tabuleiro e de cartas, de todos os tamanhos, camuflados entre livros e bem alojados em boa parte dos cômodos.
A família representa bem o cenário atual de redescoberta dos jogos analógicos. Com um desejo crescente de vários públicos de encontrar entretenimento e interações longe de telas,
Tais jogos são ainda ferramentas imprescindíveis em terapias e abordagens lúdicas no tratamento de crianças em diversas situações de enfermidades, sendo ainda um setor do varejo com amplo crescimento nos últimos quatro anos no Brasil, ampliando assim sua relevância dentro de uma realidade cada vez mais digital e sobrecarregada de estímulos sensoriais.
Mas, e você? Ainda lembra da última vez em que se reuniu com amigos ou familiares para jogar um jogo de tabuleiro, longe de qualquer tipo de tela?
Reportagem do O POVO, ainda em 2019, já mostrava a tendência crescente do hobby de jogos analógicos crescia entre os Fortalezenses. Com o isolamento social resultado da pandemia de Covid-19, no início de 2020, o varejo de jogos (que compreende tabuleiros, cartas e memória) cresceu ainda mais na Capital e também no Ceará e no Brasil.
O segmento de jogos passou de 9,9% do total de brinquedos vendidos no País em 2019 para 13,1% em 2023, computando o maior crescimento entre as 12 categorias que estruturam o varejo de brinquedos no Brasil. Os dados são da Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) e indicam uma tendência de comportamento que chega a cada vez mais lares e estabelecimentos no Brasil.
Dados da Circana, empresa global de análise do comportamento de consumo, apontam um crescimento de 51% em faturamento dos jogos de tabuleiro entre os anos de 2019 e 2023. O segmento é alavancado principalmente por jogos voltados à família e aos adultos, que registraram um aumento de 66% no período.
Educação lúdica, descontração entre amigos, terapia durante internações, integração em família e entretenimento são só algumas das razões que explicam o crescente interesse por jogos analógicos. Populares nas famílias entre crianças, jovens e adultos, várias cidades têm estabelecimentos especializados nesse tipo de negócio.
Ao longo de três reportagens especiais, O POVO+ convida você leitor a "rolar os dados" e iniciar uma verdadeira jornada no universo dos jogos de mesa, que estão sendo redescobertos enquanto ferramentas terapêuticas, pedagógicas e artefatos culturais.
No bairro Messejana, em Fortaleza, o engenheiro eletricista Walter Façanha, 45, e sua esposa, a psicóloga Carla Holanda, 46, abriram espaço para o lúdico dos boardgames como uma forma de promover a integração da família.
Ao lado dos filhos Catarina, 11, e Vicente, 10, a família adotou o hobby como "um motivo para se reunir’, conforme explica Walter.
O casal tem em sua coleção mais de 80 exemplares, acomodados embaixo da cama, no armário de roupas, na estante da televisão e onde mais se consegue encontrar um espacinho.
O pai traz a cultura de jogos da infância, quando jogava com os primos. Ainda que a prática nunca tenha sumido de sua vida, acabou perdendo espaço na rotina do cearense a medida em que crescia.
“Na fase já adulta já não tinha tanto essa questão de parar com a família para jogar com os primos. Já não tinha mais aquela coisa de se reunir nas férias para jogar”, lamenta Walter ao relembrar dos momentos em que deixou a prática de lado.
Anos depois, contudo, ele redescobriu a paixão que começou na própria infância por meio de uma partida de
Carla, que conheceu o hobby no início do relacionamento com o marido, diz que além de serem cobrados por Catarina e Vicente (que não abrem mão de suas respectivas convicções de serem os melhores jogadores da família), recebem de vários sobrinhos inúmeros pedidos pela próxima oportunidade de reunir a família para a jogatina.
“Fortalece a integração da gente. Eles demandam isso, porque é o momento que eles percebem que estamos todos juntos em prol de uma única coisa. Quando a gente não tá nesse movimento, acabamos nos isolando dentro de casa, com cada um tocando as demandas de trabalho, celular, jogos [digitais], filmes, televisão”, explica Carla.
A psicóloga avalia, tanto quanto mãe, jogadora e especialista, que os jogos analógicos são uma forma de aproximar a família. Ela relata que a tradição é honrada independentemente do desgaste da rotina.
"Por mais que a gente esteja cansada, por mais que às vezes a nossa vontade seja de fazer outras coisas ou uma demanda pessoal, mas a gente repensa junto, vamos jogar só uma partidinha. Vamos fazer para poder não perder esse momento de integração com eles"
Catarina e Vicente aproveitam os momentos de jogos com os pais ao máximo, repletos de alegria, a fala e os olhos dos pequenos transbordam de animação de ter a equipe de reportagem do O POVO como testemunha de uma disputa de tabuleiro e ainda "aparecer no jornal".
