Sarto hoje daria mais trabalho que Luizianne ao Capitão
Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Simulação de segundo turno é a projeção de algo que ainda não está confirmado. Tenta medir o potencial de voto em caso de um cenário hipotético acontecer. Toda pesquisa de intenções de voto tem sua margem de incerteza. Mais ainda uma simulação. Ainda assim, traz indicativos relevantes. Um possível segundo turno entre Capitão Wagner (Pros) e Sarto Nogueira (PDT) poderia ser extremamente disputado. O Capitão tem 44%, o pedetista, 43%. A considerável vantagem de Wagner se desfaz. O cenário é complicado para o candidato do Pros.
Já no embate entre o Capitão e Luizianne Lins (PT), ele tem 49% e a petista, 37%. Claro, haveria toda um segundo turno pela frente. Uma vez que o cenário se consolida, imediatamente há mudanças em relação ao que a pesquisa aponta antes, na simulação. Porém, a preço de agora, Luizianne parece menos competitiva que Sarto num eventual segundo turno.
Gosto sempre de lembrar, ao falar das simulações de segundo turno, de 2004. Nas simulações, Moroni Torgan, então no PFL, levava a melhor sobre Luizianne. Já na primeira pesquisa do segundo turno de fato, ela apareceu com boa dianteira. O que quer dizer que as simulações não são capazes de expressar a realidade de um segundo turno confirmado. Mas, dá indicações.
Os três primeiros se movem
Pesquisas têm mais relevância a partir da segunda rodada. O motivo é simples: importa menos o número estático e mais o movimento. O mais importante não é o resultado de Sarto e Luizianne, empatados tecnicamente e numa boa briga pela vaga no segundo turno. O mais relevante da pesquisa é que Sarto está em alta. Ganhou sete pontos em menos de duas semanas. É bastante coisa. Luizianne, por sua vez, cai cinco pontos. Não é pouca coisa.
Hoje, a disputa entre Sarto e Luizianne é o fato mais importante da eleição. Será a provável decisão de quem irá ao segundo turno contra o líder, Capitão Wagner. E, a principal pergunta que a pesquisa deixa é: os deslocamentos até aqui já se estabilizaram ou as tendências prosseguem? Nesse último caso, um segundo turno entre Wagner e Sarto será inevitável. Ou, será que Luizianne consegue reverter a tendência? Quais são as próximas estratégias das candidaturas? Os próximos gestos? Os ataques e as defesas? Isso a pesquisa Datafolha não é capaz de dizer. Ela irá, isso sim, influenciar os movimentos.
Luizianne cai em momento que é alvo de críticas duras que partem da campanha de Sarto. Inclusive, com programa que foi retirado do ar por decisão da Justiça Eleitoral. As críticas a Luizianne e ao período dela na Prefeitura, conforme o Datafolha, parecem ter cumprido seu papel. Mas, ela está viva e segue no jogo. A questão é se o estrago feito já é o que se viu ou pode ser maior. Luizianne irá contra-atacar?
Quanto ao Capitão Wagner (Pros), há uma oscilação de dois pontos percentuais, dentro da margem de erro. Pelo cenário de hoje, ele estaria praticamente assegurado no segundo turno. A interrogação sobre ele é: a oscilação foi apenas isso mesmo ou indica uma lenta tendência de queda? Wagner tem espaço para crescer ou chegou ao seu teto?
Se Luizianne foi alvo da campanha de Sarto, Capitão Wagner foi confrontado, principalmente, pelo governador Camilo Santana (PT). O petista é o cabo eleitoral com maior potencial de influência no Ceará. Porém, enfrenta amarras legais para seu envolvimento na campanha. Seu desejo seria apoiar Sarto, mas seu partido tem Luizianne Lins como candidata. Então, ele fica impossibilitado de fazer campanha a favor daquele para quem gostaria de pedir voto. Tem restado a Camilo a campanha contra Wagner. De acordo com o Datafolha, o impacto das críticas não é o mesmo do potencial pedido de votos. O Capitão oscilou apenas.
Mas, talvez a atuação de Camilo tenha sido determinante para que, por exemplo, ele não tenha subido. De todo modo, o candidato do Pros demonstra, até aqui, resiliência sob a saraivada de críticas.
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