Nova no mercado de light fitness, nascida há pouco mais de um ano, a cearense La Clofit, do Grupo Delfa, acumula dias de um fato histórico. Como outras empresas a enfrentarem a crise do novo coronavírus, adapta-se a uma realidade de cuidados redobrados.
“No retorno, todos os colaboradores recebem kits de proteção individual e para família”, cita Felipe Vieira, gerente de produto e designer da marca, que acompanha outras medidas. “As salas, bem como todos os setores, foram equipadas com dispositivos de álcool e a higienização foi intensificada”, afirma.
Quanto às vendas, ele diz que a empresa está mais atenta "do que antes ao on-line”, com ações nas redes sociais, incluindo o WhatsApp, que, segundo Felipe, tem ajudado a manter o volume de comercialização. E o produto que chega a casa de quem preferir solicitar a distância, não vai sozinho: na embalagem, além de duas máscaras de proteção, há um sachê de lenço com álcool para higienização, tudo pensado pela empresa para atender a esse novo momento, de preocupação primeiramente com a saúde.
“É preciso estarmos atentos às mudanças sociais, econômicas e políticas, percebendo as mudanças de comportamento do consumidor e suas necessidades”, sinaliza o gerente de produto, que também teve de adaptar coleções.
“Criamos coleções menores e as trabalhamos por um período maior”, acompanhando a retomada gradual do setor. “Em março, quando o coronavírus se intensificou indo para classificação de pandemia, La Clofit estava lançando a coleção de inverno.
"Por esse motivo, não tivemos tempo de trabalhá-la de forma apropriada e também entendemos que aquele momento não era oportuno. Então focamos nossas forças para alertar nossos clientes quanto aos cuidados com a saúde. Agora, estamos trabalhando a nossa campanha para relançá-la com um novo olhar e ressignificar nossos modelos”, anuncia.
“Acreditamos que com esta nova realidade, existe uma necessidade real das pessoas se protegerem, o que nos leva a criar uma estética de proteção muito associada ao streetwear e ao utilitarismo. Neste caso, a roupa serve como escudo de proteção do cotidiano, já que ainda não sabemos por quanto tempo estaremos expostos à pandemia, sem vacina e em contato e risco de transmissão do novo coronavírus”, reforça o designer, que espera de um retorno mais lento da economia, mas acredita que a criatividade - como sempre - é o fator decisivo nesta hora de superação.
Empresa segue plano de expansão
“Nossa primeira iniciativa foi apoiar hospitais, ONGs e a população local com a doação de mais de 7.000 máscaras de proteção, para contribuir com o combate ao vírus.” A fala é do CEO da Liebe Lingerie, Cairo Benevides, que teve de ir mais além, para garantir fôlego aos negócios, em um período ainda incerto.
“Tivemos que ajustar algumas despesas para assegurar nosso time de colaboradores, mas seguimos com o nosso plano de expansão e abertura de lojas em todo o Brasil, pois acreditamos no potencial e no propósito da nossa marca”, alinha-se, otimista, ao novos tempos.
Os novos ventos também o direcionaram a esforços e investimentos para a tecnologia. Uma grande conquista, em meio à pandemia, foi conseguir implantar a venda delivery em todas as lojas, do Ceará e de outros Estados onde a marca está presente.
“Nosso e-commerce cresceu, o que mostra que em momentos de grandes crises como essa, temos que tirar o melhor de nós”, ensina o executivo, que diz saber o que é preciso para uma marca se manter tanto tempo no mercado.
“Primeiramente, temos de entender a responsabilidade social que nós, como marcas, temos. Tanto no sentido de influenciar o comportamento das pessoas, quanto de apoiar e aderir a iniciativas que tragam benefícios sociais, desde a preocupação com a sustentabilidade até a inclusão da diversidade”, comenta. Ainda segundo Cairo, as marcas precisam ser transparentes, ter um propósito claro e implementar na prática.
“Nós, como uma marca voltada para mulheres, além do desenvolvimento de produtos com tecido biodegradáveis, procuramos oferecer produtos para todos os tipos de corpos e todos os tipos de pele. Somos uma marca de lingerie para todas! Queremos que a mulher se sinta bem usando nosso produto, se sinta linda e celebre quem ela é”, ressalta, atendendo também, com produto, a questão da saúde, com a entrada de dois modelos de máscaras com proteção antibacteriana, um deles combinando renda. “Está sendo um sucesso”, diz.
