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Por que não lemos notícias sobre meio ambiente?
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Editora-adjunta do O POVO+ especializada em ciência, meio ambiente e clima. Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é premiada a nível regional e nacional com reportagens sobre ciência e meio ambiente. Também já foi finalista do Prêmio Einstein +Admirados da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar na região Nordeste

Catalina Leite ciência e saúde

Por que não lemos notícias sobre meio ambiente?

Jornalistas e leitores precisam criar uma parceria para garantir que o meio ambiente esteja na pauta — forte e presente, sempre
Tipo Opinião
Pesquisa indica que menos da metade dos brasileiros acompanham notícias sobre meio ambiente e sustentabilidade (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Pesquisa indica que menos da metade dos brasileiros acompanham notícias sobre meio ambiente e sustentabilidade

Hoje é Dia Mundial do Meio Ambiente e por isso as páginas de todos os jornais estarão com pelo menos uma notícia sobre natureza, crise climática, crise da biodiversidade, ameaças ao meio ambiente e mais. É um daqueles dias que você provavelmente irá ler sobre o assunto; mas e nos outros?

A empresa de energia solar mineira Bulbe Energia ouviu 500 pessoas pelo Brasil e identificou que menos da metade dos participantes (46,20%) consome conteúdos sobre meio ambiente e sustentabilidade — é o tópico menos lido entre os 10 levantados pela pesquisa.

O ranking ficou assim:

  1. Saúde e bem estar: 70,20%
  2. Economia e finanças pessoais: 66%
  3. Esportes: 65,40%
  4. Cultura e entretenimento: 61,40%
  5. Ciência e tecnologia: 61%
  6. Política: 59%
  7. Moda e beleza: 50%
  8. Educação: 49%
  9. Tendências e inovação: 47,20%
  10. Meio ambiente e sustentabilidade: 46,20%

De acordo com os participantes, o problema é que há poucas matérias sobre o assunto e que o formato e a linguagem afastam o público: 16% classificam conteúdos de meio ambiente como longos, densos ou pouco objetivos.

Outros 12,2% reclamam da ausência de exemplos práticos ou recursos visuais que facilitem a compreensão.

Jovens machos de guaribas-da-caatinga(Foto: Robério Freire Filho )
Foto: Robério Freire Filho Jovens machos de guaribas-da-caatinga

Geralmente, a busca por conteúdos ambientais se dá em momentos de desastres e crises, como ondas de calor, enchentes e secas. Quando o mundo está relativamente “normal” — seja lá o que normal significa quando estamos ultrapassando os 1,3°C de aquecimento global — o interesse é baixo.

Mas há outro motivo para as pessoas evitarem ler sobre meio ambiente: é simplesmente triste demais.

A sensação de impotência ao se informar sobre desastres muito maiores que a nossa individualidade (eu super recomendo a leitura indicada na caixa acima) é difícil de suportar. Acredite, o mesmo é verdadeiro para nós, jornalistas que cobrem meio ambiente.

Nesses casos, o jornalismo de soluções virou grande aliado para leitores e jornalistas. Ao apresentar soluções comprovadas cientificamente e embasadas em dados, o público fica mais propenso a acompanhar notícias sobre meio ambiente — e a sentir esperança.

Para os jornalistas, comunicar alternativas também ajuda a saúde mental. Infelizmente, nem sempre é possível. Especialmente nesse País tropical abençoado por Deus, no qual o Senado aprova destruir a legislação ambiental e ameaça ministras de Meio Ambiente de enforcamento.

A ministra de Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, se retirou da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) após ser ofendida pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM). Em outra ocasião, ele a ameaçou de enforcamento.(Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado A ministra de Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, se retirou da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) após ser ofendida pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM). Em outra ocasião, ele a ameaçou de enforcamento.

Daí entra outro desafio. A pesquisa da Bulbe Energia demonstrou que um em cada quatro brasileiros entrevistados se consideram mal-informados sobre meio ambiente.

Além disso, 43% afirmaram ter tido pouco ou nenhum contato com temas ambientais na época da escola, seja por abordagens superficiais ou ausência total no currículo.

Quer dizer que o papel do jornalista sai da informação para a formação. Precisamos explicar o que está ocorrendo e tentar encontrar a linha tênue entre o tecnicismo e a superficialidade. Boa sorte para nós: a Terra é um dos sistemas mais complexos que temos conhecimento.

Fato é que precisamos estar informados. A ignorância nunca pode ser uma alternativa. Enquanto o lado de cá precisa aguçar técnicas narrativas e explorar diferentes formatos, é imprescindível que o lado de lá (o seu, leitor) crie o hábito de ler.

Ao consumir notícias de meio ambiente (mea culpa: que deveriam estar em todas as editorias), você terá suporte para dar críticas construtivas. O que funcionou? O que foi mal? Como podemos criar uma parceria para que a ignorância não seja o que nos afastou da maior luta da humanidade?

Posso começar dando sugestões de veículos para acompanhar. 

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Leia sobre meio ambiente

Agência EcoNordesteJornalismo ambiental de soluções, focada na cobertura do Nordeste e da Caatinga.

((o))eco: Jornalismo ambiental sobre conservação da natureza, biodiversidade e política ambiental no Brasil.

Fauna News: Jornalismo ambiental focado em animais silvestres. Infelizmente, encerrou atividades por falta de financiamento.

InfoAmazônia: Jornalismo ambiental focado em dados geoespaciais, mapas e visualização de dados para entender os problemas e soluções na Amazônia.

Amazônia Vox: Jornalismo ambiental de soluções focado na Amazônia, feito por profissionais amazônidas.

Ambiental Media: Jornalismo ambiental baseado em ciência e dados.

Sumaúma: Jornalismo ambiental focado na Amazônia.

Climate Tracker América Latina: Jornalismo focado para a cobertura da crise climática. É um portal de suporte a jornalistas, que reúne produções de toda a América Latina

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