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Valor de itens das ceias de fim de ano pode variar até 446%
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Reportagem Seriada

Valor de itens das ceias de fim de ano pode variar até 446%

Esse é o caso do amendoim sem pele torrado e salgado. Ao todo, nove produtos relacionados às datas apresentam variação acima de 100%, segundo pesquisa

Valor de itens das ceias de fim de ano pode variar até 446%

Esse é o caso do amendoim sem pele torrado e salgado. Ao todo, nove produtos relacionados às datas apresentam variação acima de 100%, segundo pesquisa
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O preço dos produtos mais consumidos nas ceias de fim de ano, especialmente as natalinas, podem variar até 446%, a depender do local onde o consumidor faça a compra. Esse é o caso, por exemplo, do amendoim sem pele torrado e salgado, que pode ir de R$ 38,13 a R$ 208,25 o quilo.

Os dados são apontados pelo levantamento do Departamento Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Fortaleza).

Os valores foram consultados em supermercados da Capital de 8 a 16 de dezembro e analisados pelo O POVO, por meio da Central de Dados O POVO+, dentro do projeto Preço Comparado. Foram analisados os preços de 70 itens unitários em 12 estabelecimentos varejistas, distribuídos pelas doze regionais do município.

A pesquisa contemplou produtos de diferentes marcas e tipos, organizados nos seguintes segmentos: queijos, farofa pronta, azeitonas, panetones, chocotones, azeite de oliva, castanhas e outros frutos oleaginosos, frutas frescas, frutas cristalizadas, frutas enlatadas, caixas de bombons, carnes, aves e peixes, espumantes, vinhos e refrigerantes. A coleta dos preços foi realizada de forma presencial, por meio da observação direta nos estabelecimentos visitados.

Depois do amendoim, o item com maior variação são as frutas cristalizadas (puras ou misturadas), com variação de 262%, sendo encontradas de R$ 19,86 até R$ 71,90 por quilo. Na sequência aparece o vinho da marca Gaúcho, com variação de 233%, podendo ser encontrado de R$ 14,99 até R$ 49,90, a garrafa de 750 ml. Vale destacar ainda a uva (Thompson), que varia 172% de preço, sendo encontrada de R$ 13,96 até R$ 37,98, o quilo. Outros cinco produtos têm variação acima de 100%.

 

Variação de preços nos produtos

 

Para o economista Alex Araújo, “esse comportamento de variações tão grandes, tanto entre estabelecimentos como provavelmente entre bairros, reflete essa demanda que é concentrada nesse período. Alguns produtos, como a castanha de caju, são consumidos o ano todo, mas, com crescimento da demanda no período, os estabelecimentos terminam ajustando os preços meio que para aproveitar um pouco desse movimento. Então a gente vai ver essas variações”.

Ele pontua que além da necessidade de pesquisar entre diferentes estabelecimentos, nos casos em que há concorrência entre diferentes produtores, o consumidor consegue ter vantagem quando muda de uma marca para outra. “Obviamente, quanto mais sofisticado o produto, por exemplo, o panetone que tem frutas secas ou nozes envolvidas, ou um maior percentual de chocolate, esses produtos tendem a ser mais caros naturalmente em função dos insumos que utilizam”, cita.

 

Economia média por categoria

 

Conforme o coordenador jurídico do Procon Fortaleza, Airton Melo, a pesquisa realizada pelo órgão municipal “tem um objetivo educacional e informativo ao consumidor, na perspectiva de deixá-lo bem informado acerca dos preços que estão sendo praticados, principalmente em épocas específicas, como agora no Natal e no Réveillon. Esses são produtos que normalmente compõem a mesa dos fortalezenses”.

Assim como Araújo, Melo destaca a questão da demanda como um ponto importante para essas variações de preço. “Via de regra, nós temos em dezembro um comportamento de mercado em que normalmente há elevação de preços à medida que a data se aproxima, porque aumenta a demanda. Automaticamente, quanto maior a procura, maior a possibilidade de você ter redução de oferta e elevação de preço”, explica.

“A pesquisa busca fornecer elementos para que os consumidores possam, comparando esses preços, fazer aquisições compatíveis com o seu orçamento, observando os preços mais módicos, mais interessantes, já que são preços definidos dentro da mesma linha de qualidade de produto”, conclui o coordenador jurídico do Procon Fortaleza.

