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Brasileiro consome 30% menos em 5 anos e efeito cascata atinge mercado de trabalho
Reportagem Seriada

Brasileiro consome 30% menos em 5 anos e efeito cascata atinge mercado de trabalho

Este texto dá início ao Projeto Retomada da Economia que mostra qual a situação do País nos últimos anos. Além de reajustes econômicos e fiscais é necessário um novo olhar para as tendências mundiais e para os potenciais regionais. Na agenda para recuperar o que se perdeu, reorganizar o mercado de trabalho e criar novas oportunidades para o empreendedorismo e para os negócios de impacto social
Episódio 1

Brasileiro consome 30% menos em 5 anos e efeito cascata atinge mercado de trabalho

Este texto dá início ao Projeto Retomada da Economia que mostra qual a situação do País nos últimos anos. Além de reajustes econômicos e fiscais é necessário um novo olhar para as tendências mundiais e para os potenciais regionais. Na agenda para recuperar o que se perdeu, reorganizar o mercado de trabalho e criar novas oportunidades para o empreendedorismo e para os negócios de impacto social
Episódio 1
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Entender a realidade que se desenha no agora é o primeiro passo para saber como mudá-la. O fato é que o Real perdeu 31,32% do seu valor de 2017 para cá com o aumento gradativo da inflação. 

Em cinco anos, o brasileiro já compra um terço a menos do que antes e a relação entre salário e preços dos alimentos, combustíveis e demais itens aperta no bolso do consumidor. 


Brasileiro está comprando cerca de 30% menos nos últimos cinco ano. Com a alta dos preços, consumidor com receio de comprometer o orçamento(Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Brasileiro está comprando cerca de 30% menos nos últimos cinco ano. Com a alta dos preços, consumidor com receio de comprometer o orçamento

Parecem apenas números, mas os dados se refletem na despensa do cidadão. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, por exemplo, ficou em 1,06% em abril deste ano, no mais alto patamar para um mês de abril desde 1996 (1,26%), ou seja, em 26 anos.

No mês anterior, a taxa ficou ainda maior, em 1,62%, sendo a maior alta desde 1994 (28 anos), quando foi criado o Plano Real.

Em maio, arrefeceu e ficou em 0,47%, mas voltou a acelerar em junho (0,67%) com a alta de alimentos. A tradução de tantos percentuais se reflete na perda do poder de compra do consumidor.

Inclusive, de acordo com relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de maio, a inflação do Brasil segue entre as maiores do mundo. Dentre os países que compõem o G20, grupo que representa os mais ricos, o País está atrás apenas da Turquia, Argentina e Rússia.

Mas mesmo com todos estes números (obstáculos) pelo caminho, para o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, o Real continua sendo uma moeda forte.

E apesar de persistência da inflação é um patamar enfrentado no mundo e que começou de forma mais aguda com a chegada da Covid-19.

“Ano passado tivemos crise hídrica, neste ano, guerra na Ucrânia. É uma série de acontecimentos que estão de fato gerando um pouco mais de desafios na inflação, mas está muito longe de um cenário que pode favorecer o aparecimento da hiperinflação, com uma inflação galopante como a antes do Plano Real”, explica Braz.

 

 

 

A distante realidade da hiperinflação

 

Quem vivenciou a época de preços altos com trocas diárias de precificação nas prateleiras, como a economista e socióloga Tânia Bacelar, concorda que está muito longe da possibilidade de uma hiperinflação. O grande problema, segundo ela, está na retomada do dinamismo econômico na esfera produtiva.

"São muito anos que estamos patinando. Tivemos um crescimento razoável no começo do século XXI e um momento de grande dificuldade depois de 2015/2016. Não conseguimos mais retomar a diversidade econômica que o Brasil tem a capacidade de gerar. A gente estagnou, praticamente, porque de 2017 a 2019 o crescimento foi de 1%, com queda da renda per capita e uma diminuição da população em questão social, o que não nos permite manter um ritmo de crescimento da economia tão baixo." Tânia Bacelar, economista e socióloga

Além dos produtos, a aceleração da inflação também vale para a contratação de serviços e cada família é impactada de uma forma diferente, a depender da faixa de renda.

Para a população mais pobre, por exemplo, o encarecimento dos alimentos da cesta básica, assim como o do gás, é o mais sentido e doloroso.

Nas rendas médias, além destes itens, a alta de preços dos transportes em virtude dos constantes aumentos na gasolina e, de modo geral, nos demais combustíveis, também preocupa. E tem, ainda, o reajuste na energia elétrica que é sentido por todos.

Com aumentos inesperados e imprevisíveis, combustíveis têm tirado o sono dos brasileiros(Foto: thais mesquita)
Foto: thais mesquita Com aumentos inesperados e imprevisíveis, combustíveis têm tirado o sono dos brasileiros

 

E se existe uma solução para conter a inflação em todas estas cadeias do consumo? Braz mostra possibilidades, como a política monetária, de responsabilidade do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne a cada 45 dias para decidir a taxa básica de juros, a famosa Selic.

