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"Não é só um joguinho", diz presidente da Federação Cearense de Esportes Eletrônicos
Reportagem Seriada

"Não é só um joguinho", diz presidente da Federação Cearense de Esportes Eletrônicos

À frente da FCDEL, Washington Lemos menciona seus planos para os atletas cearenses nos próximos anos, com a possível criação de um campeonato estadual de diferentes modalidades, como Lol, Valorant e Free Fire
Episódio 16

"Não é só um joguinho", diz presidente da Federação Cearense de Esportes Eletrônicos

À frente da FCDEL, Washington Lemos menciona seus planos para os atletas cearenses nos próximos anos, com a possível criação de um campeonato estadual de diferentes modalidades, como Lol, Valorant e Free Fire
Episódio 16
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No comando da Federação Cearense de Esportes Eletrônicos (FCDEL), um estudante de engenharia de software tem buscado realizar um trabalho de democratização do acesso aos games. Dono de sonhos ousados e ambiciosos para a modalidade, Washington Lemos tem 29 anos vividos com os games nas mãos, nos planos e nos sonhos. Sua filosofia é de que os e-sports não são “só um joguinho”, mas uma oportunidade de transformação social.

Com atuação voltada para organização de eventos competitivos sobretudo em Fortaleza e na Região Metropolitana, ele compartilha suas pretensões visando a evolução do esporte eletrônico no Ceará. A criação de um campeonato estadual de diferentes games, dar visibilidade e ajudar na construção de uma carreira para os atletas locais são ações vistas em seu horizonte.

Em paralelo, busca convencer o Estado da construção em praças públicas de ilhas digitais como verdadeiros centros de treinamentos para a população. Os planos formulados por Washington e a atuação da FCDEL foram compartilhados no UP Gamer+ desta semana. Confira trecho da conversa!

 

> Assista todas as entrevistas UP Gamer+ clicando aqui

 


O POVO - Quando a Federação Cearense de Esportes Eletrônicos e como ela atua?

Washington Lemos - A Federação está com quatro anos e atualmente está muito focada na Região Metropolitana de Fortaleza, que foi onde começamos os trabalhos, principalmente em Maranguape e Caucaia, onde já fizemos vários campeonatos. Em Fortaleza também estamos atuando, fizemos junto com a Rede Cuca o mês geek (em setembro), já fizemos eventos em universidades. Hoje temos diversos atletas do Ceará atuando tanto aqui como em grandes organizações nacionais.

Começamos nossos trabalhos vendendo brigadeiro para realizar um campeonato de Free Fire até que o evento tomou uma proporção gigante. É por meio dos eventos que a gente chega até os jogadores, apresentando a federação e o porquê dela existir.

Washington Lemos, presidente da Federação Cearense de Esportes Eletrônicos (FCDEL)(Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Washington Lemos, presidente da Federação Cearense de Esportes Eletrônicos (FCDEL)

OP- Qual a importância da federação para os atletas?

Washington Lemos - A importância da federação para os atletas que jogam nos nossos eventos é o fato deles poderem concorrer ao Bolsa Atleta na modalidade de esportes eletrônicos, que hoje já é algo reconhecido, devendo fazer parte das Olimpíadas. Então os atletas só têm a ganhar, pois isso valoriza demais. A gente já tem mais de 1.200 atletas de diferentes jogos: Lol, Valorant, Free Fire, Fortnite. O bom dos e-sports é que você pode ser atleta de qualquer jogo que você joga em alto nível.

OP - Você acredita que as competições ajudam as pessoas a sonhar em construir carreira nos games?

Washington Lemos - Sim, eu acredito muito porque as competições dão muita visibilidade ao atleta. O atleta de esporte eletrônico hoje não tem a mesma valorização de um atleta convencional, com plano de carreira ou carteira assinada. A maioria vive mais de stream (transmissão de partidas), justamente porque o salário não é muito alto. Alguns podem até ganhar bem ali no momento, no hype, mas e depois disso aí, como fica a aposentadoria? O atleta tem que ser pensado para depois que parar de jogar.

A gente pensa, como federação, em organizar um campeonato cearense de diferentes modalidades, mas além das competições, trabalhar a questão do atleta porque depois que para de jogar, o cara pode ser um youtuber, digital influencer, algo do tipo.

OP - Qual tipo de incentivo que os e-sports precisam hoje no Ceará?

Washington Lemos - Eu não sei se você já montou ou conhece alguém que chegou a montar um computador gamer, mas deve saber que é muito caro para um cara da periferia ter uma máquina gamer para poder jogar. Então imagina se esse cara quer ser jogador de Lol, onde ele treina, onde se capacita? A gente tem uma ideia de montar um espaço digital nas praças, voltado para os esportes digitais.

Já existe um projeto parecido em Sobral, que são as ilhas digitais, mas a gente quer algo mais revolucionário, tipo minis centro de treinamentos para atletas de esportes eletrônicos. Imagina o tanto de gente que queria jogar Valorant e hoje não consegue porque não tem um computadorzinho razoável. Não tinha aquele projeto “Internet para todos”? A gente quer algo parecido: “Games para todos”, alguma coisa assim, que todo mundo possa ter acesso.

Atletas de uma competição de e-sports realizada no Iandê Shopping, em Caucaia(Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Atletas de uma competição de e-sports realizada no Iandê Shopping, em Caucaia

OP - Nas competições que vocês realizam, aparecem alguns talentos cearenses?

Washington Lemos - Cara, sempre aparece um talento assim que é fora do normal. O Vrau (Leonardo Sousa, influenciador) foi um deles. Ele tava ali no evento, apareceu e estourou. Hoje tem uns 800 mil seguidores, tudo à base do Free Fire, dos games. O Lzim jogava nesses eventos assim, estourou e foi para a Loud. Hoje é super conhecido. Eu acho que essa é a importância desses eventos, que é para dar visibilidade a esses atletas.

Acredito que a falta de incentivo é um problema para descobrir mais atletas. Cara, a gente tem muito jogador bom. Imagina se uma Loud viesse para o Ceará, montasse um pequeno centro de treinamentos para cuidar dessa galera. Iam bombar e levar muitos jogadores daqui. Imagina se a gente tivesse uma conexão de internet muito boa no Ceará.

OP - Qual o principal sonho que vocês projetam para o e-sports no Ceará?

Washington Lemos - O nosso verdadeiro objetivo é deixar os games mais acessíveis para a população, mostrar que o jogo também pode mudar vidas. Gamificar a educação, mostrar que não é só lazer, mas pode ser trabalho, ensino, pode ser tudo. O nosso maior objetivo é mostrar para as pessoas que não é só um joguinho, pode ser um trabalho também. A gente vai passar a perturbar todo mundo no final deste ano e começo do próximo para, em abril, a gente começar nosso campeonato cearense de Lol, Valorant e Free Fire. Nosso sonho é fazer esse campeonato cearense, com final no CFO, um negócio televisionado. Para as pessoas verem e pensarem: “É aqui no Ceará e é nosso”.


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