 

 

Barra do Ceará tem preços mais baratos entre bairros pesquisados

Além das variações entre os produtos nos diferentes supermercados pesquisados, o levantamento também considerou as 12 regionais em que se divide a cidade e averiguou haver grande diferença entre os preços médios dos diferentes produtos nos diferentes bairros pesquisados.

O menor preço médio de produtos natalinos, por exemplo, pode ser encontrado na Barra do Ceará, localizada na regional 1, onde ele chega a R$ 27,38 por item. Na sequência aparece o Jangurussu localizado na regional 9 e cujo preço médio por item é de R$ 33,01. Muito próximo nessa comparação entre bairros está o Panamericano na Regional 11, com preço médio por item de R$ 33,42.

Por outro lado, o preço médio mais alto localizado na pesquisa foi na Aldeota, onde chega a R$ 57,95. O bairro fica na Regional 2, considerada zona nobre da cidade. Na sequência aparecem dois bairros que já foram distritos de Fortaleza. Localizado na Regional 10, o Mondubim, por exemplo, tem preço médio de itens natalinos em torno de R$ 52,78. Já a Messejana, que fica na Regional 6, tem preço médio de 43,89.7

Variação de preço entre bairros diferentes ocorre pela dinâmica de consumo e renda média dos consumidores(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Variação de preço entre bairros diferentes ocorre pela dinâmica de consumo e renda média dos consumidores

Conforme explica o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Reginaldo Aguiar, mesmo em uma mesma rede de supermercados pode haver variação entre bairros diferentes por conta da dinâmica de consumo e renda média dos consumidores.

“Se você pegar uma cidade como Fortaleza e colocar que o preço da bandeja com 30 ovos é o mesmo na cidade toda, R$ 20, por exemplo, para o consumidor da periferia fica caro e para o consumidor que tem muito dinheiro e mora na Aldeota, fica extremamente barato”, exemplifica.

“Então, qual é a estratégia que as empresas usam no varejo? Você tem que colocar o preço máximo adequado para cada região. Então, na região em que você tem renda maior, se você botar o preço da bandeja de ovos a R$ 30, é a melhor forma para o empresário, é onde ele arrecada mais”, esclarece.

 

 

Pesquisar e antecipar o que for possível faz diferença

Se o leitor ainda não tiver feito suas compras para a ceia natalina ou para o Réveillon, a dica é, além de pesquisar, antecipar a ida aos supermercados.

É o que aconselha o economista Alex Araújo, que explica que em estabelecimentos onde a demanda é mais acelerada, ou seja, onde a procura por determinado produto acontece de forma mais rápida, a tendência é a subida dos preços até a chegada dos festejos de fim de ano.

“Como o Natal já é nesta semana, é importante tentar antecipar um pouco a compra, principalmente quando se fala das aves, que é muito comum serem compradas para a comemoração nesse período. Um pouco de antecipação faz com que o consumidor consiga pagar preços mais em conta, porque à medida que a gente se aproxima da data os preços vão subindo”, pontua Araújo.

 

Comparativo 2024 x 2025

 

O economista explica que a dinâmica de consumo neste ano está um pouco diferente de anos anteriores.

“O ano de 2025 está tendo uma característica muito importante, muito singular, que é: o consumo vinha muito reprimido até a Black Friday. Da Black Friday para cá, a gente teve uma aceleração da demanda. Então, no caso dos vinhos, por exemplo, bebidas típicas nesse período, os supermercados estão vendendo com uma velocidade muito grande. Então, às vezes, o consumidor pode até ter dificuldade de encontrar se for comprar muito em cima da hora”, alerta o economista.

Mesmo precisando correr antes que os preços subam mais, a pesquisa continua sendo a principal dica para economizar na hora de fazer as compras da ceia natalina e do Réveillon. “Hoje você tem uma diversidade muito grande de supermercados locais que são muito estruturados, que fazem compras em grandes quantidades, que permitem você fazer essas pesquisas e comparar preços, buscando aquela condição que seja mais favorável para o orçamento do consumidor”, analisa.

 

 

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