Filho do educador Ari de Sá Cavalcante, Oto, o primogênito de cinco irmãos, sonhou ser jogador de futebol. Mas, o desejo foi interrompido pelo pai, ainda na adolescência, que queria que o filho estudasse. Assim foi.
Oto conta que escolheu a faculdade de Engenharia, talvez, para satisfazer o genitor, que queria a profissão, mas não teve a oportunidade de cursar devido à origem pobre e à falta do curso no Ceará à época. Mas foi na Educação que descobriu sua grande vocação.
Aos 19 anos, conquistou o primeiro emprego, na escola em que o pai era sócio, dando aulas de Matemática. Foi na figura paterna que viu os principais valores da sua vida: foco, importância da leitura e dos estudos e amor pelo trabalho.
Em 1967, teve a grande perda, o falecimento precoce do progenitor. E sentiu-se obrigado a entrar efetivamente na escola para suprir a ausência do pai. Inicialmente relutou a trabalhar com Educação, pois queria seguir na Engenharia.
Mas assumiu a direção ao lado da mãe, Hildete, e do irmão Tales. Hoje, da profissão que se formou tira proveito acompanhando as obras dos colégios. Anos depois mais um trauma que marcou sua vida, a separação das unidades do colégio da família e o recomeço como Colégio Ari de Sá.
Conta que o trabalho foi redobrado, mas conseguiu fazer "uma escola de altíssima qualidade a partir do desafio".
Hoje são cinco unidades de colégio, uma em construção, e uma faculdade, que preside, tendo a esposa, Margarida Maria Porto Soares de Sá Cavalcante, Guida, como conselheira, e o filho, Ari Neto, na mesma função da mãe.
E é o presidente do Conselho da Arco Educação, outra empresa da família, que é tocada por Ari Neto. Acredita que ainda tenha contribuições para dar na vida profissional e não pensa em parar tão cedo.
Confira a conversa do O POVO com o empresário que é movido pela leitura e nutre um grande amor pela família. Teve de recomeçar na área da Educação e hoje vê, no filho, o sucesso da terceira geração de Sá Cavalcante dedicada à Educação.
O POVO - O senhor nasceu em Fortaleza, em 1946. E a família tinha um sítio à beira da lagoa de Messejana… O que mais marcou esse período?
Oto de Sá Cavalcante - Nós moramos em algumas casas, acho que a casa que mais nos identifica é na rua Senador Pompeu. Mas papai tinha um sítio em Messejana.
Naquele tempo, Messejana era muito bucólica, não era esse aglomerado urbano que é hoje. Íamos muito para lá, fim de semana, feriado.
O POVO – Quando criança o senhor tinha um sonho especial para sua carreira...
Oto - Eu queria ser jogador de futebol. Eu cheguei a jogar, à época. O Gentilândia (bairro de Fortaleza) era grande celeiro de jogadores, eu cheguei a jogar no time do infantil do Gentilândia. Fui capitão do time, mas o papai cortou a carreira. (risos)
Mandou estudar, eu tinha uns 14, 15 anos, e logo em seguida veio o vestibular. Continuei jogando, mas só de brincadeira.
A lembrança mais forte que eu tenho da adolescência e até mesmo da infância é do futebol. O futebol é muito marcante no Brasil e eu era apaixonado até onde você pudesse imaginar.
O POVO - Então nas horas vagas, quando não estava na escola, era jogando bola?
Oto - O futebol até prejudicou um pouco, no começo, meus estudos. Nunca fui mau aluno, mas eu poderia ter me dedicado um pouco mais. Mas, de qualquer forma, eu entrei na escola de Engenharia, era o mais novo da minha turma.
Mas foi preciso fazer um esforço para conseguir o êxito.
O POVO – As virtudes de seu pai, Ari, foram de grande importância na sua formação, assim como o bom senso e a força de sua mãe, Hildete. Queria que o senhor falasse um pouquinho mais deles, o que passaram para o senhor e seus irmãos?
Oto - Realmente o que o papai e a mamãe tinham de mais forte e que me surpreendeu muito... Sou o filho mais velho de cinco, era a harmonia que eles tinham. Nunca assisti uma divergência dos dois.
Se um tinha uma opinião, o outro recuava. Mas nunca ficava explícita qualquer divergência. Era um casamento que eu diria que não existe. Outra coisa muito importante é que, às vezes, o pai dá uma orientação e a mãe dá outra. Isso é péssimo.
