Nesses 95 anos celebrado, O POVO também comemora a marca que conquistou ao longo dos anos ao se relacionar com o multileitor de todas as idades por meio das matérias de arte e cultura. O Estado que tem renomados artistas como Chico Anysio, Renato Aragão, Belchior, Florinda Bolkan, Ednardo, Patativa do Assaré, Sérvulo Esmeraldo, Espedito Celeiro e Fagner, entre tanto outros que encheriam as páginas desse especial.
E há pouco mais de 30 anos ganhou ainda mais força e representatividade ao fazer conexões e abraçar o Ceará nas páginas do Vida & Arte. Esse que também amadureceu rápido e já nos anos 2000 ganhou repertório além das páginas do impresso e foi realizar eventos pelo Estado.
A credibilidade, a imparcialidade e o profissionalismo vão da política às artes de forma fácil, leve e firme para propor discussões saudáveis e propositivas a todos os gêneros e idades. A gestora cultural e dirigente do Instituto Sérvulo Esmeraldo, Dodora Guimarães, acompanha esse trabalho de longa data. E legitima que O POVO tem uma linda história de entrelaçamento com a arte e com a cultura do Ceará.
“Uma história que remete ao seu nascedouro, e ao nascedouro da gente inventiva que desse chão brota. Desde o seu marco inaugural, datado de 1928, este jornal que nasceu sob a índole modernista tem sido uma espécie de bússola das artes no Ceará. Tanto para a literatura, como para a dança, o teatro, a música, o cinema, as artes plásticas. Indistintamente”, afirma com convicção.
Basta dizer que Rachel de Queiroz, com o pseudônimo de Rita de Queluz, emergiu do O POVO, relembra Dodora que completa que o fundador Demócrito Rocha, é poeta que perenizou o Rio Jaguaribe entintando de azul o sangue do Ceará, “O POVO, mantém no azul do seu logo a alma libertária do estado existente evocada no poema. Alma presente em todo o seu corpo comunicacional”.
"O POVO celebra seus 95 anos de existência e se faz cada vez mais importante para a sustentação dos pilares da democracia, da justiça, da transparência e diversidade, na defesa de direitos, do bem viver e também da cultura e da arte.
Que alegria poder acompanhar o bom jornalismo feito no Ceará, com equipe de jornalistas de excelência e que acompanham, com muita ética e felicidade, as pautas culturais, valorizando, assim, o que temos de melhor: os saberes e fazeres do nosso povo e da classe artística cearense.
Em tempos de reafirmação dos nossos direitos, O POVO se coloca como uma instituição fundamental para o fortalecimento da democracia em nosso País, na defesa da liberdade de expressão, da memória e da difusão da programação cultural e das políticas públicas. O POVO é também, ao longo da história, um grande parceiro, incentivador e promotor da cultura e da arte em nosso Estado.
Nosso desejo de vida longa, de prosperidade, que venham mais décadas de bom jornalismo e de serviços à sociedade. Parabéns, equipe O POVO."
Luísa Cela, secretária da Cultura do Estado do Ceará.
Revisitando a história da arte, a gestora complementa que O POVO segue de mãos dadas com ela, divulgando os seus artistas, promovendo ações de reconhecimento e valorização, apontando caminhos novos para o seu curso.
“Para as novas gerações citamos de memória o Maio Mulher, evento coordenado sob a batuta da jornalista Wânia Cysne Dummar, realizado em edições anuais, nos anos 80, que colocou em evidência as manifestações artísticas e culturais realizadas pelo universo feminino. Lembrando que a mesma jornalista colaborou para a difusão das artes dos povos originários do Ceará, nas décadas de 90/2000. Este pioneirismo do jornal”, detalha ao recordar-se de momentos especiais.
Na visão compartilhada de Dodora, O POVO está presente também em publicações de encartes artísticos colecionáveis. “Nesse mister, puxo da memória agora um projeto que foi coordenado pelo curador Ricardo Resende na primeira década deste século. E um mais recente, que apresentou artistas jovens dando- lhes capa em formato de pôster e reportagens ilustradas”, diz.
E, claro, cita ainda o Festival Vida & Arte, para ela, uma colaboração importante na produção cultural fortalezense, com destaque para as artes visuais ali representadas com grandes espaços.
