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Xuelin "Wesley" Wang: Chineses de mãos dadas com o Brasil
Reportagem Seriada

Xuelin "Wesley" Wang: Chineses de mãos dadas com o Brasil

Presidente da área de Negócios Empresariais da Huawei do Brasil vive no País há mais de uma década, ama o litoral brasileiro e destaca que a ampliação dos negócios no mercado nacional não significa "invasão" chinesa, mas a ampliação da troca de experiências. 95% dos usuários 5G no Brasil utilizam a tecnologia da Huawei

Xuelin "Wesley" Wang: Chineses de mãos dadas com o Brasil

Presidente da área de Negócios Empresariais da Huawei do Brasil vive no País há mais de uma década, ama o litoral brasileiro e destaca que a ampliação dos negócios no mercado nacional não significa "invasão" chinesa, mas a ampliação da troca de experiências. 95% dos usuários 5G no Brasil utilizam a tecnologia da Huawei
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O Brasil é visto pela alta cúpula chinesa como um país amistoso e aberto a investimentos em tecnologia, por isso a China deve continuar fortalecendo os laços numa política de desenvolvimento em parceria. A afirmação é do presidente da área de Negócios Empresariais da Huawei do Brasil.

Há 12 anos no País, Xuelin Wang se apresenta com seu “nome ocidental” Wesley. Para além da facilidade na pronúncia e relacionamento, a Huawei também busca se “abrasileirar”, estreitando laços com o País.

Victor Esmeraldo, diretor tecnico do grupo Trade IN , Xuelin Wang, CEO de Enterprise Business Brasil da Huawei e Cícero Esmeraldo, CEO do Grupo Trande IN (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Victor Esmeraldo, diretor tecnico do grupo Trade IN , Xuelin Wang, CEO de Enterprise Business Brasil da Huawei e Cícero Esmeraldo, CEO do Grupo Trande IN

“O Brasil é um país bastante amistoso e aberto às novas tecnologias e que vai ao encontro das necessidades de desenvolvimento das grandes empresas e grandes economias. As economias se desenvolvem com tecnologia e, sem ela, não se consegue acelerar”, afirma.

Wesley esteve em Fortaleza para o “Trade In Tecnologia 20 anos Infinity”, seminário realizado pelo Grupo Trade In, empresa cearense de tecnologia. O executivo chinês foi o destaque da mesa redonda principal do evento.

Antes de subir ao palco, falou por aproximadamente 1 hora com O POVO, lembrando da época de sua chegada ao Brasil, das diferenças culturais nos negócios e do esforço da empresa em gerar valor ao País, mesmo que isso possa custar o lucro no curto prazo, dando como exemplo o investimento para levar conexão de alta velocidade para 22 comunidades da Amazônia.

 

 

O POVO - O senhor chegou ao Brasil há 12 anos. Como foi a adaptação ao novo país, nova cultura e os primeiros relacionamentos para que a chegada de uma marca chinesa fosse bem aceita?

Xuelin “Wesley” Wang - Logo que me formei, na China, trabalhei quatro anos na Huawei, servindo uma grande operadora nacional, a China Telecom. Atendemos essa empresa como cliente da Huawei. Então, muita gente na China, os executivos, tiveram sucesso e saíram do país para tentarem experiências internacionais para poderem agregar novos conhecimentos e depois levar de volta para empresa.

Aí fui incluído nesse movimento e cheguei ao Brasil, foi minha primeira experiência internacional. Fiquei no Rio de Janeiro e lá fiquei responsável por um grupo de gerentes de negócios, responsáveis por contas específicas e desenvolvimento de atividades comerciais junto aos nossos clientes, principalmente relacionados às operadoras de telecomunicações.

Logo em seguida, fui designado pela conta da Oi, que era um dos grandes clientes nossos, tinha toda responsabilidade de todo desenvolvimento e estratégia comercial entre a Oi e a Huawei. Permaneci neste segmento por seis anos. O meu objetivo nesse período era aumentar a conectividade dentro do País e gerar conectividade para indústrias e outros segmentos.

Trabalhamos com o setor financeiro, governos, transportes, energia, mineradores, varejo. Sempre falo que esse é um grande desafio porque deixei de olhar para uma operadora de telecomunicações, provendo conectividade para aumentar a digitalização de uma gama de empresas

Nesta época foi quando houve um desenvolvimento muito rápido da fibra óptica, chegando alta velocidade de conexão nas residências, houve aceleração muito grande de negócios neste segmento, com sucesso muito grande.