No caso deles, não existia isso, nós tínhamos uma orientação só.
O POVO – Os estudos sempre foram um ponto importante na educação da família. Como o senhor tratava o tema?
Oto - O papai acompanhava os estudos dos cinco filhos muito intensamente. Até mesmo quando eu estava na faculdade, ele ficava perguntando para mim sobre cada professor.
'Professor tal, como é? Sabe a matéria? Ensina bem?'. Ele tinha uma ideia perfeita sobre os nossos professores. Nessa época ele também era da faculdade de economia.
Ele conviveu muito conosco, estava sempre presente, sempre conversando. Ele era muito irônico, mas era um homem do diálogo. Nós tínhamos o direito de expressar nossas opiniões.
Já a mamãe era mais sóbria, mas também uma mulher muito inteligente, como ele.
O POVO – O senhor Ari também dava conselhos sobre finanças...
Oto - Ele valorizava muito o estudo, a leitura e a poupança. Ele sempre defendia que a pessoa só deve gastar o que pode.
Por menos que você ganhe, você sempre tem que reservar alguma coisa, tem que fazer alguma poupança. E se eu, por exemplo, queria que ele aumentasse a mesada, ele dizia: 'Faça um demonstrativo'.
O POVO – A diferença do senhor para o segundo filho era de quantos anos?
Oto - Sou eu, dois anos depois a Hilda; dois anos depois, o Tales; e na sequência a Dayse e o João.
O POVO – Por que o senhor decidiu estudar Engenharia?
Oto - Papai era pobre. Na casa dele só tinha uma luz na sala. Não tinha luz no restante da casa. E ele, à noite, ia para uma praça pública para estudar, onde pudesse ter luz.
O papai queria fazer Engenharia, mas não tinha Engenharia no Ceará. Ele teria que ir para Salvador, local mais próximo.
Ele queria trabalhar, se virar e fazer o curso de Engenharia. Mas o vovô não concordou. Ele ficou por aqui e terminou fazendo Direito.
Eu não sei se influenciado nesse sonho não realizado, eu mesmo não sei explicar, mas desde cedo eu disse que queria fazer Engenharia e ele apoiou inteiramente.
Trabalhei muito tempo como engenheiro. Ainda hoje, supervisiono todas as obras do Ari de Sá.
O POVO – Onde foi o primeiro emprego do senhor?
Oto - Papai tinha um sócio e eu não pensava, de maneira nenhuma, em trabalhar no colégio. Eu queria trabalhar com Engenharia, mas logo que eu entrei na escola, papai já dava sinais do problema que tinha no coração, e me estimulou a dar aulas.
Então, logo no primeiro ano (de faculdade), aos 19 anos, eu fiquei dando aulas de matemática no colégio.
Ele era cardíaco e morreu aos 49 anos.
O POVO - O senhor foi o primeiro dos filhos a lecionar no colégio?
Oto - Sim, era o mais velho. Com a morte dele, em 1967, fui obrigado praticamente a entrar mais forte. Mas se o papai tivesse vivido mais, talvez eu não tivesse me dedicado ao colégio.
Para ser verdadeiro, eu devo dizer que, inicialmente, eu não queria trabalhar com educação.
Porque eu achava que deveria trabalhar como engenheiro. Mas, com a morte do papai, eu mergulhei no colégio.
Continuei dando aulas e me envolvi também na administração. E hoje eu sou uma pessoa apaixonada por educação. Hoje eu não consigo me ver sem trabalhar com educação.
A educação é fascinante, é maravilhosa, acho que o educador exerce a profissão mais importante de todas, porque ele forma todos os outros. Quem não se lembra de um grande professor que teve?
O POVO - O senhor tinha 21 anos quando o seu pai faleceu. Quais lições aprendeu logo cedo com essa perda?
Oto - Foi muito traumática para mim a perda do papai. Muito traumática. No começo eu tinha uma certa revolta.
Hoje em dia, quando eu vejo pessoas adoecidas, que sofrem muito, eu acho que que o papai morreu cedo, não teve aquele processo doloroso que muitas pessoas infelizmente se submetem.
A grande lição que eu tirei foi fazer tudo aquilo que o papai recomendava. Ele recomendava muita leitura e eu, até ele morrer, queria estudar os meus assuntos de Engenharia, mas, depois que ele morreu, comecei a me dedicar à leitura. Li muito durante a pandemia.
O POVO – Quais outras lições o senhor Ari deixou?