 

“Pois assim as famílias adiam comprar uma casa, um carro, viajar e ao adiar colocam esse dinheiro para render. Quem decide poupar neste momento ganha um juros maior e esse fenômeno segura o aumento dos preços. E o empresário não investe, não contrata e isso esfria a atividade econômica. O efeito colateral é que diminui a possibilidade de emprego e renda”, desenha o economista.

Outra possibilidade nada popular que o Governo Federal pode por em prática é a política fiscal. “Trata-se de aumentar os impostos. A política mais apropriada ao combate da inflação é a politica monetária, via aumento de juros, que o Banco Central já está fazendo desde janeiro do ano passado", comenta Braz.

Acontece que o ajuste inflacionário está difícil de conter, pois uma parte dos reflexos vem de fenômenos externos.

"Como a alta do petróleo e o preço do trigo. Ela (a Selic) é eficiente, mas tem um alcance limitado. A expectativa é que logo aconteça uma reversão desta tendência, chegando a 8% no fim deste ano", comenta o economista.

 

 

Quando a mesa fica mais vazia

 

E quando a realidade chega à mesa, os dados atestam: em 14 capitais brasileiras, de 17 pesquisadas, a cesta básica equivale mais do que 50% do salário mínimo.

O levantamento de junho deste ano, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra que Fortaleza ultrapassa as estatísticas e o percentual chega 58,60% de corrosão do mínimo para sobreviver.

São 12 alimentos básicos que compõem a cesta da Capital e Região Metropolitana e que são necessários R$ 657 para adquiri-los.

Feijão, ao lado do arroz, óleo e macarrão, está entre os itens essenciais da cesta básica(Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Feijão, ao lado do arroz, óleo e macarrão, está entre os itens essenciais da cesta básica

 Valor este que veio em uma crescente. Em maio de 2017, ela custava R$ 404,50 e correspondia a 46,67% da renda laboral.

Todo este montante para conseguir comprar o essencial do que comer se traduz em uma necessidade, segundo o Dieese, de que o salário mínimo deveria ser, em junho, de R$ 6.527,67. 

Porém, hoje, o que a população recebe mensalmente é 5,39 vezes a menos do que o que uma família com dois adultos e duas crianças deveria ter para sobreviver.

Isso se receber o valor nominal atual de R$ 1.212 (salário mínimo aprovado para 2022).

Quando Jair Bolsonaro (PL) assumiu a Presidência, em 2019, essa diferença era menor, de 4,39 salários, e ele será o primeiro presidente, desde a implantação do Plano Real que encerrará o mandato com o salário mínimo real valendo menos do que quando assumiu.

Neste contexto, Tânia Bacelar aponta o rentismo, quando agentes econômicos ganham mais na esfera financeira da economia do que na produtiva, como outro problema que trava o desenvolvimento econômico.

“Temos que escapar dele e voltar a olhar para a recuperação do setor produtivo brasileiro. É assim que você envolve as pessoas. Temos uma questão social muito grave para resolver”, afirma.

Para ela, o poder de compra está sendo influenciado, além da inflação, pelo novo sistema do mercado de trabalho.

"A dinâmica está muito complicada. Com a taxa de desemprego elevada e o grau de informalização enorme. Quem consegue emprego consegue com um padrão salarial mais baixo ou sem benefícios. Esse é um grande desafio." Tania Bacelar, economista

 

 

Cortes na despesa das famílias

 

Noventa e cinco por cento. Este é o percentual da população brasileira que sentiu o impacto da inflação nos últimos seis meses.

A constatação veio da pesquisa "Comportamento e economia no pós-pandemia", divulgada em abril pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

E mais: 64% afirmam ter reduzido gastos nos últimos seis meses, ou seja, seis em cada 10 brasileiros.

A alta aqui também predomina. Pois na pesquisa anterior, em novembro de 2021, 74% já tinham diminuído suas despesas e, destes, 49% fizeram cortes grandes ou muito grandes.

Os momentos de lazer em fazer refeições fora do lar findaram para 24% dos pesquisados. Para 23%, o aperto veio em deixar de comprar eletrodomésticos; 15% de consumir combustível e 16% reduziram esse gasto.

Pesquisa da CNI revela que 24% dos entrevistados deixrama de fazer refeições fora do lar(Foto: FERNANDA BARROS/ESPECIAL PARA O POVO)
Foto: FERNANDA BARROS/ESPECIAL PARA O POVO Pesquisa da CNI revela que 24% dos entrevistados deixrama de fazer refeições fora do lar

E assim o brasileiro foi transformando seu viver em escolhas: 15% deixaram de comprar roupas e sapatos e 14% afirmam não usar mais transporte público.

