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Bolsonaro descobriu que incendiar o País faz dólar subir
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Bolsonaro descobriu que incendiar o País faz dólar subir

Tipo Opinião
Bolsonaro está tendo trabalho com dificuldades criadas por ele próprio (Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República)
Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República Bolsonaro está tendo trabalho com dificuldades criadas por ele próprio

O presidente Jair Bolsonaro dedicou semanas para preparar as manifestações de 7 de setembro e, desde então, tenta resolver os problemas que ele criou. Para isso, tenta desfazer o que é possível daquilo que com tanto esmero construiu.

A apoiadores, numa fala confusa como o raciocínio dele, disse que a nota publicada na quinta-feira tem relação com a alta do dólar. "O que aconteceu às três da tarde de ontem (quinta). Não posso falar para cima, que o dólar... O que acontece? Cada um fala o que quiser." E prosseguiu: "Se o dólar dispara, influencia o combustível."

Não é um primor de lógica, de construção de raciocínio? Pelo que entendi, o presidente entendeu que precisava recuar porque os protestos e o discurso de terça-feira provocaram problemas na economia. Tratei disso aqui. Não só o dólar, a Bolsa também.

Na campanha presidencial de 2018, Bolsonaro disse que não entendia de economia. Por isso, teria seu "Posto Ipiranga" para perguntar — o Paulo Guedes. Parece que o Posto Ipiranga não avisou a ele que fazer mobilizações para intimidar, constranger e ameaçar outros poderes afeta a economia. Comprar brigas com as instituições derruba a Bolsa. Colocar fogo no Brasil faz o dólar subir.

Mercado gosta de previsibilidade, estabilidade. Bolsonaro é a antítese disso. Mesmo o apoiador mais fervoroso haverá de reconhecer que Bolsonaro não é a pessoa mais previsível.

Ou você, caro leitor que chegou a esta altura do texto e que eventualmente tenha ido às ruas no 7 de setembro, vai me dizer que esperava o desenrolar dos acontecimentos? Acreditava que, após dizer que não obedeceria mais às decisões de Alexandre de Moraes, Bolsonaro terminaria elogiando as qualidades "como jurista e professor" do ministro? Vamos combinar, Michel Temer (MDB), autor intelectual da nota, é um gozador.

Enfim, este tem sido o governo Bolsonaro: parte do tempo cria problemas, parte tenta resolver esses problemas que criou. Ocorre que ele dedica mais tempo, com mais entusiasmo e capacidade para criar que para resolver.

Reclama sem ler

O presidente Jair Bolsonaro reclamou de aliados que, segundo ele, reclamam da nota sem tê-la lido. "O cara não lê a nota e reclama. Leia a nota, duas, três vezes. É bem curtinha, são dez pequenos itens. Entenda", pediu o presidente. Mal sabe o presidente que não é só a nota dele que muita gente comenta e critica sem ter lido. Ou sabe sim.

Armas e duas tragédias em Fortaleza

Laudo da Perícia Forense mostrou que Caroline Alves da Rocha, gerente da joalheria Tânia Joias do shopping Iguatemi, foi morta pelo tiro que saiu da arma do vigilante, em assalto em 20 de agosto. Vídeo mostra que um dos criminosos trocou tiros com o vigilante, e Carol foi mantida entre eles. O segurança armado havia sido contratado pouco tempo antes, após outro assalto, onde o prejuízo foi milionário, mas apenas material. Pode ser recuperado, diferentemente da morte de Carol.

Dois dias antes, em 18 de agosto, durante tentativa da Guarda Municipal de dispersar a feira da rua José Avelino, um feirante foi baleado e morto. Os confrontos na José Avelino ocorrem há mais de uma década. Porém, os mais recentes ocorrem depois que parte da Guarda passou a usar armas de fogo.

O uso de armas de fogo não apenas por vigilantes ou guardas, mas por qualquer pessoa, tornou-se um grande debate público no Brasil nos últimos anos. Em Fortaleza, há dois casos recentes de mortes. Há precedentes de ambas as situações, e, sem profissionais de segurança pública ou privada armados, não tinha havido morte.

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