Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Um menino de 13 anos foi morto em casa por policiais - a família relata e a Secretaria da Segurança Pública confirma. Segundo os parentes, o adolescente Mizael Fernandes da Silva dormia quando foi baleado. É uma tragédia sobre a qual não cabe subterfúgio.
Não é possível entender esse drama de forma distanciada, sem se colocar no lugar de quem o vivencia. Você tem filho? Pense nele quando teve ou imagine quando tiver 13 anos. Ou pense num irmão. Um primo. Pense em você mesmo quando tinha 13 anos. Nas noites de sono e sonhos.
Escrever sobre violência é difícil. Muitos jornalistas evitam a área. Difícil, mas importante. Alguns profissionais se decidam e se especializam. Alguns se tornam muito bons. Para além da informação, é importante não perder o tom da humanidade. Saber se tratar de gente, emoções, vidas - por vezes destruídas, das vítimas, dos familiares e dos autores. De tristezas profundas. Não me interessa a história dos crimes, mas das pessoas. É fácil tornar-se pouco sensível quando se lida com universo tão duro. É até uma forma de autoproteção.
Há jornalistas muito bons na área, que compreendem de que talvez nenhum assunto precise de tanta sensibilidade e humanidade. Lucas Barbosa é desses. No O POVO do último sábado, ele conta que Mizael trabalhava na roça, cuidava de gado e acordava 4 da manhã para tirar leite de vaca.
Os policiais estão afastados. Ontem, cinco dias após o crime, o governador Camilo Santana (PT) se manifestou pela primeira vez sobre o assunto.
Quando se fala de mortes cometidas por policiais, surge contra-argumento de que eles também são alvos. Recentemente houve onda de crimes dos quais foram vítimas - tratei do assunto em 17 de junho. Um absurdo não atenua ou compensa outro.
Quando o policial é vítima, trata-se de um crime mais grave que uma ocorrência comum. Não é apenas contra a pessoa, mas contra o agente de Estado cuja função é garantir a segurança. O próprio Estado é vítima. Se a violência parte do policial, também é mais grave. Justamente porque ele é um agente público. É um braço do Estado. Está lá para proteger a vida. Entende por que se torna mais grave quando essa pessoa comete um assassinato?
O relato dos familiares, reproduzido por Barbosa, conta que o policial repetia seguidamente após matar Mizael: "Fiz merda." Foi um absurdo, que precisa ser esclarecido e punido. Sem prejuízo da justa e necessária indignação, ele também vive sua tragédia. Foi alvo secundário do próprio despreparo. Outra vida arruinada, menos pela punição que deverá sofrer e mais por saber que matou um menino de 13 anos.
A entrada na casa
Não há informação de que os policiais tivessem mandado para entrar na casa onde Mizael estava e onde foi assassinado.
Aliança sem jeito?
O grupo Ferreira Gomes aguarda e ainda tentará fazer seus movimentos. Mas, parece improvável entendimento entre PDT e PT. Fosse outro partido, seria não apenas possível como provável - praticamente certo, bem dizer - o arranjo conforme o governador Camilo Santana gostaria que ocorresse. Ocorre que o PT tem prazos e procedimentos bem próprios. Os Ferreira Gomes gostam de conduzir seu próprio calendário. Camilo gosta de conversas. No PT, porém, isso precisa, necessariamente, passar pelos fóruns. Nem que o partido quebre a cara, como vez ou outra.
Luizianne Lins foi escolhida como candidata do PT. Já vinha sinalizada a opção há meses. Para que isso fosse ou seja desfeito, a única hipótese é acordo com ela. O PT já tentou atropelá-la em 2004, o próprio Lula se arrepende. O partido não fará isso de novo.
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