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"Levar a cultura nordestina para onde não tem", diz rapper Welisson
Reportagem Seriada

"Levar a cultura nordestina para onde não tem", diz rapper Welisson

Com uma única mistura da cultura nordestina com o rap, o artista é o convidado do UP Gamer+, onde jogou Valorant, contou detalhes de sua carreira e opinou sobre a importância de Fortaleza para o cenário do rap nacional. Sozinho, acumula mais de 34 milhões de visualizações no YouTube
Episódio 11

"Levar a cultura nordestina para onde não tem", diz rapper Welisson

Com uma única mistura da cultura nordestina com o rap, o artista é o convidado do UP Gamer+, onde jogou Valorant, contou detalhes de sua carreira e opinou sobre a importância de Fortaleza para o cenário do rap nacional. Sozinho, acumula mais de 34 milhões de visualizações no YouTube
Episódio 11
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Com orgulho de cantar a realidade do povo sertanejo, um jovem da Aerolândia extrapolou os limites do Ceará para assinar com uma das maiores produtoras de rap do Brasil. Fazendo uma mistura única e ousada do tradicional com o moderno que se mostrou para lá de acertada, Welisson acumula números aos milhões em plataformas de streaming com o seu som. Suas músicas e clipes, inclusive, surgem com a pretensão de levar a cultura nordestina para todas as partes do País – e têm conseguido.

Com mais de 34 milhões de visualizações no Youtube, o cearense chamou a atenção de produtores de todo o Brasil, mas foi com a Papatunes Records com quem ele fechou parceria. Hoje com o selo da mesma produtora que já fez trabalhos com Anitta, Ludmilla e até Snoop Dogg, Welisson comenta sobre sua produção, carreira e sonhos.

Participante do UP Gamer+, ele explicou ainda a importância de Fortaleza para o cenário do rap atual e ainda deu a letra do que ele e sua equipe projetam pela frente: “Projetos grandiosos que vão levar a carreira para outro patamar”. Não deu detalhes por motivos de sigilo contratual, mas adiantou que os planos são de continuar morando em Fortaleza e que a produção de músicas românticas está a todo vapor.

 

 

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O POVO - Como que o Welisson nasceu para o mundo do rap? Sei que você escutava um forrozinho quando era mais novo…

Welisson - Fui para o rap primeiro como ouvinte. Nossa realidade aqui no Nordeste é o forró, o sertanejo, o piseiro… Sempre foram muito fortes esses estilos musicais. Então desde criança, ou como se diz aqui, desde pivete fui acostumado a ouvir esses gêneros musicais até que os meus primos começaram a comprar CDs de rap. Eu comecei a ouvir e achei muito massa a ideologia que eles pregavam, as ideias, o respeito que eles tinham. Foi algo que chamou bastante a minha atenção e bateu a curiosidade de saber como as músicas eram feitas.

Welisson assinou com a Papatunes Records, uma das principais gravadoras de rap do Brasil(Foto: @oldbells / Divulgação)
Foto: @oldbells / Divulgação Welisson assinou com a Papatunes Records, uma das principais gravadoras de rap do Brasil

O POVO - Você nasceu para o mundo artístico praticamente na pandemia. Como tem sido esse processo pra ti?

Welisson - Para muitas pessoas a pandemia realmente não foi algo bom, mas particularmente para mim, tanto como pessoa como artista, foi algo que me ajudou bastante. Durante a pandemia, eu não estava indo para a escola e nesse tempo eu consegui focar na minha música, que era um sonho para mim. Eu não poderia sair da escola para ficar só na música, até porque eu precisava ter meu plano B. Então eu aproveitei esse tempo, literalmente me isolei mesmo em casa, e fiquei fazendo música, dando o meu máximo.

Antes da pandemia eu já cantava, só que não era algo tipo… profissional do jeito que eu queria, sabe? Eu era só um moleque que tinha um sonho que queria mostrar para a galera, só que não tinha uma perspectiva, algo grande, para profissionalizar aquilo. Eu sempre fiz com muito amor, muita paixão, que foi o que me fez abrir os meus olhos.

O POVO - Como funciona o seu processo de compor uma música?

Welisson - Não sei se é algo da minha cabeça, mas eu não consigo escrever música. Eu não consigo parar, pegar um beat (batida) e escrever. Não consigo, não dá para mim. Meu lance é fazer de freestyle (fazer na hora), que é como a gente chama. Hoje em dia eu tenho um estúdio na minha casa, é algo que eu sempre priorizei, então eu tenho tudo aqui. Quando eu quero jogar, produzir ou fazer qualquer coisa eu já tenho aqui. Então é algo bem fácil, sabe? Eu só me levanto da cama e penso: ‘que ideia massa, vou fazer alguma música com esse tema, acho que ficaria legal.’ Daí procuro um beat que case com a ideia que eu tive e aí é só sucesso.

O POVO - Como foi a criação do seu maior sucesso, a música “Cabra da peste”(2021), que tem só no YouTube mais de 9 milhões de visualizações?

