Com vídeos rápidos e curtos, o fortalezense Anderson Telles (@telles) surpreende seus milhares de fãs pelas redes sociais com histórias engraçadas e muitas vezes sem sentido. Só no TikTok, são mais de 25 milhões de curtidas em mini-histórias contadas sozinho ou com um grupo de amigos. Sempre “de boa”, ele faz parte da nova geração de influenciadores digitais do Ceará que se destacam ao colocar sorrisos nos rostos das pessoas em todo o Brasil.
Aos 22 anos, Telles começou a gravar em 2015, após se apaixonar pelo mundo da produção de conteúdo. Mas foi só em março deste ano que resolveu levar essa vontade mais a sério e o resultado foi certeiro: bateu 1 milhão de seguidores e passou a ser reconhecido pelas ruas. O influenciador percorreu uma longa caminhada até aqui, inclusive precisando superar o bullying que sofreu durante o período escolar porque sonhava em ser o que é hoje.
Sempre contando com o apoio da mãe, Socorro, que é personagem constante nos seus vídeos, Telles é o convidado do UP Gamer+, onde jogou League Of Legends, trazendo detalhes de sua carreira e evidenciando sua gratidão pelo reconhecimento do público ao seu trabalho na internet.
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O POVO - Quem é o Anderson Telles e como foi seu início nas redes sociais?
Telles - Vamos começar naquele clichê (risos). Tenho 22 anos e sou a pessoa mais “de boa” que você vai conhecer na vida. Eu comecei a fazer vídeo para a internet em 2015, quem vê nem imagina, produzindo para o Vine, para o YouTube, porque eu via a galera fazer e queria fazer igual. Eu queria atuar naquele ramo e colocar a minha criatividade em alguma coisa. Eu não era muito bom na escola, minhas notas não eram das melhores, desde a sexta série eu ficava de recuperação. Eu não sei se devia ter falado isso… (risos)
Nessa época também comecei a fazer teatro para me ajudar nos vídeos, para me soltar mais, pois me sentia uma pessoa muito tímida. E assim foi, só que nunca levando a sério, gravava apenas nas horas vagas. Em 2021 fui para São Paulo por motivos familiares, mas depois retornei para Fortaleza com o foco nos vídeos. Quando cheguei aqui, em março de 2022, minha vibe mudou e eu me motivei a produzir conteúdo de maneira mais séria. Foi aí que começou a dar certo. Não deu super-certo ainda, mas agora estão estourando algumas coisas.
O POVO - Teve um momento que você notou que seus vídeos começaram a ganhar destaque?
Telles - Teve. Tá ligado nos bordões do Rodrigo Faro (apresentador do quadro “Vai dar namoro”, na TV Record)? Meu primeiro vídeo que estourou quando eu retornei para cá foi fazendo esses bordões. Eu colocava um bordão em coisas que aconteciam no meu dia a dia, com minha mãe. Era como se eu tivesse uma síndrome de ficar falando esses bordões. Com isso, eu viralizei no TikTok e começou a virar uma trend, com outras pessoas fazendo vídeos assim. Tenho vídeos lá com 16 milhões de visualizações.
O boom foi com esses bordões, aí com isso eu comecei a pensar: “hum, quero fazer alguma coisa minha também que não seja de um programa”. Foi aí que eu criei o “tá de boa”. É bem recente, pra tu ver.
O POVO - Como foi ver que seus projetos na internet começaram a dar certo?
Telles - Cara, está sendo surreal, porque é uma coisa que eu sempre quis desde o começo. Passei sete anos produzindo conteúdo e agora uma coisa minha está dando certo. Sair na rua e encontrar pessoas querendo tirar fotos nos lugares que eu vou, por exemplo, é uma coisa que não consegui absorver ainda. É tudo muito recente. Vídeos pegando milhões de visualizações, pessoas me reconhecendo, eram coisas que eu pensava que tinham processos para acontecer, mas estão acontecendo tudo de uma vez. Isso é muito doido para mim e não sei explicar qual a sensação, porque estou muito surpreso.
O POVO - Qual a forma do seu processo de criação de conteúdo, que pode ser considerado nonsense (sem sentido)?
Telles - Eu tento todo dia me forçar para criar conteúdo, mas às vezes não sai nada mesmo. É tentar ter uma ideia com alguma coisa, pensar em um tema e criar conteúdo para ele. Às vezes tento pegar inspiração na internet ou mesmo andando na rua penso em coisas e já vou criando roteiros. Quando estou sozinho, costumo fazer roteiro, mas quando estou com a galera, vamos fazendo na hora, pensando em piadas e na quebra de expectativa. No meu dia a dia, quando gravo com minha mãe, eu passo às falas direitinho porque senão não dá para fazer, ela se enrola.
O POVO - Como funciona a gravação com sua mãe?
Telles - A minha mãe sempre me apoiou nos meus vídeos, até quando era uma coisa que não era valorizada de nada. Eu sofria bullying na escola porque fazia vídeo, o pessoal ficava zoando, porque naquela época era motivo de passar vergonha, mas minha mãe me apoiava e participava dos vídeos. Hoje em dia ela já atua muito bem. Às vezes eu passo uma ideia para ela, ela se estressa e não quer mais fazer.
Eu falo: “mãe, o seu papel é ficar estressada”. Daí ela fica falando que não consegue e fica estressada e eu já falo para usar esse estresse no vídeo e começo a gravar. Eu uso o estresse dela daquela hora mesmo. Eu uso a naturalidade dela.
O POVO - O que tem sido mais gratificante no seu trabalho?
Telles - É realmente o reconhecimento das pessoas em relação a curtir o trabalho, de dizer que eu melhorei o seu dia. Já recebi mensagens assim pela internet, mas quando as pessoas falam pessoalmente sinto uma energia diferente. Eu sinto verdade naquilo. Às vezes eu acho que é brincadeira, mas eu vejo que a pessoa está falando sério. Como na época da escola o pessoal zoava, eu ficava com esse negócio na minha cabeça: “será que essa pessoa está falando sério ou está brincando?”. Mas eu comecei a ver que as pessoas realmente estão gostando do que estou fazendo e isso motiva muito, é o mais gratificante, com certeza.
O POVO - É uma responsabilidade que vocês acabam adquirindo, né? Como você lida com isso antes de publicar algum vídeo novo?
Telles - Eu sempre fiz vídeos por gostar de fazer, de colocar minha criatividade naquilo. Mas eu sempre penso se as pessoas vão gostar, se é um conteúdo que vão achar legal e também tenho medo de fazer alguma coisa que vá prejudicar ou ofender alguém. Tem que ter muito cuidado na hora que vai gravar, então tem uma “responsabilidadezinha”, sim.
Às vezes eu pergunto para meus amigos se alguma coisa que fiz é legal de postar se corre o risco de alguém não gostar, eu tenho esse medo. Mas eu nunca faço nada com a intenção de atingir alguém, muito pelo contrário, tenho medo de alguém se sentir ofendido com o que eu falo.
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