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Um afago à alma, ao intelecto e ao corpo nos conteúdos da arte e da cultura
Reportagem Seriada

Um afago à alma, ao intelecto e ao corpo nos conteúdos da arte e da cultura

O POVO dá voz ao artista cearense e levanta sua autoestima nas pautas culturais ao longo dos anos. Vida & Arte é a marca além do jornal
Episódio 4

Um afago à alma, ao intelecto e ao corpo nos conteúdos da arte e da cultura

O POVO dá voz ao artista cearense e levanta sua autoestima nas pautas culturais ao longo dos anos. Vida & Arte é a marca além do jornal
Episódio 4
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Nesses 95 anos celebrado, O POVO também comemora a marca que conquistou ao longo dos anos ao se relacionar com o multileitor de todas as idades por meio das matérias de arte e cultura. O Estado que tem renomados artistas como Chico Anysio, Renato Aragão, Belchior, Florinda Bolkan, Ednardo, Patativa do Assaré, Sérvulo Esmeraldo, Espedito Celeiro e Fagner, entre tanto outros que encheriam as páginas desse especial.

Fac-simile O POVO de 1º de maio de 2007(Foto: REPRODUÇÃO)
Foto: REPRODUÇÃO Fac-simile O POVO de 1º de maio de 2007

E há pouco mais de 30 anos ganhou ainda mais força e representatividade ao fazer conexões e abraçar o Ceará nas páginas do Vida & Arte. Esse que também amadureceu rápido e já nos anos 2000 ganhou repertório além das páginas do impresso e foi realizar eventos pelo Estado.

A credibilidade, a imparcialidade e o profissionalismo vão da política às artes de forma fácil, leve e firme para propor discussões saudáveis e propositivas a todos os gêneros e idades. A gestora cultural e dirigente do Instituto Sérvulo Esmeraldo, Dodora Guimarães, acompanha esse trabalho de longa data. E legitima que O POVO tem uma linda história de entrelaçamento com a arte e com a cultura do Ceará.

“Uma história que remete ao seu nascedouro, e ao nascedouro da gente inventiva que desse chão brota. Desde o seu marco inaugural, datado de 1928, este jornal que nasceu sob a índole modernista tem sido uma espécie de bússola das artes no Ceará. Tanto para a literatura, como para a dança, o teatro, a música, o cinema, as artes plásticas. Indistintamente”, afirma com convicção.

Basta dizer que Rachel de Queiroz, com o pseudônimo de Rita de Queluz, emergiu do O POVO, relembra Dodora que completa que o fundador Demócrito Rocha, é poeta que perenizou o Rio Jaguaribe entintando de azul o sangue do Ceará, “O POVO, mantém no azul do seu logo a alma libertária do estado existente evocada no poema. Alma presente em todo o seu corpo comunicacional”.

 
Luísa Cela i
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Clique e confira o depoimento de Luísa Cela, secretária da Cultura do Estado do Ceará

Revisitando a história da arte, a gestora complementa que O POVO segue de mãos dadas com ela, divulgando os seus artistas, promovendo ações de reconhecimento e valorização, apontando caminhos novos para o seu curso.

“Para as novas gerações citamos de memória o Maio Mulher, evento coordenado sob a batuta da jornalista Wânia Cysne Dummar, realizado em edições anuais, nos anos 80, que colocou em evidência as manifestações artísticas e culturais realizadas pelo universo feminino. Lembrando que a mesma jornalista colaborou para a difusão das artes dos povos originários do Ceará, nas décadas de 90/2000. Este pioneirismo do jornal”, detalha ao recordar-se de momentos especiais.

Na visão compartilhada de Dodora, O POVO está presente também em publicações de encartes artísticos colecionáveis. “Nesse mister, puxo da memória agora um projeto que foi coordenado pelo curador Ricardo Resende na primeira década deste século. E um mais recente, que apresentou artistas jovens dando- lhes capa em formato de pôster e reportagens ilustradas”, diz.

Cearenses do Projeto Rivera se apresentam no festival Palco Vida e Arte realizado na Praça Verde do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. (Foto: Mateus Dantas / O Povo)(Foto: MATEUS DANTAS)
Foto: MATEUS DANTAS Cearenses do Projeto Rivera se apresentam no festival Palco Vida e Arte realizado na Praça Verde do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. (Foto: Mateus Dantas / O Povo)

E, claro, cita ainda o Festival Vida & Arte, para ela, uma colaboração importante na produção cultural fortalezense, com destaque para as artes visuais ali representadas com grandes espaços.

Ao longo das três edições do festival, O POVO conseguiu agregar ritmos diferentes, do axé ao rock, sempre com ingressos a preços populares. Uma das atrações de 2008, por exemplo, foi o Fatboy Slim.

O último Festival Vida & Arte foi em 2008, nos 30 anos da editoria de Cultura e Entretenimento, e uniu nomes como Elza Soares, Milton Nascimento e Odair José. O evento foi sob a coordenação da presidente do Grupo O POVO, Luciana Dummar.

 
Fabiano Piúba i
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Clique e confira o depoimento de Fabiano Piúba, secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura (MinC)

Mas, como pensar O POVO, na sua colaboração com as artes plásticas e visuais e não trazer à tona a I e a II Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, realizadas em 1986 e 1991, e a I Exposição Nacional de Arte Efêmera, que aconteceram em Fortaleza com a curadoria de Sérvulo Esmeraldo e, ainda, “o impulso genial do jornalista Demócrito Dummar, o presidente do jornal que creditava à liberdade da criação o maior dos capitais: a sua coragem de investir no novo. Estas exposições marcaram definitivamente o grande papel civilizatório de O POVO”, finaliza.

