Davi Rocha é um gamer inveterado e professor universitário com uma pitada de publicitário. Sua paixão por videogame o leva a tentar desvendar as camadas mais profundas das narrativas interativas e mecânicas dos jogos atuais. Com uma análise apurada e uma abordagem que une teoria e prática, apenas aborda os principais lançamentos, mas também conecta pontos interessantes entre a cultura pop e estratégias de marketing e comunicação
Como iniciativas públicas e privadas fortalecem o desenvolvimento de jogos no Brasil
Ampliando formação, acesso à tecnologia e oportunidades para estúdios e criadores, entidades públicas e privadas geram impacto direto na economia criativa e na profissionalização de novos talentos
Foto: Montagem/Davi Rocha
Marcas que atuam no setor de games
O Brasil vive um momento raro e bastante fortuito em que setores públicos, privados e comunitários se movimentam simultaneamente para fortalecer a indústria de jogos.
Iniciativas lideradas por entidades nacionais, marcas internacionais e organizações regionais ajudam a estruturar um ecossistema que impacta diretamente a formação de profissionais, a organização de estúdios e o acesso do público a novas oportunidades.
A Abragames - associação brasileira que reúne e representa empresas e profissionais de desenvolvimento de jogos digitais - surge como um dos pilares desse processo ao anunciar o lançamento do Brazil Games Accelerator, um programa robusto que mira estúdios já em estágio de maturidade.
A proposta reúne consultorias especializadas, mentorias internacionais, diagnóstico técnico de produtos e uma trilha de capacitação voltada à internacionalização.
A presença de parceiros estratégicos e a conexão direta com investidores visa transformar o programa em um ponto de virada para empresas que desejam competir globalmente. É um gesto importante, que profissionaliza, qualifica e acelera a transição de estúdios nacionais para mercados externos, ampliando a visibilidade do Brasil no cenário internacional.
Em paralelo, no Ceará desponta um dos movimentos mais abrangentes do País ao com a implementação do Hub de Games do Ceará, apelidado atualmente de “Ceará Jogos”.
Em conversas com Gabriel Gabas — presidente da Associação Cearense de Desenvolvedores (Ascende) de Jogos e figura fundamental do ecossistema cearense — fica evidente que o programa não é apenas uma iniciativa de formação, mas uma política estruturada.
O projeto contempla a seleção de até 100 criadores para participar de um Laboratório de Produção focado em ideação, prototipagem e pré-produção de projetos de games, seguido pela concessão de 100 bolsas para viabilizar o desenvolvimento dessas iniciativas.
Prevê também uma Aceleradora de Negócios voltada a estúdios em atividade, intercâmbios internacionais para ao menos dez criadores, uma plataforma online para promoção e registro dos jogos cearenses e ações culturais destinadas à preservação do patrimônio da linguagem dos jogos, formando um ecossistema educativo e profissional raro no País.
Não menos importante, a Logitech G complementa esse cenário ao decidir investir na base formativa do desenvolvedor brasileiro, reforçando o elo entre educação tecnológica e oportunidades concretas.
A marca suíça, reconhecida mundialmente por seus periféricos de alto desempenho, anunciou uma parceria com a GAMEscola — uma escola criativa do Paraná que utiliza videogames para ensinar disciplinas escolares e preparar jovens para a vida acadêmica e profissional — e doou 40 setups completos, com teclados, mouses, headsets e equipamentos de simulação.
Essa entrega extrapola a simples oferta de hardware: cria um ambiente onde jovens podem experimentar, desde cedo, ferramentas equivalentes às utilizadas por profissionais do setor.
A presença de cockpits de simulação de corrida instalados com apoio da GTCONCEPT, empresa do ramo de simuladores, expande o repertório dos estudantes, permitindo contato com modalidades competitivas, design de simulação e aplicações de engenharia digital.
A iniciativa demonstra entendimento profundo sobre o papel social das marcas de tecnologia — democratizar acesso, estimular vocações e fortalecer regiões que historicamente ficaram distantes dos polos tradicionais de inovação.
Quando essas frentes se conectam — políticas públicas como o Hub de Games do Ceará, entidades como a Abragames e marcas globais como a Logitech G — o Brasil deixa de ser só um grande mercado consumidor e passa a se afirmar como produtor de tecnologia, cultura e serviços em games.
Estúdios ganham estrutura para competir lá fora, jovens têm acesso à formação e ferramentas profissionais, e a indústria se organiza em torno de um objetivo comum: transformar talento em oportunidade, impacto social e desenvolvimento sustentável para o setor de jogos no País.
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