Daí fui convidado e recebi o desafio de coordenar essa área de Negócios Empresariais, a área que atuo até hoje e que trabalhamos para acelerar a digitalização de todos os segmentos da indústria, área de governo e área privada.

"Nossa intenção não é trazer uma cultura de fora para dentro, mas assimilar a cultura local"

Trabalhamos com o setor financeiro, governos, transportes, energia, mineradores, varejo. Sempre falo que esse é um grande desafio porque deixei de olhar para uma operadora de telecomunicações, provendo conectividade para aumentar a digitalização de uma gama de empresas através das nossas tecnologias, que é algo que estamos desenvolvendo e estou aprendendo cada vez mais.

Vejo que há o desafio não só de aprender profissionalmente, de atender as empresas e acelerar o desenvolvimento tecnológico, mas vejo, principalmente, dois desafios quase pessoais.

O primeiro de sair de uma posição de contribuidor individual, gerenciando área e pessoas e agora ser responsável por uma área de negócios completa. Mas além disso, temos a questão cultural.

A cultura brasileira é muito diferente em vários aspectos da cultura oriental. Em muitos aspectos há similaridades, mas em outros são bem diferentes. É um desafio de como conseguir entender e integrar as diferentes culturas e conseguir gerar resultados positivos.

Uma parte importante de nossa estratégia como companhia é localizar os níveis de liderança, a empresa como um todo ser ocidental e não oriental, de sermos focados no país onde ela esteja desenvolvendo o negócio. Nossa intenção não é trazer uma cultura de fora para dentro, mas assimilar a cultura local e crescer a partir daí, sendo esse o segundo grande desafio.

OP - Sobre essa estratégia e cuidado, parte dos mercados ainda se mostram reticentes sobre a chegada de grandes multinacionais. Como foi para a Huawei a percepção sobre como o setor de tecnologia atuava, sua estrutura de mercado e quais desafios encontrou? A relação com as empresas do mercado local têm evoluído?

Wang - Essa pergunta é muito importante. Nos juntamos ao mercado brasileiro inicialmente em 1998. Sobre esse histórico, de quando entramos no País, crescemos e nos desenvolvemos.

Há 25 anos, quando chegamos, haviam outras grandes empresas, boas empresas multinacionais que já trabalhavam no País. Eram empresas americanas e empresas europeias.

Xuelin Wang, CEO de Enterprise Business Brasil da Huawei, com aparelhos da marca(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Xuelin Wang, CEO de Enterprise Business Brasil da Huawei, com aparelhos da marca

A Huawei, como empresa oriental, foi a primeira a entrar e se estabelecer no Brasil. E a partir daí, precisamos nos diferenciar, depois precisamos fazer algo diferente para provar nosso valor e mostrar nosso diferencial, continuando o desenvolvimento em conjunto no ecossistema.

Isso foi o que a gente fez como empresa, servindo primeiramente os pontos de concentração, que eram as conectividades remotas. Como exemplo desse trabalho do que fizemos na região da Amazônia, cabeamos a fibra óptica daquela região, ligando 22 cidades comunidades.

Até então, essa era uma região em que nenhum operador, nenhum fabricante ou empresa queria estabelecer conectividade porque era prejuízo.

Mas a Huawei dentro de sua capacidade entendeu aquilo como necessário e fez essa conectividade, levando conexão até em comunidades indígenas, no Amazonas, levando fibra óptica e conectividade de alta velocidade.

E com isso fomos provando nossa tecnologia, que realmente é uma tecnologia boa. As diferentes iniciativas que a gente promovia no mercado de soluções, fomos mostrando nosso diferencial e crescemos assim, mostrando soluções.

Nós começamos com a tecnologia 2G, 3G, 4G - quando a gente começou a despontar, e agora 5G, em que somos líderes dentro dessa tecnologia no mundo e no Brasil respondemos por 95% da população com essa tecnologia.

Conseguimos nos adaptar e ao mesmo tempo crescer em conjunto com a cultura. Não foi uma dificuldade, mas pela simplicidade da Huawei de chegar e buscar fazer diferente, as culturas se integraram.

É como nosso CEO da Huawei no Brasil (Derrick Sun Baocheng) sempre diz: “A Huawei está no Brasil e para o Brasil”.

E levamos isso muito a sério, estamos estabelecidos para as coisas acontecerem no Brasil. Então existe uma imersão de todos, inclusive dos chineses de diferentes posições e brasileiros que trabalham na empresa tem o objetivo de desenvolver o País e vemos isso por essa e outras iniciativas.