Na alimentação, a carne vermelha teve de ser reduzida para 31% e 19% ainda partiram para consumir menos frutas e verduras. E continua...

 

 

Mercado de trabalho e retomada

 

A retomada do desenvolvimento econômico é fundamental para a criação de novos empregos(Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita A retomada do desenvolvimento econômico é fundamental para a criação de novos empregos

Uma outra ponta que precisa ser reorganizada é o mercado de trabalho brasileiro. Nesta esfera, a massa de rendimentos, não somente a real, mas a nominal também está em declínio, especialmente nos últimos dois anos.

“Quem ajuda a recuperar isso é a retomada do dinamismo econômico. Não é só combater a inflação. É preciso providenciar a retomada do desenvolvimento econômico, pois é ele quem cria empregos”, frisa Tânia.

Por isso que na retomada da economia, ela lista que são necessários dois momentos distintos, um emergencial, para agora, de uma alavancagem de curtíssimo prazo, e outro no médio e longo prazos.

É o Brasil se posicionar num ambiente de disrupção e olhar o que está acontecendo mundo afora.

O setor da construção civil é um dos que mais empregam no País(Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal O setor da construção civil é um dos que mais empregam no País

“Olhar para o ambiente digital, para o baixo carbono, para capacitação e empregabilidade. É um desafio muito grande. O mundo está com novas agendas que foram aceleradas pela pandemia e pela guerra. O Brasil tem uma grande biodiversidade, cada lugar tem o seu potencial, mas foi domado pelo processo de industrialização concentrado territorialmente no Sudeste, especialmente em São Paulo. É preciso fazer diferente quer queira ou não queira”, reitera.

 

 

Escolha pela marca deixou de ser primeira opção nos supermercados

A dona de casa, Elândia Sousa, 51, mudou o cardápio em casa como alternativa para economizar nas compras(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS A dona de casa, Elândia Sousa, 51, mudou o cardápio em casa como alternativa para economizar nas compras

Uma relação com o consumo diferente, substituindo e, às vezes, até excluindo alguns por conta do preço que está "extremamente abusivo e não condizente com o orçamento".

Essa é a análise de uma das vozes que representam tantos outros brasileiros, o da desempregada e, agora, do lar, Elândia Oliveira Sousa, 51 anos, que antes atuava como auxiliar de escritório.

Elândia conta que já teve de mudar a marca de macarrão por conta do preço. O leite ela compra, agora, variando a marca de acordo com o valor do produto.

“Levo o que está na oferta. Também costumava comprar muita batata inglesa e já estou substituindo pela batata doce. Só compro a batata inglesa quando está em promoção”, explica.

Na cabeça, já guarda os dias de oferta nos mercados ao lado da sua casa: domingo, segunda e terça compra frutas e legumes.

“Da última vez não consegui comprar as batatas, estavam num preço inacessível. Também deixei de comprar a minha granola que está muito cara e substituí por uma mais barata. E assim a gente vai tentando driblar para poder sobreviver”, conforma-se.

Consumidores estão de olho nas ofertas diárias dos supermecados para economizar(Foto: Samuel Setubal/Especial para O POVO)
Foto: Samuel Setubal/Especial para O POVO Consumidores estão de olho nas ofertas diárias dos supermecados para economizar

Já no óleo de cozinha todos os lugares estão com mesmo valor. "Na última ida ao mercado acabei substituindo, pois o preço não condizia com o valor que eu tinha”, conta.

Sobre a carne ela revela que quase não está comendo. “A última vez foi no Dia das Mães. Estamos substituindo por frango ou peixe", diz.

Na casa de Elândia moram cinco pessoas, contanto com a mãe, que já é idosa, e teve de ir morar com ela também.

Dois dos seus filhos, 29 e 22 anos, ainda vivem com ela. O mais velho também está desempregado e o mais novo trabalha, mas, segundo a mãe, a renda só dá para as coisas dele.

“Ele ajuda, às vezes, na cota da água e da energia. Quando dá no orçamento dele”, informa.

O esposo tem uma ótica na Parangaba, mas está sofrendo muito, como todo empreendedor nesta pandemia.

“As vendas ainda não voltaram aos patamares antes da pandemia para cobrir todas as despesas do orçamento da gente. Então está sendo bem difícil. Tem a aposentadoria da minha mãe agora, como não estou trabalhando ela está me ajudando”.

Elândia Oliveira tem mudado com frequência as marcas dos produtos para as compras entrarem no orçamento familiar(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Elândia Oliveira tem mudado com frequência as marcas dos produtos para as compras entrarem no orçamento familiar

Na conta mensal ainda estão inclusas despesas grandes como o financiamento da casa e uma reforma iniciada, mas não finalizada.

“Não tivemos condições de terminar e a obra está parada. Fizemos as compras do material parcelado. A venda da Ótica caiu muito. Teve semana que meu esposo chegou muito arrasado porque não tinha feito uma venda. Nós estamos nessas condições”, relata Elândia.

