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Cinema do Dragão e Aceccine refletem sobre margens de Fortaleza em mostra
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João Gabriel Tréz é repórter de cultura do O POVO e filiado à Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). É presidente do júri do Troféu Samburá, concedido pelo Vida&Arte e Fundação Demócrito Rocha no Cine Ceará. Em 2019, participou do Júri da Crítica do 13° For Rainbow.

João Gabriel Tréz arte e cultura

Cinema do Dragão e Aceccine refletem sobre margens de Fortaleza em mostra

Cinema do Dragão e Associação Cearense de Críticos de Cinema realizam mostra Fortaleza à Margem ao longo do mês de maio
Tipo Notícia
Foto: divulgação "Rodson ou (Onde o sol não tem dó)", de Cleyton Xavier, Clara Chroma, Orlok Sombra

A partir de um recorte de olhares próprios lançados à capital cearense pela produção contemporânea audiovisual feita na Cidade, o Cinema do Dragão e a Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine) realizam a Mostra Fortaleza à Margem. O evento compõe a programação de 24 anos do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) e marca, ainda, a reabertura da Sala 1 do cinema do equipamento. Serão exibidos em maio os longas "Rânia", de Roberta Marques; "Tremor Iê", de Elena Meirelles e Lívia de Paiva; e "Rodson ou (Onde o sol não tem dó)", de Cleyton Xavier, Clara Chroma, Orlok Sombra.

A programação — que foi iniciada no último dia 27 de abril, com a exibição do longa distópico "Medo do Escuro" (2015), de Ivo Lopes Araújo — foi composta a partir de parceria entre integrantes da Aceccine e Kênia Freitas, curadora do Cinema, pesquisadora e também crítica associada.

"'Fortaleza à Margem' é fruto de uma parceria sólida com a Aceccine. A mostra propõe um olhar sobre o cinema cearense contemporâneo e sobre como este tem olhado para a Cidade", resume Helena Barbosa, superintendente do Dragão do Mar.

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"Ela foi construída de forma coletiva. A ideia original era pensarmos em apenas uma exibição, mas diante dos filmes propostos, o Dragão propôs que a gente expandisse para construir uma mostra", explica Arthur Gadelha, presidente da Aceccine e roteirista do O POVO.

Os quatro longas que compõem o recorte, compreende o crítico, "têm muito em comum apesar de cada um ser de um tempo diferente da produção cearense, vindo de impulsos muitos particulares". O que liga as produções, na visão de Arthur, é o olhar que elas lançam às "margens da Cidade para repensar que limite é esse que os próprios espaços impõem". Desponta no grupo, ressalta, o caráter de distopia, presente em três dos quatro longas.

O já exibido "Medo do Escuro" acompanha o vagar de um homem por uma cidade pós-apocalíptica. Já "Tremor Iê" apresenta um futuro indefinido no qual amigas se reúnem em meio a um governo antidemocrático para tentar liberar presas políticas em troca dos restos mortais do ex-ditador Marechal Castelo Branco. "Rodson", finalmente, se passa nos "pré anos 3000" onde um garoto com instinto artístico reprimido vive sob um regime "anarcocrenty" onde só a produção em massa é permitida.

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"É curioso que tenhamos três distopias, filmes que acontecem em um futuro não definido onde esse atrito gerou respostas emergentes. Já 'Rânia' é o que acontece neste nosso tempo, mas com uma mesma vontade de atravessar as fronteiras, de deixar de se esconder", relaciona Arthur.

O Dragão do Mar, sob a ainda recente gestão de Helena Barbosa — que assumiu o cargo de superintendente do equipamento há pouco mais de três meses —, constitui na programação de aniversário, que se iniciou na última segunda-feira, 24, e será encerrada hoje, um olhar atento aos territórios que não somente se avizinham ao espaço físico, mas o constituem.

Neste sentido, os longas da mostra despontam como convites que se somam às reflexões propostas. "A mostra Fortaleza à Margem é um convite para ver o cinema cearense pensando sobre esse espaço urbano, talvez para perceber que quem constrói esse espaço, quem constrói a Cidade, somos nós", define Arthur.

Para além do simbólico e reflexivo, a parceria da Aceccine com o Dragão reforça o equipamento como importante espaço de circulação, debate e construção de pensamento da linguagem audiovisual no Estado. "O espaço — e aí incluindo não só o Cinema, como programações de teatro, exposições, festas e demais atividades — fez parte da formação da maioria dos profissionais da crítica da Cidade", destaca Arthur. "Esse é o desejo de cada uma dessas ações, que o Cinema possa ser uma partilha para visualizar e construir formas melhores de estarmos juntos", dialoga Helena.

Mostra Fortaleza à Margem

Quando: dias 10, 11 e 18 de maio

Onde: Cinema do Dragão (rua Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema)

Quanto: ingressos promocionais a R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)

Mais informações: @cinemadodragao e @aceccine

Programação

10/5 (quarta)

19h30min - "Rânia" (2011), de Roberta Marques

11/5 (quinta)

19h30min - "Tremor Iê' (2019), de Elena Meirelles e Lívia de Paiva

18/5 (quinta)

19 horas - "Rodson ou Onde o sol não tem Dó" (2020), de Cleyton Xavier, Clara Chroma e Orlok Sombra

Foto do João Gabriel Tréz

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