Os jogos olímpicos de Tóquio já são históricos para o Brasil. Das medalhas conquistadas até esta quinta-feira, 29 de julho, três são em duas modalidades que passaram a integrar os jogos a partir desta edição: skate e surfe.
Na madrugada do último domingo, 25, Kelvin Hoefler tornou-se o primeiro medalhista brasileiro nos Jogos de Tóquio, garantindo uma medalha para o Brasil na primeira disputa olímpica do Skate. No dia seguinte, foi a vez de Rayssa Leal, a fadinha, que aos 13 anos conquistou a prata no Skate feminino.
Do outro lado do mundo, em Fortaleza, os medalhistas olímpicos não sabem, mas os seus expressivos resultados já começam a gerar os primeiros frutos. "Eu gosto muito da fadinha do skate, tenho vontade de fazer o que ela está fazendo", disse Tereza Lara Carvalho, de 9 anos, enquanto se divertia pelas rampas da pista de skate do Cocó, localizada na avenida Raul Barbosa.
A pequena skatista conta que um dia espera alcançar o mesmo patamar dos brasileiros que fizeram história em Tóquio. "Eu acho que eu vou conseguir chegar nas Olímpiadas", projeta Tereza. Ela conta que seu amor pelo esporte vem do sentimento de liberdade. "Eu me sinto livre, porque não preciso ficar o tempo todo em casa."
>> Clique aqui para ler mais sobre as Olimpíadas de Tóquio
Ana Lara, 41 anos, mãe de Tereza, relata que o interesse da filha pelo esporte cresceu aos poucos. Inicialmente, a filha preferia andar de patins. Aos poucos foi dominando o skate.
"Desde o ano passado ela tem dominado mais, quando nos mudamos para Fortaleza, ela passou a andar na praça. Começou fazendo umas descidas, depois uma manobras e depois deslanchou. Deixou o patins e está no skate", comenta.
Ana explica que os resultados dos brasileiros em Tóquio animaram ainda mais a filha. "Na semana passada, uma amiga nossa mostrou pra ela as meninas do skate que estão nas Olimpíadas, aí ela começou a me cobrar pra ir em um skate park. Hoje, 6 horas da manhã ela já estava pronta", relata sobre a última terça-feira.
Tereza Lara, aos 9 anos, tem no skate uma diversão, um lazer. Uma prática de esporte e um aprendizado. Isso não é pouca coisa. Dedica-se mais desde o ano passado. Se um dia será uma profissão dependerá se a vontade irá persistir, do empenho que terá. O futuro não é mais importante que o presente. Hoje, Rayssa e a Olimpíada inspiram o sonho de uma criança. Não, não é pouco.
Diego Colares, 36 anos, que trabalha na área da educação, é a prova de que o skate não é apenas para os muito jovens. Ele conta que descobriu a modalidade durante a pandemia, graças a um skate de um amigo que estava guardado em sua casa.
"Eu tinha mais receio quando era mais novo, mas, diante da situação da falta de movimento em casa, era o que eu tinha e acabei curtindo a ideia", relata Colares também comemorou as conquistas brasileiras em Tóquio. "Por conta de ter começado a praticar, tive interesse em assistir. É benéfico para a meninada começar a praticar um esporte."
De acordo com o último levantamento feito pela Federação Cearense de Skate, mais de 40 pistas de skate foram contabilizadas por todo território cearense, podendo ter sido agregados mais equipamentos, já que o levantamento foi realizado em fevereiro de 2020.
LEIA TAMBÉM| Bronze na natação, Scheffer destaca esforço como trunfo: "Nunca fui o mais rápido"
Em outro ponto da cidade, no bairro Cais do Porto, o destaque ficou para outra conquista brasileira. A medalha de ouro do surfista nordestino Ítalo Ferreira, conquistada na madrugada da última terça-feira, 27, quando o potiguar venceu o japonês Kanoa Igarashi.
Nas ruas do Titanzinho não é difícil encontrar jovens carregando suas pranchas embaixo do braço em busca das melhores ondas da Capital. Dentre os jovens surfistas, uma garota de 22 anos é destaque: Larissa Santos.
Campeã brasileira em 2018, ela chegou a alimentar o sonho de representar o Brasil nas Olimpíadas de 2020. O índice olímpico não veio, mas o sonho continua.
"Já participei até dos mundiais que eles competiram, o Ítalo, a Silvana, o Gabriel. Tô sempre praticando e me dedicando para que um dia possa representar o Brasil nas Olimpíadas".
Larissa é praticante da modalidade desde os oito anos de idade. Para ela, a conquista do inédito ouro olímpico servirá para alavancar a modalidade na região.
"Além de ser um brasileiro campeão, é um nordestino. Pra gente, isso abre portas, gera oportunidades. É uma chance de olharem pro surfe. Temos muitos talentos no Titanzinho com grande capacidade, a vitória do Ítalo é uma prova de que o surfe pode mudar uma vida", destaca.
A conquista de Ítalo também traz esperança para o professor de surfe Marciano Silvestre, 27. Diante de um mar tomado por surfistas, ele conta que começou a praticar o esporte usando pedaços de isopor e tábuas. Hoje, com o esporte em crescimento, ele demonstra felicidade com a assiduidade dos jovens da comunidade na prática do surfe.
"É muito gratificante, tô vendo a molecada migrar para o esporte. Agora com as Olimpíadas, depois do que fizeram no skate e no surfe, eles vão enxergar como profissão e vão correr atrás disso", acredita.
LEIA TAMBÉM| Ítalo Ferreira, o campeão olímpico que começou surfando com uma tampa de isopor
Se você se interessou e quer conhecer um pouco mais, que tal assistir aos vídeos com algumas das principais manobras das duas categorias? Basta clicar abaixo para ver a seleção bacana que OP+ pesquisou e mostra a seguir.
Como serão as disputas olímpicas, um torneio atípico por conta das restrições sanitárias, que afetaram preparação de atletas e restringem público no evento