 

 

Provocações transversais que enobrecem

Desde a gênese, a cultura foi um dos pilares do fazer jornalístico do O POVO. A provocação modernista estava presente nas leituras de mundo do fundador Demócrito Rocha. O jornal, então, já nasce abraçando artistas como Rachel de Queiroz, Silveira Filho e Filgueiras Lima em espaços como a seção "Modernos e Passadistas".

Fac-símile do O POVO com Mestres da Cultura(Foto: REPRODUÇÃO)
Foto: REPRODUÇÃO Fac-símile do O POVO com Mestres da Cultura

De 1928 até aqui, o editor do Vida & Arte, Renato Abê, analisa que só cresceu esse entendimento da cultura como ferramenta transversal de leitura da vida, sempre olhando para os encontros da arte com a cidade, a política, a economia e os demais segmentos.

“Ao longo desses 95 anos, O POVO focou na cultura cearense, mas sempre criou intersecções com a cena nacional e internacional. A redação acompanhou fatos como a visita do diretor norte-americano Orson Welles e a fundação da Sociedade Cearense de Artes Plásticas lá nos anos 1940”, destaca.

Abê acrescenta que todo esse caminho foi fundamental para visibilizar os movimentos do Pessoal do Ceará Brasil afora, além de destacar a poesia de Patativa do Assaré nos anos 1970. Chegando até a cobertura de grandes shows internacionais nos últimos anos — a exemplo da Beyoncé e do Paul McCartney — e a revolução digital com os streamings de audiovisual e de música nos anos 2010.

“Pioneira, plural e provocativa, a cobertura desaguou na criação do caderno Vida & Arte, que há 34 anos é marca consolidada da cultura no Estado e fora dele. O olhar diverso a pautas permitiu que O POVO fosse a primeira casa de muitos artistas em começo de carreira — desde a invenção estética do pintor Antônio Bandeira lá nos anos 1940 até a desconstrução poética da atual geração da música com nomes como Daniel Peixoto e Getúlio Abelha”, destaca.

 
Daniel Peixoto i
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Clique e confira o depoimento do músico Daniel Peixoto

Para o editor, a busca é sempre por agregar as linguagens artísticas em suas especificidades. Nomes da música, do cinema, das artes visuais, das artes cênicas, da literatura, da moda e da gastronomia.

Francis Wilker, diretor teatral e professor do curso de Teatro do Instituto de Cultura e Arte (ICA) da Universidade Federal do Ceará (UFC), analisa que o Teatro e a Dança são artes que lidam com o efêmero, acontecem num encontro entre cena e espectador que nunca mais se repetirá do mesmo modo.

“Essa é uma das razões que reforçam a importância da cobertura dedicada pelo O POVO às artes da cena e à cultura cearense de modo geral. As reportagens se tornam documentos históricos, ecoam aquilo que artistas produzem no presente, ajudando a informar e mobilizar públicos e, também, são como uma cápsula do tempo, endereçam ao futuro os rastros daquilo que estamos criando agora”, reflete.

Imaginem tudo que podemos descobrir sobre artistas, temas, práticas culturais nesses quase 100 anos do jornal? Seria muito difícil, por exemplo, pesquisar e refletir sobre os movimentos da cena teatral, em especial de Fortaleza, sem esses registros.

Ele identifica, ainda, no trabalho do Vida & Arte, ao menos nesses últimos anos, uma preocupação em dar espaço e visibilidade para a diversidade de manifestações da arte e da cultura e para diferentes agentes culturais.

 
Lorena Nunes i
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Clique e confira o depoimento da cantora Lorena Nunes

“As pautas identitárias aparecem como traço importante no jornalismo cultural de nosso tempo e O POVO tem demonstrado olhar atento para registrar e noticiar outros corpos, outras vozes, muitas vezes à margem do circuito mais conhecido. Enquanto tantos jornais impressos no País diminuíram as páginas dedicadas à arte e à cultura, O POVO não abriu mão dessa pauta, um bom motivo para se comemorar!”, encerra.

Assista ao vídeo sobre os 95 anos do O POVO


 

 

  • Diretoria de Jornalismo Ana Naddaf e Erick Guimarães
  • Edição Beatriz Cavalcante
  • Textos Carol Kossling
  • Edição de design Cristiane Frota e Amaurício Cortez
  • Projeto Gráfico Amaurício Cortez
  • Identidade visual 95 anos Gil Dicelli
  • Ilustrações Carlus Campos
  • Arte digital Jansen Lucas
  • Tratamento de imagens Robson Pires
  • Edição de fotografia Júlio Caesar
  • Pesquisa OP.doc Miguel Pontes e Roberto Araújo
  • Edição OP+ Beatriz Cavalcante e Fátima Sudário
  • Recursos visuais OP+ Wanderson Trindade
  • Editor-chefe Audiovisual Chico Marinho
  • Editor adjunto Audiovisual Demitri Túlio
  • Direção e roteiro Arthur Gadelha e Luana Sampaio
  • Montagem/Motion design Abdiel Anselmo, Eduardo Azevedo, Rodrigo Vasconcelos
  • Diretoria de Negócios Alexandre Medina
  • Gerente Comercial Ranilce Barbosa
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