A dupla, contudo, rapidamente esqueceu da presença dos repórteres, uma vez que Samuel Setúbal, fotógrafo do O POVO, os pediu para escolher um jogo para fazer algumas fotos.
O caçula Vicente, resoluto de sua decisão, insistiu para que seu pai buscasse
Assim como tantas outras famílias no Brasil, o interesse deles por jogos de mesa cresceu exponencialmente durante a quarentena de Covid-19.
Isolados em casa e com a necessidade de entreter dois filhos pequenos, foi a forma que eles encontraram de interagir com as crianças e aliviar o estresse do confinamento.
(Foto: Samuel Setubal)FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 17-06-2024: Carla e sua família que costuman brincar e comprar jogos analógicos para a diversão de todos juntos. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)
(Foto: Samuel Setubal)FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 17-06-2024: Carla e sua família que costuman brincar e comprar jogos analógicos para a diversão de todos juntos. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)
(Foto: Samuel Setubal)FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 17-06-2024: Carla e sua família que costuman brincar e comprar jogos analógicos para a diversão de todos juntos. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)
Vocês são entusiastas de pássaros que procuram descobrir e atrair as melhores aves para o seu aviário. Cada ave estende uma cadeia de combinações poderosas em um dos seus habitats (ações). Estes habitats concentram-se em vários aspectos fundamentais do crescimento
Formigas, joaninhas, aranhas, gafanhotos e a mais importante: sua abelha rainha! Hive é um jogo estratégico para dois jogadores. O jogo base do Hive é composto por vinte e duas peças, onze pretas e onze brancas, que representam uma variedade de insetos, cada uma com uma maneira única de se mover
Gatinhos explosivos é um jogo de cartas para pessoas que gostam de gatinhos e de explosões! Os jogadores fazem seus turnos comprando cartas até que alguém compre um gatinho explosivo e perca o jogo. Quanto menos cartas disponíveis no baralho, maior a chance de comprar um gatinho e explodir em uma gigantesca bola de fogo felina
Com a tendência de crescimento na complexidade dos jogos, eles atraem cada vez mais a atenção de pesquisadores e profissionais, buscando aplicar o lúdico aos mais variados campos. Uma dessas aplicações, cada vez mais comum entre profissionais da saúde, é a terapia lúdica.
Essa forma de terapia tem várias abordagens, como
Usualmente essa terapia complementar é feita com bonecos, projetando a doença, o tratamento e a cura no brinquedo, como forma de tranquilizar e ensinar a criança sobre sua própria condição. Contudo, a abordagem tem sido feita também de formas diferentes, com a presença de várias brincadeiras e também de jogos como forma estimular e cuidar da saúde mental das crianças internadas.
Ao contrário da primeira impressão, a brinquedoterapia com jogos também pode ser utilizada como uma forma de tranquilizar pacientes jovens e adultos. Essas dinâmicas trazem leveza durante internações e são cada vez mais visadas como meio de humanizar os cuidados hospitalares.
Um dos projetos que atua nessa frente em Fortaleza é a Liga de Brinquedo Terapêutico, vinculada à Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).
A ação criada em 2016 integra participantes de várias instituições de ensino superior e variados cursos da área da saúde, como Medicina, Psicologia, Enfermagem, Odontologia e outros. É a forma de assegurar uma abordagem multidisciplinar e humanizada no cuidar diário de inúmeros pacientes.
O projeto surgiu a partir de uma experiência pessoal do professor da UFC Gilberto Cerqueira, orientador da iniciativa, a partir do diagnóstico de câncer de seu pai. Durante as longas visitas ao hospital, o professor notou que os pacientes eram agrupados por idades.
“Estava na enfermaria do hospital com meu pai em cuidados paliativos. De manhã, adultos e crianças faziam quimioterapia e a tarde as crianças ficavam ociosas, sem fazer nada. Um menino me chamou para brincar e eu não tinha nada. O que eu fiz? Juntei minhas duas meias, virou uma bola e ficamos a tarde toda brincando”
No dia seguinte, ele relembra que outras crianças bateram na porta do leito de seu pai, procurando continuar a brincadeira. “Só que não tinha bola porque a meia tinha se acabado lá no outro dia. Aí a enfermeira fez uma bola de luva e a gente foi jogar de novo de tarde. No outro dia foram chegando outros meninos e ficamos uma semana ali brincando nas tardes”.