Na parte mais econômica, ciente da perda de renda ocasionada pelo agravamento do novo coronavírus em escala global, uma das medidas adotadas pela marca foi abrir mão da taxa do serviço delivery. “Estamos assumindo esse custo”, informa o dono, que também já postergou, para agosto, a coleção inicialmente desenvolvida para dois meses antes.
Para o pós-pandemia: “Os consumidores estarão dispostos a pagar mais por produtos com garantia de alta qualidade, padrões de segurança e responsabilidade socioambiental”, prevê o empresário, de olho no comportamento consumidor. “Além disso, devido à nova consciência focada em saúde e bem-estar, as pessoas buscam conforto e sofisticação em produtos duráveis e atemporais. Inovações tecnológicas e silhuetas multifuncionais proporcionam benefícios aos consumidores”, aposta.
Marca fortalece o e-commerce como estratégia
Como forma de amenizar os impactos do novo vírus, principalmente os econômicos, a Cholet, do casal de sócios Ricardo e Denise Sahd, sócio-diretor e diretora de estilo respectivamente, enuncia uma série de esforços que inclui desde a reestruturação de equipe a, talvez, uma das etapas mais importantes, que é planejar o porvir, criando novas oportunidades para o enfrentamento à crise.
“Com a pandemia, o digital se mostrou ainda mais forte, e estamos concentrando nossos esforços para o desenvolvimento do e-commerce utilizando uma tecnologia que permitirá o envolvimento dos nossos parceiros lojistas no processo”, menciona Ricardo, que se diz estar animado e confiante com a entrada da marca no digital.
A chegada da iniciativa, apesar do momento adverso, em meio ao agravamento da saúde global, revela como a marca, presente há anos no mercado (local, nacional, e já ensaiando voos internacionais), consegue se manter por tanto tempo de pé e fiel ao seus ideais. A expertise, segundo Ricardo, sócio-diretor da empresa, atende a três pilares: o bom relacionamento com os clientes, a alta qualidade nos produtos e a busca pelo equilíbrio financeiro.
“É muito importante ouvir os clientes e entender o que eles querem e esperam dos nossos produtos, além de utilizar tecidos e matérias-primas tecnológicos e sustentáveis no processo de produção das peças”, destaca o empresário, atento também a fazer uma boa gestão financeira. É ela, conforme Ricardo, que direciona às melhores estratégias de investimento; no momento de pandemia, então, fundamental.
“Em tempos de pandemia é muito importante enxugar as coleções e adaptar para a nova realidade, oferecendo produtos que sejam versáteis e atemporais. Além de priorizar tecidos com fácil lavagem e praticidade para o dia a dia”, tem visto o assunto com cautela, mas de olho no demanda. “Assim como outras pandemias e guerras onde a moda foi diretamente impactada, não será diferente este ano. Este é o momento em que precisaremos ficar ainda mais atentos ao perfil deste novo cliente, que já está mudando”, argumenta, com o pensamento à frente.
“Hoje, percebemos o quanto o digital está ainda mais em alta. E, apesar da tecnologia trazer praticidade e agilidade para o nosso dia a dia, o cliente valoriza o contato humano, e precisamos trazer isso nas nossas relações com ele”, mantêm-se ciente, além de ter a sensibilidade em relação ao período, para Ricardo, necessária, "oferecendo produtos atemporais, versáteis e confortáveis, atrelado a uma cadeia de produção que seja sustentável e promovendo um impacto positivo no mundo".
Foco na experiência digital do cliente
Há três décadas no mercado cearense, a Estilo Feitiço, com direção de Mariana Holanda, se viu em uma temporada como em nenhuma outra. “Sempre tivemos a preocupação de entender e nos adaptar ao mercado, com esse novo cenário não podia ser diferente”, assumiu Mariana como mais um desafio. “Sabemos que a sociedade terá novos hábitos e comportamentos. O que temos feito é nos preparar para receber o nosso cliente ainda melhor, estamos investindo cada vez mais em melhorar nossa experiência digital, pois sabemos que boa parte das pessoas passaram a usar o meio digital como principal canal de compra”, avista.