Oto – O amor ao trabalho, o foco, que é essencial. Papai era focado. Ele achava, até hoje eu tenho consciência disso, que se você fizer um trabalho bem feito, você tem um bom resultado. Em qualquer área. Depende da sua dedicação, depende do seu esforço, da sua competência.
Papai defendia muito isso. Ele era um exemplo de trabalho, de dedicação, de esforço. Papai era um homem muito organizado também. A organização é muito importante.
Ele falava muito em organização mental, a pessoa que tem a cabeça organizada. Papai é minha grande inspiração.
Uma época eu sonhava com as minhas dúvidas e eu perguntava a ele uma opinião e ele dava opinião dele.
Depois passei a ter um novo tipo de sonho, perguntava e ele não queria responder. Agora ele não me responde mais. Evoluiu e hoje eu não tenho mais essa orientação através dos sonhos.
Papai era um homem de uma fortaleza… Na mesa da gente, ele chegou a dizer: 'Vocês se cuidem, porque eu não vou viver muito não'.
O POVO - Como foi fundar um novo colégio, o Ari de Sá, e quais foram os desafios iniciais?
Oto - O desafio inicial foi que nós perdemos uma grande marca. Não posso negar isso. O Ari de Sá partiu do Farias Brito, que é uma grande marca, eu não posso negar. Por questão de correção, eu tenho que dizer isso. Nós precisamos fazer um trabalho redobrado.
Acho que foi bom ter essa perda, porque a gente trabalhou demais, a gente se esforçou demais. Acho que fizemos, modéstia à parte, uma escola de altíssima qualidade a partir do desafio. Tem um livro que acho muito interessante que se chama “O Poder do Fracasso”.
Diante do fracasso, você se supera. Foi mais ou menos assim. A perda foi muito grande, foi muito traumática para nós, mas a sociedade nos prestigiou.
A clientela, de uma maneira geral, quando ela vê que você está trabalhando bem, que você está bem-intencionado, ela apoia.
O POVO – E como foram esses 24 anos de negócios?
Oto - Foi muito trabalho, muita pesquisa, muita conversa com os pais, inclusive muitas reuniões com
eles, que eu participava pessoalmente. Foi muito trabalho, trabalho, trabalho.
Depois disso, eu diria que hoje o Ari Neto está muito bem preparado, ele pode comandar, apesar de ter a atribuição da Arco também, talvez seja escolhida uma outra pessoa que vai dirigir os colégios.
Agora, eu estou me sentindo bem ainda. Não quero prejudicar nada, estou trabalhando bem e quero prosseguir. Nós temos praticamente uma profissionalização já. Porque em cada unidade temos um diretor.
E também diretores por área, diretores pedagógicos, então é praticamente uma profissionalização. Eu coordeno esse pessoal.
O POVO - Queria que o senhor falasse um pouquinho da participação da dona Guida (esposa) e dos filhos nessa parte da escola, na administração, no desenvolvimento, no dia a dia de trabalharem juntos...
Oto - A Guida é conselheira do colégio e é minha conselheira de vida. As orações dela também ajudam muito. E outra coisa, ela consegue unir os filhos, dialogar com todos e ela perdoa com muito mais facilidade do que eu.
Isso é muito importante. Acho que a capacidade de perdoar é maravilhosa. Ela é muito mais forte que eu. Ela costura aqui e acolá e termina alcançando o objetivo da família, que é a união.
Nossos filhos estão muito bem. Muito bem no sentido maior da vida. Felizes, ajustados, equilibrados, constituindo as suas famílias.
O POVO - O Ari Neto foi o único filho que chegou a trabalhar efetivamente com o senhor?
Oto - O Ari Neto trabalhou no começo do Ari de Sá, que foi uma tarefa muito importante, ele deu uma contribuição imensa, não pode ser retirado isso dele. Depois ele foi para o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Nós criamos a Arco e hoje ele está em São Paulo.
Ele dirige a Arco em São Paulo e eu cuido das escolas no Ceará, mas eu sei tudo que ele está fazendo e ele sabe tudo que eu estou fazendo. Eu sou o presidente do conselho da Arco e ele é conselheiro também do Colégio. Ele é um expert em Educação. É muito preparado, é um grande leitor.
O POVO - E no dia a dia, quando ambos estavam em Fortaleza, como era trabalhar com um filho? O senhor deixava de lado que ele era filho, ele era um profissional?