Por essa experiência, o nome completo do projeto é "Brinquedo terapêutico: A Anatomia como ferramenta na promoção da saúde de crianças com câncer", apesar de hoje incluir ações com crianças que lidam com outras enfermidades para além de quadros oncológicos.
Cerqueira, que se recusou a ser fotografado sozinho para a reportagem, alegando que "o projeto é sobre os alunos", é um dos professores de anatomia da UFC. Em uma de suas avaliações, apelidada de "anatomia lúdica", seus alunos precisam comprar um boneco e o alfinetar em 50 "músculos” de sua escolha.
Após esse momento, os alunos estudam os locais do alfinete e devem responder perguntas sobre a função dos músculos escolhidos. Depois da atividade, os estudantes têm a opção de ceder o boneco para ser doado nas ações do Brinquedo Terapêutico, sendo a principal forma do projeto renovar o estoque de brinquedos.
Contudo, pelas bonecas virem sem roupas, extensionistas do programa precisam costurar manualmente as vestimentas antes de repassar os brinquedos para crianças. Sendo essa mais uma das etapas do projeto.
Um jogo de estratégia e movimentos precisos. A torre de blocos pode cair a qualquer momento, então escolha bem o seu e seja preciso nos movimentos. Passando os blocos da base para o topo, mostre que você é habilidoso, tomando cuidado para não derrubar a torre!
Escolha seu coelho colorido para embarcar nessa aventura surreal onde cada ilustração estimula seu potencial criativo. Cada carta do jogo é uma obra de arte surrealista que te convida a mergulhar no mundo da fantasia. Desperte sua criatividade neste simples e leve jogo de dedução
Um verdadeiro desafio de velocidade e observação no qual todos jogam ao mesmo tempo! O objetivo é conseguir identificar qual é o símbolo em comum entre duas cartas - e cada carta tem somente um símbolo em comum com qualquer outra. Todos os participantes têm a mesma chance de ganhar a rodada, por isso é preciso ser ágil
O projeto Brinquedo Terapêutico dispõe de cerca de 20 alunos e depende de doações e compras dos próprios integrantes para manter as atividades. Juntos, eles se dividem entre pesquisar sobre terapia lúdica no tratamento de crianças com câncer, levar brinquedos aos hospitais pediátricos de Fortaleza, lares de acolhimento e lares de adoção.
Em uma atividade do projeto no Lar Amigos de Jesus, instituição de acolhimento de crianças em tratamento contra o câncer, O POVO testemunhou a importância terapêutica dos jogos e do brincar. Na dinâmica, encontramos os pequenos sorrindo com a pureza e profundidade que somente a infância é capaz de proporcionar.
Na ação, várias estações de brinquedos foram montadas e postas à disposição das crianças. Dos mais tradicionais, como pega-vareta, até jogos modernos, como
>>Para ver mais detalhes da imagem, basta clicar em cada foto para expandi-la
Sentada em uma mesa no salão durante a dinâmica, Sara Millena, 13, encara a torre de
Sara nasceu com uma má-formação que trouxe a família da região do Cariri cearense para Fortaleza nos primeiros meses de vida da menina. Buscando tratamento, a juazeirense encontrou também acolhimento.
Sua mãe, Judite Nascimento, 35, fala sobre como a ação tem ajudado a filha e as crianças acolhidas pelo lar, relata ao destacar que também participa das brincadeiras.
"Eles se animam muito, ficam mais alegres. Porque o tratamento é cansativo, eles ficam sem ânimo. Aí quando vem essas essas brincadeiras, as visitas, a minha (filha) mesmo se animou muito"
Entre os extencionistas de camisa branca correndo atrás de crianças no espaço amplo do Lar Amigos de Jesus, encontramos Gabrielle Miranda, com um chapéu verde felpudo. A aluna do sétimo semestre de Medicina na UFC participa do programa desde seu primeiro semestre na faculdade, já tendo inclusive ocupado a função de presidente.
Para ela, participar do projeto foi uma forma de ter contato com a ala pediátrica desde o início da graduação, espaço que a maioria de seus colegas só viria a conhecer no sexto período.
“A criança ali do hospital, ela só vê injeção, sendo picada, e elas ficam tristes. Quando você vai lá leva pelo menos um brinquedo, alguma atividade com elas, elas adoram e conseguem rir nesses momentos que são tão angustiantes”, relata a aluna.
