Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
A expectativa da eleição em Fortaleza é para polarização entre Capitão Wagner (Pros) e José Sarto (PDT), mas as atenções nesta algo surpreendente primeira semana de campanha não se concentraram em nenhum dos dois.
O outro fato é a briga de Heitor Férrer (SD) e Heitor Freire (PSL) pelo nome. A narrativa mais inusitada até aqui. Será que há risco de o eleitor pretender votar em um candidato e acabar escolhendo outro? Ainda mais que os números são parecidos: 77 e 17. A Justiça deu liminar para que Freire use o sobrenome.
Na campanha de Sarto, chamam atenção as visitas a obras da Prefeitura e as minicarreatas, praticamente todo dia.
Já na campanha do Capitão, o que mais chamou atenção neste começo foram as várias denúncias de campanha irregular contra Sarto - algumas já acatadas pela Justiça.
Por ora, é um aquecimento para a campanha. De sete semanas, a primeira já foi.
Educação com Bolsonaro não tem como dar certo
Tanta coisa aconteceu nesses dias que faltou comentar a entrevista do ministro da Educação, Milton Ribeiro, publicada pelo Estado de S.Paulo. O ministro acha um absurdo que estudantes aprendam sobre uso de camisinha. As doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce são um drama que pode piorar muito a depender de Ribeiro. Ele disse ainda que homossexualidade não é normal, ele não concorda, mas respeita. Muito respeitoso ele. Disse também que "(...) normalizar isso, e achar que está tudo certo, é uma questão de opinião". Sim, o ministro da Educação acha que respeitar as pessoas como seres humanos normais, independentemente de orientação sexual, é questão de opinião. Afirmou ainda que a homossexualidade é resultado de famílias desajustadas. Sobre professor transgênero: "Se ele não fizer uma propaganda aberta com relação a isso e incentivar meninos e meninas para andarem por esse caminho.... Tenho certas reservas."
Um inventário de preconceitos, desconhecimento e descrença na educação. O ministro não crê no diálogo aberto, franco, democrático e transparente com os estudantes. Acha que os estudantes são manipuláveis e desprovidos de senso crítico. Pior ainda é a percepção sobre os professores.
"Hoje ser um professor é ser quase que uma declaração que a pessoa não conseguiu fazer outra coisa." O ministro dizia isso a pretexto de defender a valorização, pagar melhores salários, qualificar. A diretriz é correta. Mas, a visão ofende toda a atual geração de educadores. E sinaliza que virá o governo redentor para mudar isso.
Há professores, a maioria eu diria, que amam o que fazem. Muitos não trocariam por outra profissão. Aliás, olhe para qualquer profissional, de qualquer área. Ele teve professores. Se é um bom profissional, teve bons professores. Não existe boa educação sem professores valorizados. E a valorização não é só dar melhores salários e qualificá-los, como propõe o ministro. Porque isso, na visão de Ribeiro, seria tirá-los de uma condição lastimável para dar dignidade. A valorização pressupõe reconhecer que, mesmo mal pagos, com precárias condições de trabalho, os professores são a mais digna das profissões. Há grandes mestres, cujo trabalho notável é mantido independentemente dos governos - por vezes apesar dos governos.
É impossível que a educação dê certo com a visão que tem o ministro. Sem a educação dar certo, é impossível que o governo ou o País deem certo.
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