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Apps de encontro: qual combina mais com você?
Reportagem Seriada

Apps de encontro: qual combina mais com você?

Os apps de relacionamentos são interessantes e podem dar aquela força na hora de encontrar alguém pra namorar. Mas é importante ficar atento. Fizemos um "test drive" despretensioso com alguns dos principais apps do momento .
Episódio 2

Apps de encontro: qual combina mais com você?

Os apps de relacionamentos são interessantes e podem dar aquela força na hora de encontrar alguém pra namorar. Mas é importante ficar atento. Fizemos um "test drive" despretensioso com alguns dos principais apps do momento .
Episódio 2
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Um cardápio de gente. Um sinal emblemático da fragilidade das relações interpessoais na sociedade pós-moderna. A pura safadeza ao alcance do smartphone. Uma forma fácil de sair do tédio e da rotina. O paraíso dos pilantras e golpistas. Uma tábua de salvação durante a pandemia. Uma simples ferramenta virtual para facilitar encontros reais.

  (Foto: Isac Bernardo)
Foto: Isac Bernardo

Estas são apenas algumas impressões do público em geral sobre os aplicativos de encontros que, apesar de dividirem opiniões sobre utilidade, eficiência e conteúdo, estão em alta vertiginosa: de 2020 para cá o Tinder registrou 60% no aumento de novos usuários, o Dating.com, 82% e o Gleeden, especializado em mulheres que buscam casos extraconjugais, 160%.

 

 

O boom de aplicativos

“Os anos 1990 deram o pontapé para a mudança nos tipos de relacionamentos. Foi nesta década que surgiu o primeiro site de encontros, o Match, lançado em 95. Uma década depois, em 2004, veio o OkCupid. Quem não lembra do site do ParPerfeito também no início anos 2000? Já o Tinder estreou em 2012, e desde então tivemos ainda mais mudanças”, enumera o escritor curitibano Bob Castro, dono do canal Web Machine e um dos editores da revista virtual Webosofia.

“Hoje vemos um boom de aplicativos atrelados aos dispositivos de geolocalização, ou seja, aos GPS, o que permite o uso dos lugares de forma concomitante ao da imagem do corpo, aumentando a rede de conexão e as oportunidades de encontro. O corpo de cada pessoa nos aplicativos é, assim, a sede das coordenadas geográficas gerenciadas por um terminal eletrônico, criando uma sincronia entre corpo e presença que é, ao meu ver, muito interessante e ao mesmo tempo, assombrosa”, pontua.

O universitário Marcos Lima, de 29 anos, utiliza apps de encontro para superar a timidez(Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal O universitário Marcos Lima, de 29 anos, utiliza apps de encontro para superar a timidez

Essa sincronia virtual que se utiliza de elementos do mundo real foi o principal motivo que levou o universitário Marcos Lima, de 29 anos, a diversos aplicativos (ele chegou a ter cinco instalados no smartphone). “No meu caso, o que me fez instalar os apps foi a timidez, que em mim é enorme. Sou daqueles que chega ao ponto de engasgar até com a própria saliva se tiver que conversar cara a cara com alguma mulher que eu esteja a fim”, confessa.

Marcos diz que ainda tem dificuldades de tomar iniciativa em uma paquera. “Vou passear com o meu cachorro no calçadão e fico de olho no celular. Se alguém me localiza e manda mensagem, eu me aproximo e o primeiro papo sempre é sobre o Zyon, que só tem três patinhas. Ele e o app são as minhas muletas sociais”, brinca. 

 Já para o DJ Marto, a relação com os apps é menos tranquila. “É de amor e ódio. Já tive experiências ótimas, desde arrumar namorado real a fazer amizade. No geral, a dinâmica da coisa me cansa um pouco, é um vitrinão e nem todo mundo é exatamente legal, educado, pois tem uma galera bem treteira. Não condeno quem ama e nem quem odeia, mas é o que temos pra hoje”, pondera.

 

 

O lado sombrio dos apps

Este é um dos lados sombrios dos apps de encontro que, ainda que economizem muito tempo e energia de seus usuários, também causam males para a saúde mental. "As pesquisas acadêmicas nas áreas de comportamento e ciberpsicologia indicam que o uso dos aplicativos por muito tempo pode aumentar as chances de ansiedade e depressão.

Manter o celular o tempo todo por perto pode atrapalhar a rotina e produzir uma interação exagerada, além de acarretar consequências no trabalho e nos relacionamentos”, destaca a psicóloga e consultora Mariana Matos. “No entanto, é preciso entender que nós, enquanto seres humanos, sentimos necessidade de contato com outras pessoas, e os apps podem auxiliar bastante quem tem medo de voltar à vida amorosa no pós-pandemia, um fenômeno que ganhou o nome de “Fear Of Dating Again (medo de voltar a paquerar), chamado lá fora de F.O.D.A”, completa.

Ariadna Santos conheceu o marido pelo Tinder(Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Ariadna Santos conheceu o marido pelo Tinder

A auxiliar administrativa Ariadna Santos, 41, lembra que estava sentindo muita falta de uma companhia quando instalou o Tinder pela primeira vez. “E trabalhava muito e não tinha vida social. Uma semana depois que instalei o app, conheci um homem, conversamos por 15 dias e marcamos de nos encontrar. Hoje ele é meu marido e temos um filho de três anos”, afirma. “Muita gente não acredita nos aplicativos de encontro, mas há sim, pessoas boas e bacanas neles. Os apps são ferramentas que auxiliam pessoas que vivem na correria no dia-a-dia mas que não querem deixar de buscar alguém por causa disso”, defende. “Claro que é preciso ter cuidado, como tudo nesta vida”, conclui.

 

 

Dicas para o uso seguro dos aplicativos de encontros e namoro

 

  • Ilustrações Isac Bernardo
  • Recursos Wanderson Trindade
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