Apesar do clima de descontração, nem todas as crianças do Lar Amigos de Jesus podem se reunir no salão para a brincadeira em grupo. As que vivem momentos mais sensíveis de seus respectivos tratamentos, precisam ficar em repouso nos quartos, mas isso não significa que o brincar ficará de fora de suas rotinas. Para esses casos, os alunos sobem aos leitos, levando bonecos até eles.
Ao subir os degraus de tons escuros, no primeiro dos quartos do andar de cima, encontramos João Gabriel, 13, natural de Fortaleza. Ele está sob
Sentado perto da janela, ele confessa à Gabrielle que prefere ganhar um livro, e que acaba doando os bonecos recebidos aos seus primos, como forma de perpetuar o gesto de gratidão dos voluntários e alegrar sua família.
Ao seu lado, mantém algumas bolsas com uma variedade de legos que ele coleciona orgulhosamente como tesouros há cerca de um ano.
“Eu já tinha umas pecinhas, depois de um tempo comecei a comprar os originais para ver como é. Fui gostando e fui colecionando”, diz, enquanto mostra orgulhoso suas peças mais estimadas.
Na coleção, ele exibe bonecos do Thor, alguns macacos e um personagem de Ninjago (que ele confessa não ter assistido, mas reafirma adorar brincar com ele).
Gabriel, que participou de outras ações do projeto de brinquedoterapia, conta que Dobble se tornou um de seus jogos favoritos. Embora não ganhe sempre, ele diz que prefere jogos com mais agilidade.
O menino revela com honrarias que os voluntários do projeto não "pegam leve" com ele durante as partidas, mas que ainda assim, consegue supera-los em boa parte das disputas.
Eduardo Loureiro Jr., professor da Universidade Federal do Ceará, dá aulas sobre didática. Por sua mentoria passam alunos todos os cursos de licenciatura da Universidade. Letras, Física, Matemática, Geografia, História e Pedagogia: Eduardo todos vão ter a experiência do ensino lúdico.
O professor conta que a ideia de assumir o lúdico como ferramenta primordial no ensino das técnicas de didática surgiu na disciplina de Metodologia do Trabalho Científico. Usando o jogo
“Eu fiz adaptações e poderia ser adaptado para qualquer disciplina. Vamos supor biologia: uma cadeia alimentar. Então você poderia colocar no no topo o ser humano, e o que é que o ser humano come? O que é que você não come? Qualquer conteúdo sequencial poderia usar nesse jogo”, explica o professor do Departamento de Teoria e Prática do Ensino.
A partir de ‘The Mind’, ele criou o jogo "Didática top 100". É uma dinâmica para identificar os 100 fatores que mais impactam positivamente a aprendizagem, segundo o livro "Aprendizagem Visível para Professores", de John Hattie. Em grupos de quatro participantes, cada grupo recebe uma cópia do jogo cooperativo
O jogo "Bring your own book" inspirou a dinâmica “Respostas Criativas”. Nele, cada estudante traz para a sala um de seus livros preferidos e escreve pelo menos três perguntas subjetivas, uma em cada papel identificado com seu nome. Em grupos de seis integrantes, os estudantes pegam uma pergunta por vez e buscam respostas de até 10 palavras nos seus livros. Para cada pergunta, os estudantes escolhem a melhor resposta e a registram no verso do papel. Após cada rodada, os livros trocam de mãos
O cardgame “Histórias Sinistras” inspirou a brincadeira “Casos de Escola”. O professor lê um mistério relacionado a uma situação de sala de aula. Os estudantes tentam desvendar o mistério fazendo perguntas a que o professor responde apenas: sim; não; talvez; não importa; não sei. O processo continua até que alguém adivinhe o mistério. Depois, em pequenos grupos, os estudantes criam seus próprios mistérios e toda a turma tenta adivinhar
Jogador assíduo há muitos anos, Eduardo defende que seu método funciona por sua paixão já existente por boardgames.
“Eu não advogo que todo mundo tem que usar jogo em sala de aula. O professor precisa levar para sala de aula aquilo que é da cultura dele. No meu caso são jogos, mas um outro professor pode ser quadrinhos, outro professor pode ser dança. Cada professor tem os seus hobbies”, explica.
Depois dessa experiência em sala, Eduardo, que já tinha interesse pelos jogos, passou a procurar formas de se adaptar mais e mais.
“Existe um cuidado que a gente precisa ter ao usar jogos, que é o cuidado dos jogos não perderem a diversão. E às vezes a gente vai usar o jogo pro aluno aprender, obviamente, porque você está usando em uma sala de aula, mas você fica tão obcecado que o aluno aprenda que o jogo não é divertido”, alerta Eduardo.
