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Ser antifrágil pode nos caber como uma luva
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Adailma Mendes é editora-chefe de Economia do O POVO. Já foi editora-executiva de Cidades e do estúdio de branded content e negócios, além de repórter de Economia

Ser antifrágil pode nos caber como uma luva

Com tantas mudanças em curso, não é possível viver na crença de que estamos em tempos previsíveis e 100% planejáveis
A pandemia trouxe incertezas para a vida de todos. Não existe previsibilidade para muitas coisas. (Foto: AURELIO ALVES)
Foto: AURELIO ALVES A pandemia trouxe incertezas para a vida de todos. Não existe previsibilidade para muitas coisas.

Nessas leituras descompromissadas ao longo do dia, uma me chamou atenção. Texto que explicava o que era ser um profissional antifrágil. Normalmente, falaríamos que o contrário de frágil é forte, resistente. Mas, realmente, essas palavras não são exatamente antônimas. A definição de antifrágil me pareceu bem mais adequada. Para os dias de hoje, então, a definição explorada pelo libanês Nassim Nicholas Taleb é mais certeira e, diria até, mais útil.

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Com tantas mudanças em curso - estilos de vida em transformação, novas relações pessoais, tecnologia em crescimento exponencial, inovações no mercado de trabalho e mais reflexões sobre nossa forma de se relacionar com a natureza -, não é possível viver na crença de que estamos em tempos previsíveis e 100% planejáveis. E aí entra o que se explora como antifrágil: “algo que melhora quando está diante de uma situação inesperada”.

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Disso trata-se a ideia de Nassim, economista e um especialista no estudo de probabilidades e incertezas, que trouxe a definição do antifrágil em livro homônimo ainda em 2012. Para ele, o antifrágil está além do resiliente e do robusto. Estes apenas resistem a choques e permanecem os mesmos. Já o antifrágil se torna cada vez melhor com a pressão e com o caos. Não existe na condição contrária à frágil ser imune a erros ou ter proteção a eventos adversos. Simplesmente, ser antifrágil abraça o imprevisto e aceita o ruim e o bom como aprendizado e evolução.

Tudo isso me faz lembrar ainda de algumas sessões de terapia que tive. Sempre chegava-se ao assunto de saber identificar as dores que estão em nós e abraçá-las. Não as colocar para debaixo do tapete, e sim as identificar, aceitar e, por consequência, entender quem somos a partir delas também.

Nessa ideia de antifrágil, acabo por pensar em muitas coisas que podíamos tocar dentro dessa visão de não se esquivar ou se proteger de ataques ou de mudanças bruscas. Os imprevistos no trabalho, os planos pessoais que vão mudando por coisas que não esperávamos. Tudo pode ser até mais leve com a aceitação do caos e do estresse. Na hora que eles chegarem, a medida de encará-los pode trazer aprendizado a partir de uma experiência vivida e marcante. Não ser apenas uma situação de pós trauma.

Para além dos aspectos postos como benéficos do ser e agir antifrágil no mundo do trabalho e/ou pessoal, existe diante de nós uma pandemia como não acontecia há 100 anos. Não temos muitas certezas há mais de 15 meses, mas, mesmo assim, precisamos seguir, aceitar o imprevisto e aprender com o caos.

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