Ao longo das três edições do festival, O POVO conseguiu agregar ritmos diferentes, do axé ao rock, sempre com ingressos a preços populares. Uma das atrações de 2008, por exemplo, foi o Fatboy Slim.
O último Festival Vida & Arte foi em 2008, nos 30 anos da editoria de Cultura e Entretenimento, e uniu nomes como Elza Soares, Milton Nascimento e Odair José. O evento foi sob a coordenação da presidente do Grupo O POVO, Luciana Dummar.
"O POVO faz 95 anos sempre inovando. Um jornal que sempre foi uma referência não só no Ceará, mas também no Brasil e mantém ao longo de décadas o caderno Vide & Arte, que é um ambiente importante pra reflexão e para difusão não só da da das políticas culturais, mas também do fazer artística e cultural.
Parabéns ao O POVO que traduz e nos faz refletir a nossa história e vida longa a esse jornal tão importante no Brasil"
Fabiano Piúba, secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura (MinC).
Mas, como pensar O POVO, na sua colaboração com as artes plásticas e visuais e não trazer à tona a I e a II Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, realizadas em 1986 e 1991, e a I Exposição Nacional de Arte Efêmera, que aconteceram em Fortaleza com a curadoria de Sérvulo Esmeraldo e, ainda, “o impulso genial do jornalista Demócrito Dummar, o presidente do jornal que creditava à liberdade da criação o maior dos capitais: a sua coragem de investir no novo. Estas exposições marcaram definitivamente o grande papel civilizatório de O POVO”, finaliza.
Desde a gênese, a cultura foi um dos pilares do fazer jornalístico do O POVO. A provocação modernista estava presente nas leituras de mundo do fundador Demócrito Rocha. O jornal, então, já nasce abraçando artistas como Rachel de Queiroz, Silveira Filho e Filgueiras Lima em espaços como a seção "Modernos e Passadistas".
De 1928 até aqui, o editor do Vida & Arte, Renato Abê, analisa que só cresceu esse entendimento da cultura como ferramenta transversal de leitura da vida, sempre olhando para os encontros da arte com a cidade, a política, a economia e os demais segmentos.
“Ao longo desses 95 anos, O POVO focou na cultura cearense, mas sempre criou intersecções com a cena nacional e internacional. A redação acompanhou fatos como a visita do diretor norte-americano Orson Welles e a fundação da Sociedade Cearense de Artes Plásticas lá nos anos 1940”, destaca.
Abê acrescenta que todo esse caminho foi fundamental para visibilizar os movimentos do Pessoal do Ceará Brasil afora, além de destacar a poesia de Patativa do Assaré nos anos 1970. Chegando até a cobertura de grandes shows internacionais nos últimos anos — a exemplo da Beyoncé e do Paul McCartney — e a revolução digital com os streamings de audiovisual e de música nos anos 2010.
“Pioneira, plural e provocativa, a cobertura desaguou na criação do caderno Vida & Arte, que há 34 anos é marca consolidada da cultura no Estado e fora dele. O olhar diverso a pautas permitiu que O POVO fosse a primeira casa de muitos artistas em começo de carreira — desde a invenção estética do pintor Antônio Bandeira lá nos anos 1940 até a desconstrução poética da atual geração da música com nomes como Daniel Peixoto e Getúlio Abelha”, destaca.
“Quando eu comecei o meu trabalho como músico profissional minha primeira capa de jornal, de revista e primeiro veículo que deu notícia sobre o meu trabalho foi O POVO. Tenho uma relação de respeito e carinho muito grande pelo jornal e pelo veículo de comunicação, sempre estive na TV O POVO e na rádio.
Isso foi fundamental, eu não teria, eu não teria conseguido realizar o meu trabalho da forma como eu realizei sem o suporte do O POVO. Até porque a gente usava, eu e os meus colegas de banda, na época do montagem em 2005 quando eu comecei, a gente usava as matérias do O POVO que era é um jornal de credibilidade para vender as nossas pautas para outros jornais de outros estados do Brasil.
Então eu acho que é importantíssimo na minha trajetória e eu como leitor do jornal também vejo que que sempre outros artistas, não só os músicos, mas todas as pessoas ligadas à cultura têm sempre um espaço reservado para divulgar o seu trabalho, para falar sobre suas expressões artísticas.