 

 

Mercado do trabalho precarizado e flexibilização

 

A retomada do desenvolvimento econômico é fundamental para a criação de novos empregos(Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita A retomada do desenvolvimento econômico é fundamental para a criação de novos empregos

O problema de desemprego não é recente e o mundo não tinha superado a crise de 2008, quando veio a maior pandemia dos últimos 100 anos e mexeu ainda mais com o cenário do trabalho.

Diante do que está posto, o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Reginaldo Aguiar, avalia que o mercado atual de emprego está precarizado e a flexibilização só piorou a situação para os trabalhadores.

Ele analisa, que nos últimos anos, as taxas de crescimento da maioria dos países, exceto China e Estados Unidos, já eram decrescentes.

“Isso já é um problema significativo e entramos 2020 com a pandemia, que paralisa um corpo que já estava dormente”, declara.

Durante os anos iniciais do Covid-19, apenas as categorias que tinham condições mais ligadas à tecnologia tiveram um dano menor. Assim como pessoas com nível superior, países europeus, que têm intensidade para o trabalho home office, a sensação de impacto foi menor.

Com o inicio da pandemia empresas optar por trabalho remoto ou híbrido(Foto: JULIO CAESAR)
Foto: JULIO CAESAR Com o inicio da pandemia empresas optar por trabalho remoto ou híbrido

“Já nos países do terceiro mundo com incidência de trabalho manual, que não se usa a tecnologia, os relatórios já mostravam que as taxas de desemprego nestes seriam bem mais difíceis. Como no Brasil, que o emprego de muitas áreas acabou. O País foi muito atingido por conta de muitos trabalhadores não terem acesso à tecnologia”, observa Aguiar.

 

 

As consequências da reforma trabalhista

 

Esses novos fatores somaram-se às mudanças da reforma trabalhista aprovadas em 2016, que começaram, aos poucos, a vigorar no ano seguinte e estão vindo numa continuidade de precarização.

“As formas de trabalho, extremamente flexibilizadas, tirando as garantias dos trabalhadores, e os modos de contratação, demissão e descontroles de jornadas piorou o mercado”, ressalta o técnico.

Paralelo a isso, a dinâmica do País também não contribuiu para a geração de novos postos de trabalho, com baixa qualidade de mão de obra, ausência de garantia e estímulos para os profissionais que tiveram que abrir empresas para executar serviços.

Aguiar cita que a falta de uma política do setor industrial, que vem reduzindo o Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos, agrava ainda mais a situação.

“Temos que saber qual País queremos. A classe trabalhadora defende muitas necessidades, como a instituição da política de valorização do salário mínimo; o estabelecimento de um programa de renda básica e a criação de políticas ativas de geração de trabalho e renda”, informa.

Sem emprego, renda e moradia, pessoas em situação de rua tentam manter dignidade com iniciativas dos governos(Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Sem emprego, renda e moradia, pessoas em situação de rua tentam manter dignidade com iniciativas dos governos

Além disso, ele complementa a necessidade de implantação de um marco regulatório de ampla proteção social, trabalhista e previdenciária; a garantia a proteção aos desempregados; e a promoção da erradicação da fome; o combate à carestia; e a garantia à segurança alimentar.

 


As oportunidades para o Nordeste e o Ceará

Cenário posto. Daqui traçamos algumas nuances do que pode ser postivo para uma retomada econômica.

Uma grande oportunidade para o Nordeste, por exemplo, está nessa nova era do baixo carbono. A Região, que já enfrentou problemas de escassez de energia hoje é vista como protagonista em geração limpa.

Ceará tem vocação e investe no setor de energia renováveis no Estado(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Ceará tem vocação e investe no setor de energia renováveis no Estado

Tânia Bacelar acrescenta que cada local tem o seu potencial e afirma que o Estado faz isso com muita lucidez. E o que tem de positivo em cada região do Ceará?

"Esta é a forma que estão trabalhando, pois antes o problema era a concentração em Fortaleza, muito brutal na Região Metropolitana, depois consciente disso, o Ceará traçou uma estratégia bastante consistente e é nesta direção que o Brasil deve ir. O Brasil deveria copiar o Ceará. Assumir que temos uma concentração inaceitável e ir para onde tem potencial." Tania Bacelar, economista

E como participou de parte da elaboração do plano estadual Ceará 2050, a economista ressalta que percebeu com bastante clareza essa opção estratégica adotada pelo Estado.

“O Brasil não pode pensar numa retomada econômica com olhar para trás. É necessário um olhar para frente. As perguntas que devem ser feitas: Quais as mudanças estruturais em curso no mundo? E como eu me reposiono diante delas como País? Sempre olhando para o médio prazo”, orienta.

Para ela, o Nordeste deve ser revisitado nesse contexto em virtude das energias renováveis, da economia do mar, projetos cujo Ceará carrega à frente.