A educação lúdica é uma ferramenta para trazer um maior dinamismo à sala de aula. Embora não seja novidade entre educadores infantis como forma de facilitar o entendimento de assuntos mais complexos, Loureiro reforça que a prática é um instrumento igualmente eficaz para alunos universitários.
O professor de didática destaca que a prática apresenta saldo positivo especialmente entre os graduandos que estudam e trabalham. Neste caso, o especialista reforça o ensino lúdico como fundamental para que os alunos consigam assimilar o conteúdo e ter um momento de descontração naquele dia, promovendo assim o ensino e também o bem-estar dos estudantes.
"Os estudantes na maioria dos casos são trabalhadores que são estudantes. Eu dou aula geralmente à noite e eles chegam muito cansados, e o meu objetivo é garantir que eles tenham um bom momento na aula", explica o professor ao frisar a importância de uma didática humanizada e lúdica no ato de ensinar, independentemente da faixa etária ou do conteúdo.
Além das intimidades do lar, do cuidar nos leitos hospitalares e das dinâmicas em salas de aula, há cada vez mais um público que busca os jogos com um único propósito: o entretenimento. E há ainda aqueles que unem a paixão pelos jogos de tabuleiro ao sonho do empreendedorismo.
Em Fortaleza, Pedro Parente conhece bem esse último segmento. Ele é fundador e um dos atuais sócios da Balboa’s Hobby Games, uma das mais populares luderias da capital alencarina.
Embora a explosão dos jogos seja relativamente recente, a loja existe desde 2013, e já passou por várias mudanças nesse período. A principal é a adesão de dois novos sócios em 2017: Kevly Karyn e Marcos Mayora, que ajudaram a moldar o conceito do espaço para incluir também os TCG (Trading Card Games, ou Jogos de Cartas Colecionáveis).
Para os sócios, o esforço foi sempre de formar uma comunidade. “O meu público eu pensava que ia ser mais nerd mesmo ou mais jovem também. Assim, eles ainda existem, mas hoje em dia o foco é muito mais em grupos de amigos. E ele não é só predominante masculino, quem vem jogar jogos de tabuleiro aqui é quase meio a meio, o público feminino quebrou muito minha expectativa, no começo especialmente”, explica Pedro.
Sua sócia, Kevly, complementa: “eu também noto muito que o nosso público aumentou em relação à famílias".
"Normalmente vem muitas famílias com filhos de várias idades, e a gente tem trabalhado muito nisso [...] não só necessariamente com criança, mas às vezes vem o casal com os filhos adultos para jogar, ou às vezes a pessoa vem no primeiro encontro para quebrar o gelo. Eu acho isso muito legal no sentido de que tá sendo um ambiente onde as pessoas se sentem seguras"
(Foto: FERNANDA BARROS)FORTALEZA, CEARÁ, 13-06-2024: Jogos analógicos do Balboa's, espaço que conta com uma variedade de jogos de tabuleiro e card games. (Foto: Fernanda Barros / O Povo)
(Foto: FERNANDA BARROS)FORTALEZA, CEARÁ, 13-06-2024: Jogos analógicos do Balboa's, espaço que conta com uma variedade de jogos de tabuleiro e card games. (Foto: Fernanda Barros / O Povo)
(Foto: FERNANDA BARROS)FORTALEZA, CEARÁ, 13-06-2024: Jogos analógicos do Balboa's, espaço que conta com uma variedade de jogos de tabuleiro e card games. (Foto: Fernanda Barros / O Povo)
Pedro explica que na época das restrições da pandemia de Covid-19 houve uma crescente de público que mudou por completo o negócio.
“Se não tivesse mudado a gente já teria fechado. Realmente foi bem difícil na pandemia, difícil para todo mundo. Mas é bem nítido quanto realmente teve uma procura grande a partir do lockdown [...] foi um tempo muito rígido, mas nisso a gente fez nossos clientes mais fiéis”, revela ao pontuar o quanto a mudança de comportamento a partir do isolamento acabo favorecendo a criação de uma comunidade em torno dos jogos de mesa.
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Os moradores da capital alencarina não são estranhos a luderias. As lojas dedicadas especialmente para boardgames e jogos de cartas colecionáveis existem desde muito antes do hobby ganhar o gosto popular, reunindo clientes em busca de uma comunidade que compartilha do mesmo fascínio interesse.
O POVO compilou alguns pontos da Cidade onde você pode conhecer mais e mais jogos. Confira
Reportagem especial mostra como os Jogos de tabuleiro estão em alta e desperta interesse de jogadores, educadores, pesquisadores e empreendedores. Longe das telas, jogos de mesa divertes e ajudam no tratamento de crianças