Oto - Não posso dizer que não tem momentos de dificuldade. Porque são duas coisas diferentes. Você tem um executivo e tem um filho. Mas nós tivemos, obviamente, opiniões, às vezes, diferentes, mas sempre nos respeitamos, sempre respeitando as divergências.
O resultado final foi muito bom, mas não posso dizer que nós não enfrentamos momentos de dificuldade, de conversas mais difíceis, tivemos também.
OP - O senhor defende bastante a importância da leitura na transformação da vida das pessoas. Como o senhor avalia que os pais podem trabalhar mais esse hábito com as famílias nesse momento atual de internet, de celulares?
Oto - Gosto muito de dizer que a gente tem que pegar a criança, você tem que começar a plantar na criança o gosto pela leitura. Você tem que procurar livros adequados à criança, não pode querer que a criança leia um livro pesado, Machado de Assis, que é maravilhoso, mas não pode dar para uma criança.
Agora, se eu não leio, como é que o meu filho pode ler? Eu não dou um exemplo de leitura. Então os pais que gostam de ler têm muito mais facilidade de passar para os filhos esse hábito.
O POVO - Como o senhor está avaliando a Educação no Brasil e no Ceará?
Oto - A Educação no Ceará considero que tem pontos muito bons. Existem escolas muito boas, existem alunos maravilhosos. Agora, a escola pública ainda deixa muito a desejar.
Nós temos ainda uma grande massa que não está estudando devidamente. Agora não podemos esquecer que existe uma elite maravilhosa. No Brasil eu acho que é mais ou menos a mesma coisa.
O POVO - Como o senhor avalia o papel das escolas no estímulo de conflitos saudáveis de ideias e não o discurso de ódio? Como podem atuar nessa questão?
Oto - Considero que nós estamos vivendo um momento muito difícil no Brasil. É a primeira vez que eu vejo uma polarização tão grande, tão rigorosa.
Não podemos construir um país dessa maneira. O ideal é que você reconheça a qualidade do adversário, se você tiver essa capacidade, você está bem.
Agora só reconhecem defeitos. É uma coisa odienta e perigosa. Estou assustado com o País por causa disso.
Ninguém sabe no que pode dar para a direita ou para esquerda. Acho que nós devemos buscar o centro. Porque a virtude está no meio. Então, realmente é preocupante.
A escola procura não se posicionar e eu procuro não me posicionar. Acho que existem defeitos de ambas as partes (direita e esquerda). E nós precisamos ter uma outra alternativa. Tem que aparecer um novo, uma pessoa nova.
Um dos grandes males que o Fernando Henrique (ex-presidente do Brasil, 1995-2003) que tem suas qualidades, fez ao País, foi passar à reeleição.
O POVO - Como o senhor avalia a questão do novo ensino médio do Brasil? E o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)?
Oto - Quando se faz uma reforma tributária, se diz que ela vai vigorar só a partir do próximo ano. Se dá um tempo para que as empresas se adaptem. E na educação, não.
Vem a reforma e tem que valer amanhã, como é que pode? Isso é um desprezo a mais que se dá para a educação.
Então eu me preocupo muito com essas reformas feitas de afogadilho, com rapidez. E normalmente não melhoram nada. Só fazem mudar os nomes. Agora, o Enem é uma realidade. É uma experiência que deu certo, que está vigorando.
Obviamente, precisa de correção de rumos, precisa de ajustes, mas está provado que o Enem é uma maravilha. Sou muito favorável.
O POVO - Atualmente, temos um ministro cearense na Educação. Como o senhor avalia a participação de Camilo Santana até o momento?
Oto - O ministro Camilo Santana já demonstrou que é um político muito hábil, o sucesso que ele tem obtido demonstra a habilidade dele.
Ele também é um conciliador, não é homem de grandes conflitos, e eu acho que ele está fazendo um bom trabalho. Tenho grande esperança no trabalho dele.
O POVO - Qual o impacto para o Ceará e para a Educação com a chegada do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)?
Oto - O ITA é uma coisa maravilhosa. No começo até fiquei em dúvida, mas deu certo. Eu espero que seja um ITA com as mesmas condições do de São José dos Campos.
Lá é uma cidade, onde os professores moram dentro do campus. É uma qualidade de vida espetacular, tudo arborizado, é uma coisa fantástica.
Muita gente vem do Sul para estudar com a gente para se preparar para o ITA de lá. Nós temos muitos apartamentos que a gente oferece para esses alunos.
O POVO - Quais as diferenças da Educação à época do senhor e hoje?