“Tem também a área dos serviços que cresce no mundo e dialoga com outras cadeias. O Nordeste tem também a produção cultural, somos um celeiro, reconhecido pelas outras regiões do Brasil e pelo Exterior. É com essa cabeça que temos que pensar na retomada”, diz.

Ceará deseja se tornar o primeiro Estado com uma Economia Azul estruturada com respaldo de leis(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Ceará deseja se tornar o primeiro Estado com uma Economia Azul estruturada com respaldo de leis

Por outro lado, a economista considera que o Governo Federal não tem planos de médio e longo prazos, apenas no curto.

“Na minha leitura eles estão mais desmontando do que construindo. Liberar o FGTS na hora do sufoco a gente acha que é bom, mas você está esvazeando o FGTS, um fundo para financiar a habitação. E já temos um défict habitacional muito forte. Com isso, interfere também na construção civil que emprega muito”, analisa.

Para uma retomada efetiva, defende projetos de infraestrutura. “Tem que ter tanto de curtíssimo prazo como no longo prazo no eixo de intervenção da estrutura do Brasil. O Brasil é carente nesta área. A discussão é qual é a infraestutura e para quem? Esse é o grande debate”, afirma.

Falta de acesso às tecnologias será uma nova exclusão no Brasil(Foto: Arquivo/ Brisanet)
Foto: Arquivo/ Brisanet Falta de acesso às tecnologias será uma nova exclusão no Brasil

O olhar de Tânia está nas disrupções. Ela cita, por exemplo, a importância da estrutura de telecomunicações em fibra óptica para o acesso dos brasileiros, porque a medicina será a telemedicina.

Para o aprendizado um componente importante é a Educação a Distâcia (EAD). Quem não tiver acesso ao ambiente digital fará parte de uma nova exclusão no Brasil.

 

 

Obras e ampliações industriais movimentam o desenvolvimento regional no Ceará

Fábrica de calçados em Brejo Santo ampliou galpão e número de funcionários diretos teve elevação para 3 mil(Foto: © NIVIA UCHOA/GOV DO CEARA)
Foto: © NIVIA UCHOA/GOV DO CEARA Fábrica de calçados em Brejo Santo ampliou galpão e número de funcionários diretos teve elevação para 3 mil

Outra vertente de desenvolvimento tem na esperança o desenvolvimento industrial.

Dez municípios do interior do Ceará já têm planos de construção ou iniciaram as obras para instalação de indústrias para expansão regional do Estado. 

A intenção é investir em infraestrutura para a atração de novos negócios e, ainda, o desenvolvimento de empresas já instaladas no Estado.

As informações são da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) que tem autorizado investimentos da ordem de R$ 57 milhões até o fim de 2023.

"A previsão é que, após as conclusões das obras, sejam gerados mais de 3 mil novos postos de trabalho. Entre os convênios previstos e em andamento estão parcerias com a instalação de novas unidades industriais em Crateús, Icó, Irauçuba, Madalena, Pedra Branca, Quixadá, Senador Pompeu, Solonópole e Tabuleiro do Norte. E, ainda, ampliação de unidade industrial em Brejo Santo." Francisco Rabelo, presidente da Adece

As obras na Dilly Calçados já foram executadas pela Adece, em Brejo Santo, e contaram com investimento de R$ 8 milhões, em imóvel cedido em regime de comodato para a empresa.

Com a ampliação, o galpão passou a ter 8 mil m² e o quadro de funcionários será expandido para três mil empregos diretos.

 

 

Novas unidades industriais

De novidades, sempre com investimentos previstos em R$ 2 milhões por parte da Adece para infraestutura básica e imóvel cedido em comodato para a empresa, Ceará terá, no município de Madalena, a indústria de lingerie Del Rio, em um galpão de 1 mil m². A garantia é de gerar 200 novos postos de trabalho diretos.

Na mesma pegada a DV da Silva Educação Profissional se instalará em Pedra Branca, trazendo mais 100 pessoas diretas.

A promessa de geração de renda também chegou a Quixadá. A Telhite Telhas pretende se instalar em galpão de 1.500 m² com infraestrutura básica.

 


Expansão calçadista no Estado

Além de Brejo Santo, outros municípios do Estado estão consruindo galpões para setor calçadista(Foto: © NIVIA UCHOA/GOV DO CEARA)
Foto: © NIVIA UCHOA/GOV DO CEARA Além de Brejo Santo, outros municípios do Estado estão consruindo galpões para setor calçadista

A expansão calçadista no Estado vai passar por alguns municípios. Em Senador Pompeu, a Sugar Shoes terá nova unidade com mais de 3 mil m² e infraestrutura básica para gerar mais de 500 novos postos de trabalho no município. Esta obra está orçada em R$ 4,5 milhões.