Temos feito muitos trabalhos de desenvolvimento de comunidades e capacidade das pessoas e acho que isso tem nos ajudado a nos estabelecer como grande fabricante, provando nossa tecnologia e todo valor agregado que podemos trazer para a nossa comunidade e todo povo brasileiro.

OP - Esse esforço está relacionado também à conquista de respeito pela comunidade brasileira?

Wang - Sim. Outra coisa interessante é que nos últimos anos a Huawei fez muitos investimentos e a gente não estava preocupado com a lucratividade naquele momento porque sabíamos desde o momento em que chegamos ao Brasil, em 1998, que esse é um país próspero em que poderemos desenvolver o País e avançar como empresa neste País.

Então, nos últimos anos, a rentabilidade ficou em segundo plano. Como grande empresa, pudemos tomar essa decisão, então por isso conseguimos caminhar aos poucos fazendo investimentos em diferentes áreas, mesmo que menos lucrativas, para desenvolver sociedades, envolver as comunidades e desenvolver nossa tecnologia e marcar nosso território dentro do País.

O que podemos fazer para usar da melhor forma possível nas diferentes indústrias. Temos dentro do Brasil, assim como na China e em outros países - quando implantamos o 5G - a aplicação da tecnologia na vida das pessoas, nas empresas e nas próprias operadoras.

OP - Na escalada da tecnologia de conexão, estamos num processo de popularização do 5G. A Huawei já trabalha na consolidação dessa quinta geração, mas já pensa no 6G? Já existem expectativas e estudos relacionados?

Wang - Atualmente, estamos muito focados no 5G. Quando olhamos para a evolução da tecnologia no futuro, pensando que estamos no 5G, o próximo passo é o 5.5G? 6G? Quais são as próximas tecnologias de conexão em alta velocidade que vão chegar? Mas antes de chegar nisso, o próprio conceito de 5.5G é como que fazemos uso da conectividade que temos hoje.

O que podemos fazer para usar da melhor forma possível nas diferentes indústrias. Temos dentro do Brasil, assim como na China e em outros países - quando implantamos o 5G - a aplicação da tecnologia na vida das pessoas, nas empresas e nas próprias operadoras.

A partir desse conhecimento, nos últimos três anos a Huawei desenvolveu unidades verticais focadas em segmentos específicos, como a área financeira, governo, mineração, energia, transportes e outras áreas, que são verticalizadas, que olham para tecnologia 5G com recurso de desenvolvimento de tecnologias e como fazer o melhor uso dessa tecnologia para fazer desenvolver esse segmento industrial.

Foi isso que fizemos nos últimos três anos na China e ajudando outros países. O nosso objetivo hoje é que essas empresas e grupos verticalizados, que trabalham conectados diretamente com essas unidades de negócio da China para aprender com o que foi aplicado lá e em outros países, para que se possa aplicar no Brasil.

Por isso conseguimos acelerar a digitalização das diferentes verticais, diferentes empresas, fazendo melhor uso da infraestrutura.

Só após isso vamos estar prontos para vermos qual será o próximo passo, como chegar ao 6G e para que vai servir essa tecnologia. É como comprar um celular super potente, mas não sabe como utilizar. Para que você vai precisar do próximo?

Em Sorocaba-SP, temos nosso centro logístico, que é um galpão de dezenas de milhares de metros quadrados, totalmente informatizado com tecnologia 5G, onde temos os robôs e as máquinas conectadas, minimizando qualquer tipo de falha humana e aumentando a produtividade.

Existe uma lógica muito interessante em que começamos a entender melhor as diferenças culturais da visão oriental se comporta e encara os desafios e pensa de forma diferente as estratégias. A primeira coisa é a própria infraestrutura 5G.

Podemos trazer a tecnologia, mas se não houver suporte para o desenvolvimento local, não consigo avançar muito. Então uma das grandes estratégias é justamente trabalhar em conjunto com os parceiros, permitindo que consigam usar a tecnologia, trazer e aperfeiçoar essas soluções para o desenvolvimento das empresas.

Então a gente tem tido um trabalho de desenvolvimento do ecossistema de inovação entre as nossas responsabilidades para trazer esses parceiros desenvolverem soluções ao redor da infraestrutura de 5G. A gente faz produção local, mas também precisamos desse ecossistema de parceiros para o desenvolvimento de soluções.

