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Notas da primeira semana de campanha
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Notas da primeira semana de campanha

Tipo Opinião
Adesivaço da campanha de Capitão Wagner (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR Adesivaço da campanha de Capitão Wagner

A expectativa da eleição em Fortaleza é para polarização entre Capitão Wagner (Pros) e José Sarto (PDT), mas as atenções nesta algo surpreendente primeira semana de campanha não se concentraram em nenhum dos dois.

Um dos marcos desta primeira semana foi o uso por Luizianne Lins (PT) da imagem de Camilo Santana (PT). Dentro do limite possível, o governador reagiu. O prefeito Roberto Cláudio (PDT) foi na mesma linha. Governador e partido não se entendem há tempos, mas provavelmente foi o mais longe que o partido avançou ao confrontar as posições de Camilo - no caso, a favor do PDT.

O outro fato é a briga de Heitor Férrer (SD) e Heitor Freire (PSL) pelo nome. A narrativa mais inusitada até aqui. Será que há risco de o eleitor pretender votar em um candidato e acabar escolhendo outro? Ainda mais que os números são parecidos: 77 e 17. A Justiça deu liminar para que Freire use o sobrenome.

Na campanha de Sarto, chamam atenção as visitas a obras da Prefeitura e as minicarreatas, praticamente todo dia.

Já na campanha do Capitão, o que mais chamou atenção neste começo foram as várias denúncias de campanha irregular contra Sarto - algumas já acatadas pela Justiça.

Por ora, é um aquecimento para a campanha. De sete semanas, a primeira já foi.

Adesivaço da campanha de Capitão Wagner
Adesivaço da campanha de Capitão Wagner (Foto: JÚLIO CAESAR)

Educação com Bolsonaro não tem como dar certo

Tanta coisa aconteceu nesses dias que faltou comentar a entrevista do ministro da Educação, Milton Ribeiro, publicada pelo Estado de S.Paulo. O ministro acha um absurdo que estudantes aprendam sobre uso de camisinha. As doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce são um drama que pode piorar muito a depender de Ribeiro. Ele disse ainda que homossexualidade não é normal, ele não concorda, mas respeita. Muito respeitoso ele. Disse também que "(...) normalizar isso, e achar que está tudo certo, é uma questão de opinião". Sim, o ministro da Educação acha que respeitar as pessoas como seres humanos normais, independentemente de orientação sexual, é questão de opinião. Afirmou ainda que a homossexualidade é resultado de famílias desajustadas. Sobre professor transgênero: "Se ele não fizer uma propaganda aberta com relação a isso e incentivar meninos e meninas para andarem por esse caminho.... Tenho certas reservas."

Um inventário de preconceitos, desconhecimento e descrença na educação. O ministro não crê no diálogo aberto, franco, democrático e transparente com os estudantes. Acha que os estudantes são manipuláveis e desprovidos de senso crítico. Pior ainda é a percepção sobre os professores.

"Hoje ser um professor é ser quase que uma declaração que a pessoa não conseguiu fazer outra coisa." O ministro dizia isso a pretexto de defender a valorização, pagar melhores salários, qualificar. A diretriz é correta. Mas, a visão ofende toda a atual geração de educadores. E sinaliza que virá o governo redentor para mudar isso.

Há professores, a maioria eu diria, que amam o que fazem. Muitos não trocariam por outra profissão. Aliás, olhe para qualquer profissional, de qualquer área. Ele teve professores. Se é um bom profissional, teve bons professores. Não existe boa educação sem professores valorizados. E a valorização não é só dar melhores salários e qualificá-los, como propõe o ministro. Porque isso, na visão de Ribeiro, seria tirá-los de uma condição lastimável para dar dignidade. A valorização pressupõe reconhecer que, mesmo mal pagos, com precárias condições de trabalho, os professores são a mais digna das profissões. Há grandes mestres, cujo trabalho notável é mantido independentemente dos governos - por vezes apesar dos governos.

É impossível que a educação dê certo com a visão que tem o ministro. Sem a educação dar certo, é impossível que o governo ou o País deem certo.

Leia também | Como o governo Bolsonaro vê os professores e a educação

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