Já a Paquetá vai para Irauçuba, com construção em galpão de mais de 2 mil m² e infraestrutura básica para abrigar o empreendimento, em que 300 empregos são estimados, com aplicação de cerca de R$ 3 milhões. 

Em Crateús, a Nerorubber terá aporte de cerca de R$ 4,5 milhões por parte da Agência, e um galpão industrial de 3 mil m². Esta nova unidade prevê a geração de 400 novos postos de trabalho para a cidade e arredores. 

Inclusive, investimentos pela iniciativa privada são as expectativas em estados mais apertados financeiramente. A aposta é contar com o setor produtivo.

Para se ter ideia, no Ceará, entre 2020 e 2022, o volume de novos investimentos no Estado realizado pela iniciativa privada foi de quase R$ 1 bilhão vindos do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI), operacionalizado pela agência. E estes novos empreendimentos geraram cerca de 3.500 novos postos de trabalho no Ceará.

O FDI passou a agregar outras atividades como comércio, agricultura, indústria, inovação e serviços(Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita O FDI passou a agregar outras atividades como comércio, agricultura, indústria, inovação e serviços

“Desde a nova dinâmica de operacionalização do FDI, estabelecida pela implantação da Lei nº 17.360/2020, o Fundo deixou de se voltar prioritariamente para atividades ligadas ao setor industrial e passou a agregar outras atividades como dos setores da agricultura, indústria, inovação, comércio e serviços”, explica Rabelo.

De 2021 para cá, já foram investidos cerca de R$ 10 milhões em projetos ligados às áreas de trabalho e empreendedorismo; comércio, serviço e inovação; e agronegócio.

Tabuleiro do Norte, por exemplo, segue no agronegócio com a chegada da Nova Agro e 100 novos empregos diretos na cidade. A construção básica de um galpão de 2 mil m² para o novo empreendimento está estimada em cerca de R$ 3 milhões por parte da Adece. 

E para fechar a leva de anúncios, cerca de 400 vagas são estimadas para Icó com a chegada da Autovip. A obra, do galpão industrial de 6.600 m², tem investimento calculado em cerca de R$ 10 milhões por parte da Adece.

“Para este ano, a Adece prevê o investimento de cerca de R$ 10 milhões em parceria com a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) para valorização e estímulo das vocações regionais”, finaliza o titular da Adece.

 

 

A visão no banco de fomento

O setor de infraestrutura é o mais contemplado no ano com recursos do BNB, com 31,6%, ou R$ 8.408 milhões(Foto: Aurelio Alves/ O POVO)
Foto: Aurelio Alves/ O POVO O setor de infraestrutura é o mais contemplado no ano com recursos do BNB, com 31,6%, ou R$ 8.408 milhões

No trajeto para retomar a economia, também se posicionam os bancos de fomento ou de desenvolvimento regional. Para a Região, tem-se o Banco do Nordeste (BNB).

Em 2022, inclusive, os recursos disponíveis para o Plano Regional do BNB tiveram acréscimo de 10,37%, em relação ao ano anterior, somando R$ 26,6 milhões de disponibilidade do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).

O dinheiro vai para, 53% para ser mais preciso, empresas de porte mini, micro e pequeno (MMP) e pequeno-médio. O que equivale a R$ 14,098 milhões. O restante para médio e grande.

É valor que vai para setores e que pode repercutir lá na ponta ou com manutenção ou geração de emprego.

O setor de infraestrutura, por exemplo, é o mais contemplado no ano, com 31,6%, ou R$ 8.408 milhões. Seguido por comércio e serviços com 23,3%, o equivalente a R$ 6.186,8 milhões; e agricultura com 15,3%, R$4,058, 1 milhões.

O saldo restante está dividido entre pecuária 15,2%; indústria 10,4%; turismo 2,2%; agroindústria 1,5%; e pessoa física 0,6%.

Em relação aos estados que fazem parte da carteira do BNB, do valor total, Bahia receberá a maior parte com 23,9%, o que representa R$ 6.362,250 milhões; seguido pelo Ceará, 15,1%, o que equivale a 4.013,200 milhões; e Pernambuco com 13,7%, R$ 3.654,950.

Para se ter uma ideia da dimensão do BNB no Estado, a composição do que vem do banco de fomento regional é dividida entre empreendimentos de médio e grande porte, 57,1%, equivalente a R$ 2.100,200 milhões, e o outra parte para portes prioritários.

 

 

Energia sustentável na esteira das apostas

Banco do Nordeste promove o desenvolvimento de empreendimentos e atividades econômicas do setor de geração de energia elétrica por fontes renováveis(Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR Banco do Nordeste promove o desenvolvimento de empreendimentos e atividades econômicas do setor de geração de energia elétrica por fontes renováveis

E dentre os setores, um que merece atenção especial é o de energia sustentável, que tem projeções da ordem de R$ 7,17 bilhões em 2022 pelo BNB.

