Entre frutas, proteínas, legumes e até ração para pets, os preços nos supermercados de Fortaleza, que foram na contramão das altas, deram um refresco nos quatro primeiros meses deste ano, com uma queda de até 54%.
É o que aponta levantamento do Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza), que consultou estabelecimentos da Capital de 1º a 14 de abril, com análise do Jornalismo de dados do O POVO, por meio do projeto Preço Comparado.
A pesquisa pública do órgão compara os valores de, aproximadamente, 100 produtos em mais de 30 lojas da Capital, mas O POVO fez o recorte de 20 itens que mais baratearam entre os meses de janeiro a abril.
No período, o abacate teve a maior queda percentual, que despencou 54,11%. Seu preço médio em janeiro era R$ 12,99. Em abril, caiu para R$ 5,96, uma diferença de R$ 7,03.
Em seguida, aparece o quilo da cenoura, com uma retração de R$ 2,80. O produto saiu de R$ 9,79 para R$ 6,99, ou seja, 28,60% a menos.
Já a ração para gato filhote da marca Whiskas (900g) custava R$ 31,99 em janeiro e passou para R$ 23,99 em abril (-25,01%).
Logo depois, diversas frutas entram na lista: maracujá (-22,52%), tangerina morgote (-21,26%), laranja pêra (-16,69%), maçã nacional (-12,51%) e goiaba (-8,45%).
Conforme a presidente do Procon Fortaleza, Eneylândia Rabelo, os hortifrútis dependem bastante da situação climática. “Às vezes, muita seca ou então muita chuva. Também é a época do ano em que aquela fruta ou legume tem mais produção. Todos esses fatores acabam interferindo no preço.”
Além disso, salienta que, para economizar, é essencial pesquisar dias de promoções, acessar aplicativos de compras e fazer pesquisas de preço.
“Evitar ir ao supermercado com fome, porque há uma tendência de adquirir mais produtos. Ou então levar crianças, já que elas geralmente têm uma tendência de estar pedindo aos responsáveis para comprar itens nem são tão necessários.”
Nesse sentido, avalia que o Preço Comparado, apesar de ser um trabalho educativo, é uma excelente ferramenta até para baratear o produto de um determinado supermercado.
“Quando você divulga o preço dos produtos com o nome dos supermercados, nenhum quer estar na lista dos mais caros. Geralmente, quer passar uma imagem positiva para o consumidor, dentre os mais baratos. Então, o supermercado que está mais caro avalia, reavalia os seus preços e, consequentemente, eu acredito que eles barateiem para justamente não sair na próxima pesquisa.”
Confira mudança nos preços no período de janeiro a abril
O preço médio do azeite de oliva Andorinha (500ml) também apresentou um recuo expressivo: custava R$ 53,99 no início do ano e caiu para R$ 49,99 quatro meses depois, redução de R$ 4, o equivalente a 7,41%.
No entanto, continua com um preço alto em relação aos anos anteriores, quando era comercializado na casa dos R$ 25.
A título de comparação, em abril deste ano o maior valor encontrado nas prateleiras para o item é de R$ 65,69, enquanto o menor foi de R$ 42,99. Por outro lado, em maio de 2023, estava em R$ 21,99 e R$ 38,39, respectivamente.
Segundo o economista Ricardo Coimbra, a escassez do produto se deu por um problema climático no Mediterrâneo, no qual os principais produtores de azeite do mundo (Portugal, Espanha e Grécia) foram afetados.
"Teve problema de seca e queimadas em algumas das plantações de oliváceas lá na Serra. E no momento anterior, esse impacto foi significativo na produção. Agora, está tendo uma melhoria no volume de produção nessa região e começam a gerar um efeito sobre o preço.”
Contudo, explica que ainda há um reflexo desse forte impacto do ciclo anterior. Ou seja, o volume de produção em relação à demanda melhorou, mas continua distante do necessário para gerar uma redução mais significativa no valor do azeite.
Em relação aos outros alimentos, o economista avalia que dependem da safra. Por exemplo, neste período há uma tendência para a produção do milho e do feijão, devido ao volume de chuvas.
“Mas, em compensação, de repente o tomate, que não se dá bem com a chuva, pode ser que tenha uma elevação no preço. O preço da cebola também pode continuar a subir. Porque são produtos que precisam de um volume menor de água.”
Dos produtos que compõem a pesquisa do Procon Fortaleza recortada pelo O POVO, oito dos dez que mais variam entre os supermercados são frutas.
Foi identificada uma diferença de 269% nos estabelecimentos da Capital para o quilo do abacate. O Centerbox, do Jangurussu, registrou o menor valor, a R$ 3,79, enquanto o GBarbosa, no bairro Edson Queiroz, o mais caro, a R$ 13,99.
Na mesma linha, três itens registraram uma grande disparidade entre as lojas: a cenoura (200%), o maracujá (154%) e a maçã (153%).
Em contrapartida, o azeite obteve a menor variação dentre os preços atuais (20,94%) praticados entre os supermercados. O valor mais em conta foi encontrado a R$ 42,99 no Super do Povo, do Henrique Jorge, e o mais caro, a R$ 51,99, no Guará Supermercado, da Praia de Iracema.
Já o arroz branco foi outro que registrou uma das menores diferenças entre os estabelecimentos (23,77%). O local mais barato era o Super Mercadinhos São Luiz, na Aldeota. Por outro lado, o Super do Povo Supermercados, no Henrique Jorge, e o Super Lagoa, no Centro, praticavam o maior preço: R$ 7,29.
Segundo a presidente do Procon Fortaleza, Eneylândia Rabelo, é comum haver disparidade de preços nos supermercados e o mercado pode praticar a livre concorrência. Porém, não pode fazer isso de maneira abusiva.
“Quando a gente faz essa investigação, sempre analisa o mesmo supermercado. Exemplo: se um determinado produto no supermercado está a um preço x. No dia seguinte, aquele valor aumenta, do nada, significativamente. Isso aí pode, sim, caracterizar um aumento abusivo.”
Em relação aos estabelecimentos que contaram com a maior quantidade dos itens mais baratos no recorte do O POVO, há o Centerbox, do Jangurussu, e o Mercado Extra, no bairro Fátima. O primeiro tem cinco produtos de menor valor na lista e o segundo três.
Todavia, o Guará Supermercado, na Praia de Iracema, e o Pão de Açúcar, na Aldeota, possuem o maior número de itens mais caros no recorte dos que caíram de preço. Dos 20 produtos, oito tiveram os maiores valores em ambos os empreendimentos.
Maior e menor preço dos produtos que mais tiveram baixas em Fortaleza
O POVO vai lançar, no dia 30 de abril, uma nova plataforma de consulta de preços, esta para assinantes do O POVO+, a partir de todo o histórico da pesquisa Preço Comparado, em parceria com o Procon Fortaleza.
Na inauguração da ferramenta, o consumidor vai poder consultar o comportamento de preços ao longo de todo o ano de 2024 até chegar a abril de 2025.
A primeira publicação do agregador também trará os supermercados por bairros e variação e a média de cada um dos 100 itens levantados pelo Procon.
O projeto Preço Comparado - Supermercados é uma parceria entre O POVO e o Procon Fortaleza. Mensalmente, são analisados 100 itens de 36 supermercados da Capital e gerado um conteúdo exclusivo para os leitores do OP+