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CPI Motim levanta embate entre base e oposição na Assembleia
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CPI Motim levanta embate entre base e oposição na Assembleia

| Assembleia Legislativa | Soldado Noelio voltou a afirmar que CPI tem cunho "politiqueiro" e "eleitoral". Elmano e Salmito rebateram as acusações
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DEPUTADOS subiram o tom nos discursos da sessão de ontem na AL-CE (Foto: Filipe Pereira)
Foto: Filipe Pereira DEPUTADOS subiram o tom nos discursos da sessão de ontem na AL-CE

A CPI do Motim instalada na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) para investigar o envolvimento das associações de policiais militares nos motins da PM em 2011/2012 e fevereiro de 2020 foi motivo de embates ontem no plenário da Casa. Deputados de base e oposição trocaram acusações após o primeiro depoimento no colegiado, na última terça-feira, 5, do policial militar Cleyber Araújo, a presidente da Associação dos Profissionais de Segurança (APS).

No início da sessão, o deputado estadual Soldado Noelio (União Brasil) foi à tribuna, onde reforçou argumentos de que a CPI tem cunho “politiqueiro”, “eleitoral” e existe para “desgastar” a imagem da oposição. O parlamentar, com base eleitoral entre agentes de segurança, é do grupo político liderado pelo pré-candidato ao Governo do Estado Capitão Wagner (União Brasil) e saiu em defesa do correligionário.

“É CPI para fazer politicagem, para fazer palanque. CPI para gerar manchete de jornal e assassinar reputações (...) Essa CPI é para desgastar a imagem do maior adversário do grupo que está no poder hoje, que se chama Capitão Wagner”, argumentou o parlamentar.

Noelio criticou a postura dos membros da comissão durante o depoimento de Cleyber, quando foram reveladas movimentações financeiras de pelo menos R$ 2,3 milhões, ao longo de cinco anos, feitas por pessoas ligadas à APS. O deputado da oposição destacou que dinheiro servia para “comprar comida e o que precisar no dia a dia” e para fazer doações a quartéis “porque o Governo do Estado não cuida da sua tropa”.

Deputado Soldado Noelio(Foto: Junior Pio/AL-CE)
Foto: Junior Pio/AL-CE Deputado Soldado Noelio

"Colocaram (o valor) para induzir o cidadão a pensar que o dinheiro era para desviar. Eles não explicam que esses R$ 2,3 milhões são saques ao longo de cinco anos. Isso dá mensalmente R$ 38 mil em dinheiro para uma associação que tem dezenas de funcionários e presta serviço para oito mil associados”, destacou o parlamentar.

Ainda na tribuna, Noelio citou a coluna do jornalista Carlos Mazza, do O POVO, que revelou que o vereador de Fortaleza Sargento Reginauro (União Brasil), aliado do mesmo grupo político e ex-presidente da APS, assinou cheques dias antes do motim dos agentes de segurança em fevereiro de 2020.

“E é crime assinar cheque?”, questionou, alegando que a CPI pratica “assassinato de reputação” mas não apresenta provas de que o dinheiro foi utilizado para fins ilícitos.

 

O relator da comissão, deputado Elmano de Freitas (PT) rebateu as críticas e enfatizou que Noelio foi a favor da criação da comissão e que desde então ele é quem faz “discurso político de que a CPI é política”. Segundo o petista, o deputado da oposição estaria nervoso porque “a ocupação de um batalhão ocorreu no dia 18 (de fevereiro de 2020), e dia 17 (do mesmo ano) o presidente da APS assinou um cheque para sacar R$ 89 mil”.

O presidente da CPI, deputado Salmito Filho (PDT), defendeu a seriedade e isenção dos trabalhos da comissão. “Quem não tiver culpa será dito e a associação que presta assessoria jurídica e assistência social merece nosso reconhecimento”.

O pedetista defendeu que entidades que queiram fazer ou tenham feito “papel de sindicato” serão tratadas de maneira distinta segundo o parlamentar, pois esse tipo de atuação é vedada no caso dos militares.

Deputado Salmito Filho, presidente da CPI do Motim(Foto: Junior Pio/AL-CE)
Foto: Junior Pio/AL-CE Deputado Salmito Filho, presidente da CPI do Motim

Salmito defendeu ainda que a CPI não tem correlação com questões eleitorais, e enumerou alguns fatores que postergaram a instalação da comissão, como a pandemia de Covid-19 e as eleições municipais de Fortaleza em 2020.

“Tivemos meses sem trabalhos presenciais e quando o trabalho híbrido voltou já estávamos à margem das eleições municipais. Se tivéssemos aberto ali era por causa das eleições de Fortaleza. Aguardamos terminar (a eleição), quando foi no início de 2021 íamos começar a CPI e veio a 2ª onda”, disse.

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