Então eu acho que é importantíssimo na minha trajetória e eu como leitor do jornal também vejo que que sempre outros artistas, não só os músicos, mas todas as pessoas ligadas à cultura têm sempre um espaço reservado para divulgar o seu trabalho, para falar sobre suas expressões artísticas.
A construção da autoestima cearense ela é construída sim pelos veículos de mídia e percebo que existe uma colaboração do editorial do O POVO para que ela aconteça. Eu sinto dessa maneira"
Daniel Peixoto, músico.
Para o editor, a busca é sempre por agregar as linguagens artísticas em suas especificidades. Nomes da música, do cinema, das artes visuais, das artes cênicas, da literatura, da moda e da gastronomia.
Francis Wilker, diretor teatral e professor do curso de Teatro do Instituto de Cultura e Arte (ICA) da Universidade Federal do Ceará (UFC), analisa que o Teatro e a Dança são artes que lidam com o efêmero, acontecem num encontro entre cena e espectador que nunca mais se repetirá do mesmo modo.
“Essa é uma das razões que reforçam a importância da cobertura dedicada pelo O POVO às artes da cena e à cultura cearense de modo geral. As reportagens se tornam documentos históricos, ecoam aquilo que artistas produzem no presente, ajudando a informar e mobilizar públicos e, também, são como uma cápsula do tempo, endereçam ao futuro os rastros daquilo que estamos criando agora”, reflete.
Imaginem tudo que podemos descobrir sobre artistas, temas, práticas culturais nesses quase 100 anos do jornal? Seria muito difícil, por exemplo, pesquisar e refletir sobre os movimentos da cena teatral, em especial de Fortaleza, sem esses registros.
Ele identifica, ainda, no trabalho do Vida & Arte, ao menos nesses últimos anos, uma preocupação em dar espaço e visibilidade para a diversidade de manifestações da arte e da cultura e para diferentes agentes culturais.
"Para mim um marco que fez a diferença do editorial do O POVO com a Cultura foi um encontro setorial que aconteceu e aí foram convidados vários representantes das suas linguagens para uma conversa com os jornalistas, com os editores do caderno de cultura para gente falar das nossas impressões.
De como a gente percebia esse diálogo, mesmo alcance do jornal, com as pautas de programação, enfim com cada linguagem. Isto para mim foi sensacional e eu percebo que depois desse encontro setorial inclusive melhorou bastante, ampliou ainda a maneira como o jornal está sempre procurando de fato pautar e está atento aos movimentos culturais da cidade.
Posso falar mais da música, mas eu percebo que não é só da música, além de ter um canal muito fluido e muito cordial, mesmo, com a classe artística no geral. Cobrir toda a movimentação cultural cearense que é tão intensa e rica, mas eu percebo que é muito genuína essa tentativa de fato servir. Atender a esse movimento e somar.
Existe um respeito do editorial com a classe isso é bem bacana. A gente sabe que por mais que, nos últimos cinco anos, a questão das redes sociais se torna muito forte e as notícias são pautadas de maneira diferente, numa velocidade diferente, mas ainda assim é o veículo clássico de comunicação tem um peso para o artista é extremamente importante.
Então é muito interessante também como isso se divide nas pautas do impresso e da editoria do digital e dá ainda mais espaço para o digital quando a impressa não comporta tudo. É um jornal que procura caminhar junto mesmo na construção de uma cena musical forte, de uma cena artística forte que procura reconhecer e valorizar os talentos do Estado.
A construção da autoestima cearense ela é construída sim pelos veículos de mídia e percebo que existe uma colaboração do editorial do O POVO para que ela aconteça. Eu sinto dessa maneira."
Lorena Nunes, cantora.
“As pautas identitárias aparecem como traço importante no jornalismo cultural de nosso tempo e O POVO tem demonstrado olhar atento para registrar e noticiar outros corpos, outras vozes, muitas vezes à margem do circuito mais conhecido. Enquanto tantos jornais impressos no País diminuíram as páginas dedicadas à arte e à cultura, O POVO não abriu mão dessa pauta, um bom motivo para se comemorar!”, encerra.
Especial jornalístico sobre os 95 anos do O POVO