Xuelin Wang, CEO de Enterprise Business Brasil da Huawei, destaca que o grupo prima pelo investimento de inovações e mantém planta industrial totalmente automatizada em 5G no interior de São Paulo(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Xuelin Wang, CEO de Enterprise Business Brasil da Huawei, destaca que o grupo prima pelo investimento de inovações e mantém planta industrial totalmente automatizada em 5G no interior de São Paulo

OP - Além dos parceiros, “o próximo passo” inclui a melhor qualificação da mão de obra brasileira? Investimentos em educação?

Wang - Sobre o próximo passo, primeiro precisamos pensar no principal, a estrutura de recursos humanos, de pessoas capacitadas para conseguir desenvolver. Eu posso até acelerar isso, trazer os parceiros em conjunto, mas eu preciso de mão de obra.

Se não tivermos essa mão de obra especializada, com conhecimento, sempre vou barrar num gargalo que vai impedir o próximo passo. Uma das grandes iniciativas que temos é a capacitação de pessoas no Brasil.

Temos programas que chamamos de "Sementes do Futuro", em que usamos os recursos da Huawei para aprimorar esses conhecimentos, inclusive com parcerias com empresas educacionais, institutos federais, universidades e outros afins para desenvolvimento de mão de obra, para que possam se capacitar e terem interesse em atuar com essas tecnologias para que quando tivermos o 5.5G e 6G já existam pessoas qualificadas para criar, avançar e acelerar a adoção de tecnologia lá na frente.

Essa é a estratégia e lógica que trazemos para o mercado.

OP - Há expectativa de ampliação do centro logístico da Huawei em Sorocaba-SP ou que esse tipo de tecnologia seja replicada por parceiros no Brasil?

Wang - Além da expansão do centro de manufatura que temos como empresa usando tecnologia 5G, o maior valor agregado que a gente pode ter é justamente mostrar essa tecnologia para que outras empresas façam uso e possam ser mais produtivas no mercado.

Essa é uma grande iniciativa que a gente tem. Mas, respondendo diretamente a pergunta, temos o Warehouse em Sorocaba-SP, temos dois centros de fabricação, um em Jundiaí-SP - que possui implantação 5G - e outro em Manaus-AM. A expansão do nosso Warehouse depende da expansão dos nossos outros negócios.

OP - A maioria dos brasileiros conhece a Huawei com a atuação no setor de telecomunicações, infraestrutura e tecnologia, mas existem outras gamas de mercado em que a empresa atua, como energia. Existe algum plano relacionado às energias renováveis e o hidrogênio verde?

Wang - Para falar um pouco sobre isso, vou expandir e falar das operações da Huawei no Brasil, em que focamos em algumas tecnologias específicas, como toda parte de conectividade, temos ainda uma segunda área de tecnologia em que atuamos com armazenamento, inteligência artificial (IA) e análise de dados e alta computação.

Temos uma terceira área que engloba os dispositivos, chipsets, tecnologias e inteligências de navegação para carros autônomos também.

E, por fim, temos a área de digital power, que engloba as energias renováveis, em que temos soluções de inversores solares e de armazenamento de energia.

Temos soluções implantadas no Brasil como um todo e, certamente, no estado do Ceará temos algumas fazendas de energia solar que utilizam nossa tecnologia.

Temos um trânsito de informações muito grande, gerando muita informação, então uma coisa interessante já que aqui é muito fácil ter geração de energia renovável pela capacidade solar e eólica mais barata é transformar o Estado no grande gerador e vendedor de energia para outros estados.

OP - Como é a relação atual da Huawei com o Governo do Ceará e quais as perspectivas para o futuro?

Wang - Em setembro, tivemos a oportunidade de receber o governador do Ceará, Elmano de Freitas, e sua comitiva, na sede da Huawei, em Shenzhen (na China), onde foram discutidas várias oportunidades de desenvolvimento para o Estado como um todo, mas focamos em algumas áreas principais, como educação e sua conectividade, conectividade para área de saúde, segurança pública e soluções em cidades inteligentes.

São os grandes focos que trabalham junto com o Estado, mas sempre olhando sobre qual será o próximo passo, no que já podemos começar a pensar a partir de toda infraestrutura de conectividade. Temos um trânsito de informações muito grande, gerando muita informação, então uma coisa interessante já que aqui é muito fácil ter geração de energia renovável pela capacidade solar e eólica mais barata é transformar o Estado no grande gerador e vendedor de energia para outros estados.

Também podemos aproveitar e montar uma infraestrutura computacional local em que todo trânsito de dados fica localizado no próprio Estado e você faz toda a mineração de dados para tomada de decisão mais inteligente. Aí sim vemos o valor da informação, não só com o trânsito da informação no Ceará, mas com a mineração dos dados e trazendo a inteligência para desenvolver a sociedade de uma forma mais adequada.