“O objetivo é promover o desenvolvimento de empreendimentos e atividades econômicas do setor de geração de energia elétrica por fontes renováveis”, afirma o presidente do BNB, José Gomes da Costa.

Inclusive, no início de maio, o banco assinou contrato de financiamento no valor de R$ 218 milhões para construção de parque solar no sertão de Pernambuco.

Ainda neste ano, para pessoas físicas e jurídicas, micro e pequeno porte, que desejam fazer implantação de autogeração, o Banco pretende disponibilizar para financiamento mais de R$ 360 milhões.

 

 

Agronegócio com atendimento exclusivo

A fruticultura está entre as atividades que mais demandam crédito no Estado(Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves A fruticultura está entre as atividades que mais demandam crédito no Estado

Os aportes se dão ainda no agronegócio. No Ceará, com valor disponível de R$ 800 milhões, estão a pecuária (50%); a agricultura, com 42%; e a agroindústria, com 8%.

Em relação às regiões que mais demandam crédito estão o Vale do Jaguaribe, Acaraú e Ibiapaba. E as principais atividades são fruticultura, bovinocultura de leite, ovinocaprinocultura e carcinicultura.

Para o ano todo, estão previstos mais de R$ 40 bilhões pelo BNB para os programas de financiamento da instituição, com a expectativa que R$ 9 bilhões sejam somente para o agronegócio.

"Existe uma expectativa de aplicação por estado, mas somente como referência. Caso surjam projetos de grande impacto econômico e social em um determinado estado, o valor investido pelo Banco não fica limitado àquela referência de desembolso", informa Costa.

 

 

Programação para o turismo

Setor turístico teve incremento de 40% nos recursos disponibilizados para retomar movimentação no Ceará(Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Setor turístico teve incremento de 40% nos recursos disponibilizados para retomar movimentação no Ceará

Já no turismo, ponto relevante para o Ceará, o BNB se programa para financiar R$ 580 milhões neste ano.

"O aumento de 40% nos recursos disponibilizados para o setor se deve à expectativa de aumento da atividade turística no Brasil após a redução de casos de Covid-19 e retorno dos eventos presenciais", explica o presidente.

Estes recursos podem ser usados para construção, ampliação e reforma de empreendimentos turísticos ou mesmo aquisição de equipamentos relacionados com o desempenho da atividade. Outra forma de apoio é disponibilizar capital de giro.

Assim, o banco atende toda a cadeia produtiva do turismo, da agência de viagens aos meios de hospedagem, incluindo arenas multiuso, transporte e serviços de alimentação.

 

 

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Dispersão da inflação dificulta freio nos preços

(*) Por Carolina Matos

A economista Carolina Matos fala da importância do combate à insegurança alimentar, programas de transferência de renda e o apoio aos setores produtivos(Foto: divulgação)
Foto: divulgação A economista Carolina Matos fala da importância do combate à insegurança alimentar, programas de transferência de renda e o apoio aos setores produtivos

Em dezembro de 2022, Jair Bolsonaro será o primeiro presidente a deixar o salário mínimo com poder de compra menor do que quando iniciou o mandato. A antiproeza, que se soma a tantas outras, de outros incontáveis aspectos, nunca havia ocorrido desde a implementação do Plano Real, em 1994.

O que se apresenta em dados é sentido pela população há algum tempo. Entre 2017 e 2022, o real já perdeu 30% do seu poder de compra. Isso significa que hoje o brasileiro consegue comprar apenas dois terços do que comprava em 2017 com o mesmo valor. A alta de preços, segundo o IBGE, atinge oito de cada dez itens que compõem o IPCA.

 

"O efeito recessivo no consumo pode ser visto facilmente no carrinho das compras do mês. Insumo para o setor de transporte, o combustível tem um impacto central nisso. " Carolina Matos, economista

 

O cenário macroeconômico reflete, em grande parte, o que tem deteriorado o poder aquisitivo da população. A taxa básica de juros (taxa Selic), o desemprego e a inflação, variáveis vitais de qualquer economia, alcançaram preocupantes dois dígitos. A alta acelerada desta última pressionou ainda mais os salários, praticamente congelados desde o início da pandemia.

O efeito recessivo no consumo pode ser visto facilmente no carrinho das compras do mês. Insumo para o setor de transporte, o combustível tem um impacto central nisso. O ramo de alimentos recebe custos do aumento do frete no curto prazo, que não tardam em chegar no bolso dos consumidores.

Especialistas concordam que o governo tem condições de estabelecer uma nova política de preços para a Petrobras. Outro rumo seria o Estado brasileiro, como acionista majoritária da estatal, em vez de destinar os superlucros da Petrobras a seus acionistas privados, dos quais 71% são estrangeiros, alocá-los em investimentos estratégicos no setor, permitindo a redução dos preços dos derivados e outras benesses dos progressos estruturais.

