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O Fortaleza não foi fundado em 2017
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Jornalista formado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi repórter do Vida&Arte, redator de Primeira Página e, em 2018, virou editor-adjunto de Esportes. Trabalhou na cobertura das Copas do Mundo (2014) e das Confederações (2013), e organizou a de 2018. Atualmente, é editor-chefe de Esportes do O POVO, depois de ter chefiado a área de Cidades. Escreve sobre a inserção de minorias (com enfoque na população LGBTQ+) no meio esportivo no Esportes O POVO

André Bloc esportes

O Fortaleza não foi fundado em 2017

Lavagem de roupa pública entre Luís Eduardo Girão e Marcelo Paz adiciona mais um fator político no tumultuado presente esportivo de um clube às vias do rebaixamento
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Marcelo Paz sucedeu Eduardo Girão como presidente do Fortaleza Esporte Clube (Foto: Fábio Lima/O POVO)
Foto: Fábio Lima/O POVO Marcelo Paz sucedeu Eduardo Girão como presidente do Fortaleza Esporte Clube

Surgiu um novo fronte na crise do Fortaleza Esporte Clube. E nasceu aqui, nos corredores da Aguanambi 282. No programa "O POVO no Rádio", da Rádio O POVO CBN, o hoje senador da República Luís Eduardo Girão (Novo) reapareceu no noticiário do clube que ajudou a desafundar em 2017.

O alvo de Girão foi o mesmo de vários torcedores do clube: o CEO da SAF do Fortaleza, Marcelo Paz. Este mesmo, que era o primeiro vice-presidente quando o hoje senador bolsonarista renunciou da presidência do Tricolor do Pici para voltar à rotina normal, logo após o Leão fugir do inferno da Série C. De certa forma, parece que o político ressurgiu no contexto clubístico para disputar o teste de DNA de salvador da agremiação naquele era de martírio.

A resposta veio primeiro sob a pena de Jade Romero — esposa de Marcelo Paz e vice-governadora do Estado —, depois com o próprio dirigente. Com tom até de certa forma atípico, a réplica foi mais direcionada a críticas pessoais e ironias sobre política do que sobre a situação em si. O que é até curioso, já que o casal não é propriamente de seio lulista e o senador sempre se disse independente — apesar de os votos e declarações públicas sempre terem evidenciado apreço emocionado pelo bolsonarismo.

Sem entrar no mérito das críticas de ambos, é importante ressaltar o protagonismo de agentes políticos nos contextos atuais do Fortaleza. Não só agora. Às vésperas da eleição para prefeito da Capital, no ano passado, foi lançada — e compartilhada — nota do Conselho Deliberativo do clube atacando Evandro Leitão (PT). O ex-presidente do Ceará acabou eleito no segundo turno.

Talvez tudo isso seja sintoma da polarização, capaz de esgarçar a união de 2017. Ou talvez a lavagem de roupa suja diga mais sobre disputas de egos e desejos de poder. Pode até haver boa intenção, vai saber. Mas o que rendeu foi uma sangria pública a um time já desesperado.

Aos dois, Girão e Paz, cabe lembrar. O Fortaleza era um clube praticamente centenário em 2017 e que já afundou e se reergueu inúmeras vezes. Precede todos os partidos políticos. É maior que todos os próprios ídolos. Vale tanto quanto cada um dos torcedores.

A crise do Fortaleza não é apenas esportiva. Como o amigo Afonso Ribeiro bem resume, a bola não deixa de entrar por acaso.

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