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Governo Camilo muda em áreas que dão muito voto
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Governo Camilo muda em áreas que dão muito voto

Entre os secretários que saem até amanhã do governo estão os de áreas que o próprio Camilo comandou antes de virar governador
Tipo Opinião
Zezinho Albuquerque é antigo aliado dos Ferreira Gomes (Foto: EVILÁZIO BEZERRA, em 13/12/2018)
Foto: EVILÁZIO BEZERRA, em 13/12/2018 Zezinho Albuquerque é antigo aliado dos Ferreira Gomes

Dos secretários que se despedem do governo Camilo Santana (PT) até amanhã, três representam uma grande mudança administrativa. Dois deles comandam duas das pastas com intervenções mais capilarizadas e presentes nos municípios. Um é Zezinho Albuquerque, das Cidades, e outro Diassis Diniz, do Desenvolvimento Agrário. São duas estruturas capazes de projetar politicamente quem as ocupa. Um exemplo: no primeiro governo Cid Gomes, o secretário do Desenvolvimento Agrário era Camilo Santana. Em 2010, concorreu a deputado estadual e foi o mais votado do Ceará. No segundo governo Cid, foi secretário das Cidades. Saiu de lá para ser eleito governador.

Outra mudança numa área central do governo é na Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag), com a saída de Mauro Filho (PDT). Porém, como Mauro durante parte considerável dos últimos três anos se afastou da pasta para exercer o mandato de deputado federal, será uma substituição sem muito sobressalto.

Não é a economia ou a liberdade, é desprezo pela vida

O presidente Jair Bolsonaro tirou seis dias de férias na semana passada, passou três dias em Brasília, de sexta a domingo, e saiu para mais uma semana de férias, com previsão de retorno na segunda-feira, 3. Uma festa.

Na semana passada, no Guarujá (SP), ele pescou perto de ilha de cobras venenosas, passeou de moto aquática, foi a culto, dançou funk, comeu pastel e apostou na Mega da Virada. Esta semana, foi a São Francisco do Sul (SC). O presidente deverá emendar 13 dias de férias entre dezembro e o começo de janeiro.

Nesse meio tempo, a Bahia atravessa uma calamidade, com fortes chuvas e cenas aterradoras. Morreram pelo menos 20 pessoas até ontem. Os desabrigados passam de 31 mil. Quase meio milhão de pessoas foram afetadas. E o presidente passeando.

Na pandemia de Covid-19, no primeiro momento, parecia que o desdém de Bolsonaro pelas mortes — "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?" — era uma postura de defender a economia contra as restrições. Porém, o presidente passou a se contrapor às principais medidas para evitar impactos econômicos e permitir a retomada das atividades o mais próximo possível da normalidade. Criticou máscaras, vacina, passaporte vacinal. Então, os aliados passaram a dizer que era uma defesa da liberdade, ainda que custasse a vida.

O que se vê no caso da Bahia é se tratar mesmo de indiferença, descaso, desprezo pela vida. O presidente da República não se importa, não é afetado e finge que não são com ele as tragédias que afetam o povo.
Não me incomodo pelos períodos em que Bolsonaro está de férias. Cada dia de serviço é um prejuízo para o povo, para o Brasil, para a inteligência e a civilização. Quando ele não trabalha é um alívio. Porém, tragicamente, para além do indivíduo há o cargo que ocupa. É triste que a Presidência da República seja exercida com semelhante descaso pelo povo que governa. As férias são um mero símbolo.

Para quando voltar ao trabalho, Bolsonaro já agendou compromisso para 5 de janeiro: pelada com os cantores sertanejos Gusttavo Lima e Marrone, em Goiás. Um deboche.

 

Voto em papel

Este ano faz 90 anos da morte de um símbolo: o bode Ioiô. Ou Yoyô. Escrevi sobre ele para o O POVO Mais. Na parte que interessa para a política, conta-se que ele foi muito bem votado para vereador em Fortaleza, em 1922. Foi um precursor, assim, do rinoceronte Cacareco, em São Paulo, e Macaco Tião, no Rio de Janeiro. Era manifestação do tempo do voto em papel — que tem seus saudosistas. Um protesto contra as excelências, colocar o bode acima deles. Aliás, hoje o fato de estar no Museu do Ceará continua essa espécie de desacato às instituições mais vetustas.

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