Xuelin Wang, CEO de Enterprise Business Brasil da Huawei, destaca as ações da companhia em diversos segmentos desde que chegaram ao País(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Xuelin Wang, CEO de Enterprise Business Brasil da Huawei, destaca as ações da companhia em diversos segmentos desde que chegaram ao País

OP - Como a Huawei lida com declarações mais ríspidas sobre as empresas do setor de tecnologia da China nesta corrida tecnológica mundial, que envolve países ocidentais, como os Estados Unidos?

Wang - Temos o nosso DNA. O nosso principal objetivo é servir o cliente através dos parceiros. Se eu tenho a tecnologia e não consigo chegar com essa tecnologia no meu cliente, de nada serve minha tecnologia.

Um grande valor que temos é justamente o contínuo desenvolvimento da própria tecnologia. Dentro dos nossos principais pilares, conseguimos sobrepor qualquer tipo de dificuldade, seja ela política ou econômica ou qualquer outra coisa.

E dentro do desenvolvimento de tecnologia, temos 55% de todos os funcionários da Huawei no mundo na área de pesquisa e desenvolvimento, a quantidade de cientistas que temos desenvolvendo produtos e materiais para a gente é muito grande.

E a gente investe no mínimo 10% de tudo que faturamos em P&D. No ano passado, o investimento passou dos 15% dentro do nosso faturamento, o que equivale a mais de US$ 23 bilhões no mundo. Então, nos últimos anos, tivemos investimentos acumulados de mais de US$ 140 bilhões no mundo.

E mais de 114 mil funcionários trabalhando nesta área e com mais de 120 mil patentes de tecnologia registrados ao redor do mundo.

Não só na China, mas em diferentes países, como no Brasil, aonde nós temos sedes de pesquisas e desenvolvimento. Com isso, a gente consegue ter todo esse desenvolvimento dessas tecnologias de uma forma muito eficiente, trazendo valor agregado através dos parceiros.

OP - Sobre a área de pesquisa e desenvolvimento, a Huawei desenvolve solução relacionada a um novo modelo meteorológico a pedido do governo brasileiro. De que forma esse plano transcorre?

Wang - Sendo curto na resposta, a gente está discutindo como utilizar tecnologias de inteligência artificial aplicadas aos diferentes modelos e países para que possamos trazer para o Brasil. Isso está sendo discutido.

Temos como exemplo de ação neste estilo, nossa tecnologia de previsão de tufões na região da costa da Ásia, onde existe uma alta concentração de ocorrência.

Então, modelos matemáticos que foram utilizados nos últimos anos e o comparativo de informação com o que já havia acontecido, desenvolvemos um modelo de inteligência artificial que aprendeu como que a natureza reage e, num dos últimos tufões que passou pela Ásia, o modelo conseguiu prever 10 dias a rota que ele iria fazer e fomos extremamente acertivos neste caminho.

Isso permitiu grande economia dos governos e também, obviamente, salvamos muitas vidas. Esse é o poder computacional que estávamos falando, do quão positivo seria para o Governo do Ceará pudesse investir neste poder computacional local, de forma a dispor de informações e gerar e prover soluções para outros estados e regiões com as nossas tecnologias, adotando as melhores práticas de outros países.

OP - O quão importante para os objetivos da Huawei é o Brasil e qual atenção tem sido dada com foco nos planos estratégicos para o futuro?

Wang - Da minha perspectiva e da empresa, acreditamos que o Brasil é um país bastante amistoso e aberto às novas tecnologias e que vai de encontro com as necessidades de desenvolvimento das grandes empresas e grandes economias.

As economias se desenvolvem com tecnologia e, sem ela, não se consegue acelerar. Enxergamos o Brasil um país bastante positivo neste conceito. Nós, como empresa de tecnologia, podemos ajudar porque provemos toda parte de conectividade e computacional de inteligência artificial, mineração de dados e outros afins, passando pela parte de conexão do usuário até o tráfego das informações e o armazenamento.

Mas mais do que isso, sozinhos não conseguimos chegar lá. Como empresa não conseguiremos avançar um país a crescer. Temos as soluções, podemos prover, mas precisamos de parceiros para trazer essas soluções ao mercado, com soluções específicas para o mercado para fazer crescer diferentes empresas.

Ao mesmo tempo, precisamos do apoio das empresas e governo para formação de mão de obra especializada. Com esses pilares atendidos, fica muito mais provável de funcionar essa máquina e certamente conseguiremos desenvolver o Brasil e é isso que a gente espera.

 

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