Também atenta à retomada: “Em nossas lojas físicas, estamos investindo em treinamento para nossa equipe de consultoras”, diz a empresária, de olho em uma experiência que valorize todos os campos, “indiferente da forma que ele escolher para entrar em contato conosco”. “É preciso estar em constante adaptação às mudanças exigidas pelo segmento e também pelo consumidor”, associa Mariana à longevidade do negócio, espalhado em diversos pontos, em lojas de rua e shoppings da cidade.
O estilo da Feitiço é de uma moda mais sustentável e consciente, onde não exista o incentivo do consumir por consumir. "Buscamos trazer para nossas peças e coleções conceitos atemporais, onde o consumidor pode investir em uma roupa que vai se adaptar por muitas temporadas e se encaixar muito bem com o seu guarda-roupa”, diz contribuir, muito antes da pandemia, com opções que reforçam ao "novo" olhar para o setor.
Ainda sobre sustentabilidade, que permeia o DNA da marca, a novidade que veio para ficar: "Acabamos de finalizar a implantação de um parque solar em nossa fábrica, que irá gerar energia para toda fábrica e nossas lojas de rua", conta Mariana. "Temos a certeza que podemos fazer algo para contribuir com a sociedade e pensando assim, iremos sempre buscar novas ações que transmitam o conceito de sustentabilidade na nossa marca", atribui. Na responsabilidade social, idem. Até o pós chegar, a marca já dou 1.000 máscaras de pano (para quatro instituições beneficentes). Também foi responsável pela confecção de batas para profissionais da saúde.
Valores da moda em transformação
A Homem do Sapato, de Jhonatan Rêgo, estava prestes a lançar, em abril, sua principal coleção do semestre, com a implantação de um conceito premium, quando foi surpreendida pelo avanço do coronavírus, no Ceará. A marca mantém sua flagship store, em Fortaleza, e atua em outros Estados. “Preferimos lançar ela no finalzinho de maio, muito sutil”, conta o empresário, que também acabava de sair de um showroom, muito importante, com franqueados. Porém decidiu "esperar".
“Desde o primeiro momento, quando foi anunciada essa pandemia, de fechamento de tudo, nós a enfrentamos com muita responsabilidade”, pensando na saúde de seus colaboradores, segundo o diretor, todos mantidos, e em saídas para superar, enquanto acompanha a ativa dos negócios. "Nós continuamos ativos, fazendo todo o atendimento delivery, porque a gente não fechou nenhum dia sequer", diz Jhonatan, que também se preocupou com a comunicação durante o período de isolamento. "Toda a comunicação foi mostrando algumas técnicas, algumas coisas legais de você continuar fazendo em casa", não promoções.
A delicadeza, decidida em equipe, é parte de uma base sólida praticada pela marca. Percorre desde o diálogo com o consumidor, que não é apenas reto, ele é empático". "Essa comunicação de conscientização do momento, de saber o próximo passo", avalia. Com o atual cenário, o diretor da HS voltou há cinco anos, quando tinha só um de história da marca. "Estamos adaptando nosso faturamento para 2015", brinca ao mesmo tempo que se sente empolgado, para reverter a situação. "É um novo desafio", aceita, com tempo para se preparar.
"O mercado estava muito acelerado e deu uma pausa para colocarmos os projetos em dia", percebe dono da Homem do Sapato. A empresa, em julho, inaugurou sua nova sede em São Luís, com a primeira loja cápsula. Segundo Jhonatan, em agosto, será mais uma, desta vez, em Recife. Ele também segue na coordenação de coleções menores, na tentativa de atrair o consumidor, mas também entendê-lo.
"A moda está passando por uma transformação muito grande, em termos de valores", adianta o diretor da brand que, em 2021, não terá promoções, mas, sim, um espaço outlet permanente da marca. Além do reforço do on-line, com o e-commerce a todo vapor, investirá em produtos de entrada e na implementação de 80% de seus produtos para uma linha mais exclusiva. "Estou com perspectivas muito boas de mercado", mostra-se otimista.
A cadeia da moda passa por transformações profundas diante da mudança dos hábitos de consumo estimulada pela pandemia.