Oto - Comparado com a minha época, o ensino hoje de excelência é muito superior àquele tempo. Os professores do preparatório para o ITA, do pré-vestibular, ganham muito bem.
Muito melhor do que os daquele tempo. E as escolas hoje têm muitos recursos que não tinham.
Acho que o ensino de excelência melhorou muito. O ensino básico não. A escola pública da minha época era muito melhor do que a de hoje. Você tem grandes escolas em Fortaleza.
Mas agora é difícil, porque no ensino público você enfrenta o problema da segurança. Hoje, um problema do mundo é a droga, que entra muito no ensino público. É o mal do século.
O POVO - Como foi 2023 para os negócios do Ari de Sá?
Oto - Foi bom. A gente fechou o capital e deu tudo certo. Quando você tem um capital aberto, você fica sujeito aos humores do mercado, da Bolsa (de Valores).
Se você quer fazer um investimento de longo prazo, que vai levar tempo para amadurecer, aquilo não repercute imediatamente.
O investidor da Bolsa, ele é imediatista. Ele quer o resultado imediato. Então para você fazer uma administração mais a longo prazo, mais criteriosa, fica difícil.
Estamos evoluindo a escola, de uma maneira geral, para o turno integral. Porque hoje em dia trabalha o pai, trabalha a mãe. E aí o filho fica em casa
O POVO - Qual o planejamento para o Ari de Sá para os próximos anos?
Oto – Nos preocupamos com o presente, antes do futuro, sempre. Estamos com um grande projeto, em um terreno de 15 mil metros quadrados (m²), na avenida Luciano Carneiro (bairro de Fátima). Será uma escola grandiosa. Vai levar um tempo ainda, porque é muito grande.
Nós achamos que é uma área que não vai brigar com as outras unidades. Ela deve ficar pronta no fim do ano ou no começo de 2025. A capacidade é de mais de 3 mil alunos, mas vamos começar devagarinho.
O POVO - Planos pessoais, o senhor tem para o futuro?
Oto - Não. Os planos pessoais são conviver bem com a minha mulher, com os meus filhos e continuar trabalhando, porque eu acho que a vida sem trabalho é muito sem graça.
O POVO - E qual o legado que o colégio Ari de Sá traz aqui para a população cearense?
Oto – O Ari de Sá já deixou um legado de qualidade, de excelência. Isso é pacífico. A população do Ceará toda pensa que o Ari de Sá é uma escola de excelência.
Nós temos compromissos e desafios pela frente. Todo dia é um dia novo.
Nós não podemos nunca achar que está tudo resolvido, que está tudo bem. Isso tem que ser dinâmico. Tive um prazer imenso, indescritível, de construir esse legado. (Colaborou Larissa Viegas)
Em sua residência, a maior parte das filmagens e entrevistas aconteceu na chamada sala azul, seu local predileto na casa. O ambiente é todo decorado com objetos das cores azul ou branca. Além de tomar o café da manhã com a esposa, quando estão só os dois, também faz no espaço aconchegante suas leituras diárias e anotações cotidianas.
O gosto por frases e pensamentos de reflexão estão espalhados por todo o escritório. É visível a motivação que tanto Oto tem ao lê-las como deseja passar bons exemplos aos alunos que frequentam as unidades do Colégio Ari de Sá. Além disso, o empresário reuniou no livro "Palavras que inspiram" muitas das suas frases e mensagens preferidas. Entre elas: "E a palavra, uma vez lançada, voa irrevogável" do poeta latino Horácio, 65-8 a.C.
Assim que chegamos ao escritório do senhor Oto, que fica na unidade do colégio Ari de Sá da avenida Washington Soares, ele mostrou com orgulho o seu crachá, com sua foto e seus dados. Diz que usa ele todos os dias e a primeira coisa que faz ao chegar é colocá-lo.
Esta entrevista exclusiva com o fundador do colégio Ari de Sá, Oto de Sá Cavalcante, para O POVO inicia a segunda semana da terceira temporada do projeto Legados: A tradição familiar como pilar dos negócios.
Serão seis entrevistas com grandes empresários para contar a base que sustenta seus princípios, valores e tradições familiares que estão sendo passados para as novas gerações. E, ainda, o legado empresarial para o Ceará.
No próximo episódio, conheça a história da empresária de carnes de Fortaleza, Silene Gurgel, fundadora da Fazendinha.
Uma série de entrevistas especiais com grandes empresários que deixam legados para a sociedade e a economia do Ceará