Os governos estaduais pouco podem fazer para afetar variáveis macroeconômicas, mas alguns temas exigem atenção imediata, como o combate à insegurança alimentar, programas de transferência de renda e o apoio criterioso a setores produtivos que notadamente demandam mão-de-obra.

Quanto ao Governo Federal, mesmo os analistas mais otimistas não nutrem boas expectativas para este ano. Na contramão do desenvolvimento nacional, o ministro Paulo Guedes estendeu o tapete vermelho ao pedido de estudo sobre privatização da Petrobras.

O presidente Bolsonaro minimizou a inflação em alta, dizendo que piores são os efeitos de uma ameaça interna de “comunização”. Já tivemos um chefe do Executivo que tenha adotado tal protocolo, o dar escapulidas esdrúxulas diante de qualquer questão de maior importância para o País? Talvez essa seja mais uma de suas antiproezas.

(*) Economista e mestre em Economia 

 

 

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Inclusão socioprodutiva e trabalho

(*) Por Silvana Parente

Silvana Parente fala sobre inclusão socioprodutiva e trabalho(Foto: BARBARA MOIRA)
Foto: BARBARA MOIRA Silvana Parente fala sobre inclusão socioprodutiva e trabalho

Os indicadores de pobreza e desemprego exigem políticas ativas com esse foco. Em nível nacional, para além das políticas de controle macroeconômico, inflação, câmbio, taxa de juros, tributação e gastos, a retomada da economia depende de um estímulo a reindustrialização focado em inovações tecnológicas, na economia de baixo carbono, infraestrutura, qualidade e produtividade e não apenas nos diferenciais de curto prazo de juros e câmbio e baixos salários.

O Governo do Estado tem apontado uma visão de longo prazo estimulando o encadeamento produtivo de clusters nos segmentos do Turismo, Energia Renovável, Saúde, TIC, Agronegócio, Moda, Economia do Mar e Economia Criativa. Entretanto, os processos de inovação e digitalização são poupadores de mão de obra, e criam vazios produtivos nos territórios.

Por isso as políticas de educação, formação profissional e intermediação de mão de obra não são suficientes para gerar ocupação e renda para todos.

 

"É preciso ousar na estruturação de políticas que ativem essa outra economia e a capacidade produtiva da população pobre, a qual está na nossa porta, nas praças, nas feiras, em toda esquina." Silvana Parente, presidente do Corecon

 

Existe uma outra economia - invisível, nanoeconomia, economia solidária, economia popular, a qual engloba um conjunto de atividades econômicas, algumas de caráter de sobrevivência, outras que ocupam nichos de mercado e que se diferenciam pela sua criatividade, agregação de cultura local, e que são capazes de atender um grande leque de consumidores nos mercados locais, regionais e até vendas pela internet.

É preciso ousar na estruturação de políticas que ativem essa outra economia e a capacidade produtiva da população pobre, a qual está na nossa porta, nas praças, nas feiras, em toda esquina. Essa outra economia pode ser segmentada em três grandes grupos:

- Empreendedores individuais, trabalhadores autônomos, pequenos negócios de fundo de quintal, em geral informais, mas que podem vir a se formalizar como Microempreendedor Individual (MEI).

- Empreendimentos da economia solidária, compreendendo desde grupos produtivos de mulheres e jovens, agricultores familiares, associações produtivas, cooperativas de produção e serviços, tanto no meio rural quanto nas cidades, onde existe um grande potencial para crescer e ocupar mercados nas áreas de alimentos, serviços domésticos, serviços técnicos, gastronomia, arte-cultura, artesanato, coleta seletiva/reciclagem, comunicação e mídias.

- Empreendedores e microempresas que atuam ao redor de arranjos produtivos locais (APL). Mesmo sendo APLs incipientes, podem ser fortalecidos para melhorar sua competitividade sistêmica e agregação de valor no território.

Uma política de inclusão produtiva deve aproximar e convergir a agenda econômica com a agenda social, através da inserção da abordagem territorial, da economia solidária e das microfinanças.

(*) Presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-CE)

  • Edição OP+ Beatriz Cavalcante, Fátima Sudário e Regina Ribeiro
  • Edição de Design Cristiane Frota
  • Edição e coordenação do Núcleo de Imagem Chico Marinho e Cinthia Medeiros
  • Edição de Fotografia Júlio Caesar
  • Texto Carol Kossling
  • Identidade Visual Isac Bernardo
  • Recursos Digitais Beatriz Cavalcante
  • Fotografias Aurelio Alves, Thais Mesquita, Fernanda Barros, Samuel Setubal/Especial pra O POVO, Julio Caesar, Fábio Lima, Fco Fontenele, Barbara Moira (em 05/03/2021), Nivia Uchoa/Governo do Ceará
  • Recursos audiovisuais Luana Sampaio (Roteiro e assistência de produção), Carol Kossling (Reportagem), Aurélio Alves (Direção de Fotografia), Eduardo Azevedo (Montagem e finalização)
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