Davi Rocha é um gamer inveterado e professor universitário com uma pitada de publicitário. Sua paixão por videogame o leva a tentar desvendar as camadas mais profundas das narrativas interativas e mecânicas dos jogos atuais. Com uma análise apurada e uma abordagem que une teoria e prática, apenas aborda os principais lançamentos, mas também conecta pontos interessantes entre a cultura pop e estratégias de marketing e comunicação
Octopath Traveler 0 é um RPG que combina elementos tradicionais do gênero com escolhas ousadas oriundas de sua origem mobile.
A primeira impressão vem do impacto visual: o já conhecido estilo HD-2D retorna com força, criando cidades que parecem dioramas artesanais, dungeons com água cintilante e montanhas onde pequenos flocos de neve reforçam a sensação de mundo vivo.
A clareza desses ambientes ajuda a manter a atenção do jogador, sem exageros que distraiam. Há quedas de textura pontuais, perceptíveis principalmente em telas 4K, mas nada que comprometa o encanto geral com o título.
A narrativa aposta em momentos chocantes, como dilemas morais e vilões que não economizam na crueldade. O jogo abandona o formato clássico da série, que seguia oito protagonistas independentes, e adota um enredo mais linear e centrado em três grandes linhas narrativas.
O clima remete a títulos como Final Fantasy VI pela escala do elenco e à estrutura emocional de JRPGs modernos. O protagonista silencioso acaba sendo o elo mais frágil da história, criando certa distância emocional, mas o universo e os antagonistas compensam.
O controle é simples e direto. As batalhas usam comandos tradicionais de turnos, com foco em identificar fraquezas e usar habilidades especiais para “quebrar” a defesa dos inimigos. O sistema de troca entre a linha de frente e a linha de apoio funciona bem e dá fluidez às lutas, mesmo com um elenco enorme.
Em alguns momentos, escolher quem colocar no grupo causa certa confusão pela quantidade de personagens, mas ajustar a distribuição com calma facilita o processo. Jogar com botões mapeados para alternar rapidamente entre personagens torna tudo mais ágil e evita menus excessivos.
O áudio é um ponto alto. A trilha do compositor Yasunori Nishiki entrega temas grandiosos, emocionais e cheios de textura. Os efeitos sonoros são nítidos e reforçam o impacto das habilidades. As cenas dramáticas ganham tom mais pesado com a música certa, enquanto vilões caricatos ficam ainda mais marcantes pela forma como o som acompanha suas aparições.
Mesmo depois do término, o conteúdo aqui continua amplo. Quem quiser explorar tudo o que o jogo oferece pode facilmente gastar mais de cem horas, e o sistema de construção da cidade Wishvale serve como uma pausa estratégica que traz recompensas constantes.
A rejogabilidade vem do elenco extenso, que possibilita montar várias formações e táticas de combate. Jogadores que gostam de testar combinações encontrarão aqui um prato cheio.
Octopath Traveler 0 combina um mundo visualmente marcante, uma trilha sonora poderosa e um sistema de combate dinâmico que brilha mesmo com limitações herdadas de sua origem mobile.
A quantidade enorme de personagens, a ausência de classes secundárias e o protagonista silencioso reduzem parte da profundidade vista nos títulos anteriores, mas o ritmo envolvente, as batalhas estratégicas e o gigantesco volume de conteúdo compensam.
É um RPG pensado para quem gosta de se perder em universos longos, belos e cheios de possibilidades, daqueles que continuam ecoando na memória mesmo depois que a aventura termina.
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