Instalada em agosto de 2021 em meio a muita polêmica, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do motim viveu na semana passada vários de seus momentos de maior movimentação. Passada a longa fase inicial de coleta de documentos e dados de associações ligadas a policiais e bombeiros militares do Ceará, o grupo começa agora a ouvir dirigentes de entidades e a cruzar informações recebidas, próximo passo de uma investigação que promete acirrar os bastidores da política cearense ao longo de 2022.

Na última semana, esteve na Assembleia para depoimento ao grupo o presidente de uma das mais expressivas entidades do tipo, a Associação dos Profissionais da Segurança (APS), que já foi dirigida por gente relevante no cenário político local, como o vereador Sargento Reginauro (UB) e o principal pré-candidato da oposição ao Governo do Ceará, deputado Capitão Wagner (UB). O componente político envolvido nos questionamentos é, portanto, mais que óbvio. Apesar disso, continuam, a preço de hoje, sem muita explicação vários dos pontos levantados pela CPI ao longo dos depoimentos.

O que explica os grandes cheques assinados pela APS às vésperas do motim de 2020? Só coincidência? A atuação das associações em aglomerações de agentes em dias de votação na Assembleia - muito semelhantes ao que qualquer sindicato faz - podem ser consideradas políticas? Vale lembrar que, pela legislação brasileira, é proibida a participação de militares em atos do tipo. Vale destacar que vários desses questionamentos podem ser esclarecidos para benefício das associações. O que não podemos, no entanto, é fingir que não existe nada a ser explicado.