Welisson - A música surgiu em um momento que a cena estava dando bastante espaço para o Nordeste, que estava em muita ascensão. Quando isso começou a acontecer eu aproveitei para poder mostrar o meu trabalho, o meu trampo para o pessoal, mostrar quem é o Welisson. Tudo casou de forma positiva para que viesse a acontecer. Por isso na música eu falo: “eu sou do Nordeste, peixeira na mão, sou cabra da peste”. Eu criei a minha própria oportunidade. O público gostou e graças a Deus hoje a gente está aí. Foi como se fosse um grito de salve: ‘oh, tô aqui!’ Foi um grito que foi ouvido, né?

 

O POVO - Quando você viu que a música “virou”?

Welisson diz compor suas músicas de freestyle: "Eu não consigo parar, pegar um beat (batida) e escrever"(Foto: Reprodução / Facebook)
Foto: Reprodução / Facebook Welisson diz compor suas músicas de freestyle: "Eu não consigo parar, pegar um beat (batida) e escrever"

Welisson - Nossa, cara… A gente fez o lançamento com expectativa de bater, tipo, 100 mil (visualizações) em um mês. Nossa, eu ia estar feliz demais, porque isso em um mês seria um marco muito alto para mim, entendeu? Mas aí nós conseguimos alcançar o papo de 500 mil em três dias, foi loucura. Eu lembro que chorei, fiquei super feliz. Foi incrível, cara.

Quando a gente viu essa repercussão, logo já pensou: “era a deixa que a gente precisava”. Eu falo “a gente” porque eu sempre tive uma equipe que me auxiliou em tudo e que até hoje está comigo. Sempre priorizei muito por isso, lealdade. É tanto que depois de “Cabra da peste” a gente lançou “É tão bom” (parceria com Kawe), “Brinde pros verdadeiros”. Músicas que a galera gosta muito, pede muito, escuta muito. Foi algo muito incrível que aconteceu. Hoje em dia, a gente luta para aumentar nossos números, para que os próximos lançamentos sejam impactantes. A gente tenta mudar um pouco a cena, para mostrar o porquê que a gente veio.

O POVO - Quais são os próximos passos de Welisson daqui pra frente?

Welisson - A gente está com vários projetos incríveis que eu tenho certeza que você vai querer falar um pouco sobre eles quando lançarmos. Vou estar aqui para trocar essa ideia. São projetos grandiosos mesmo que, se Deus quiser, vão levar a carreira do Welisson para outro patamar. Então assim, os próximos passos são calcular os próximos passos, ter uma visão melhor do que a gente vai fazer, isso porque o primeiro ano foi algo bem repentino e não deu tempo da gente literalmente pensar o que queria fazer ou não. Isso para além de tirar melhor proveito de tudo, poder entregar um trabalho de maior qualidade para as pessoas.

Cearense Welisson tem mais de 34 milhões de visualizações em seu canal no YouTube(Foto: @oldbells / Divulgação)
Foto: @oldbells / Divulgação Cearense Welisson tem mais de 34 milhões de visualizações em seu canal no YouTube

O POVO - Você canta coisas bem voltadas para aquilo que é nordestino, inclusive chegando a se caracterizar com essa cultura. Qual sua relação com ela?

Welisson - Acho que minha ligação com a cultura nordestina sempre foi pela música, sempre foi algo que chamava minha atenção. Até hoje quando eu vou fazer uma música, lembro: ‘caraca, teve um cantor de forró que cantou algo parecido com isso’. Tudo isso vai se encaixando e se agrupando, e acaba que vai saindo alguma referência, um termo regional que remete ao forró, ao povo sertanejo. E é realmente isso que a gente quer, que é levar um pouco da cultura nordestina para onde não tem. Ou quando tem, não é (tratada) da maneira certa. Aqui tem toda uma cultura muito grande e forte que impactaria qualquer um. Então levar um pouco disso em forma de música para outras regiões e outras pessoas é algo muito massa e muito único.

Papatinho e Welisson exibindo o contrato do cearense com a produtora Papatunes Records(Foto: Reprodução / Instagram)
Foto: Reprodução / Instagram Papatinho e Welisson exibindo o contrato do cearense com a produtora Papatunes Records

O POVO - Fortaleza se tornou o point do trap no Brasil. Qual o nosso tamanho e importância para o segmento?

Welisson - Fortaleza está se tornando um pólo cultural mais voltado para o trap de maneira muito forte. Muitos produtores de evento de Rio de Janeiro e São Paulo que estão vindo fazer shows aqui e isso tem ajudado Fortaleza a subir no ‘ranking’ (aspas dele) em que o trap está sendo disputado. Acho ainda que Fortaleza está sempre em destaque também pelos artistas que são daqui, pela relevância que a Cidade tem. Está sempre assim: um artista revelação veio de onde? Fortaleza. Artista que está no top 1 do Spotify é de onde? Fortaleza.

Tem artistas até de São Paulo que vão fazer uma música e citam tipo assim: ‘fui dar um rolê, passei lá em Fortal…’ Já vi isso acontecer e isso é muito massa, porque é uma cidade pequena, onde uma hora ou outra você se tromba com outros artistas daqui ou artistas que estão de passagem. Ver essa cidade crescendo e ganhando o mundo, literalmente, é algo muito bom e muito gratificante.

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