
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
É um tanto difícil de compreender a lógica que levou alguém de influência dentro do bloco aliancista que governa o Ceará atualmente a entender como razoável colocar um pouco mais de pimenta na discussão, já suficientemente confusa, que levará à escolha dos dois nomes que, dentro do grupo, disputarão as vagas ao Senado em 2026. A inclusão da opção Chagas Vieira, atual secretário da Casa Civil, justificadamente em alta pelo que tem feito desde que chegou à cadeira, entre as alternativas para formação de uma chapa competitiva em todas as posições não está ajudando a pacificar as coisas, pelo contrário.
A "culpa", usemos o termo, não parece ser do próprio Chagas, que apenas cumpre bem a missão que lhe foi entregue com o chamamento para voltar ao Palácio da Abolição e dar uma chacoalhada no governo. Seu comportamento proativo e ágil tem servido de inspiração, hoje, para outras figuras importantes do núcleo oficialista agirem no mesmo ritmo para que o discurso duro e agressivo da oposição não continuasse a circular sem contraponto no ambiente político, que era o que acontecia até recentemente. Pode-se dizer, agora, que há um debate acontecendo nas ruas.
No que diz respeito à definição dos candidatos ao Senado, entre os governistas, conta-se até nove nomes interessados nas duas vagas. Todos competitivos, aparentemente, e dispondo de argumentos para serem considerados a sério, ou seja, o filtro exigirá cuidado para não deixar sequelas que acabem, em efeito contrário, reforçando as linhas adversárias. Há gente envolvida na articulação, na prateleira dos que decidem, com experiência suficiente para entender que o movimento requer cuidados.
O deputado Guilherme Sampaio, líder do governo na Assembleia e presidente da executiva do PT em Fortaleza, foi provocado pela coluna acerca do cenário e olhou a questão somente pelo viés positivo, evitando valorizar os riscos. Segundo ele, o interesse de muitos nomes em constar na chapa seria uma expressão da força da aliança governista, considerando realmente importante que a linha do diálogo seja garantida até o momento da escolha definitiva.
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O que preocupa o parlamentar e dirigente partidário é que o debate seja lançado fora de hora. A prioridade de agora, diz, é cada um contribuir à sua maneira para que o governo faça as entregas anunciadas e prometidas, fator que facilitará o caminho de quem for às urnas representando o poder político atual. Inclusive para disputa às vagas no Senado. É uma boa recomendação, confortadora para quem precisa de conforto, mas anda longe de expressar o que acontece de verdade no mundo real da política.
O governador Elmano de Freitas e o ministro (senador licenciado) Camilo Santana têm a responsabilidade de dar ritmo efetivo às coisas, confirmando, desmentindo, desconversando, enfim, emitindo algum sinal a ser captado pelo grupo. Quanto à sugestão de Chagas Vieira como candidato ao Senado, ambos deram declarações, quando provocados, evasivas o suficiente para estimular quem considere ser uma boa opção levá-la adiante. É uma situação que, claro, será muito determinada no momento certo pelo que disserem as pesquisas internas que seguem sendo realizadas freneticamente.
Peço desculpas aos envolvidos, mas vejo exagero no debate político que gerou nos últimos dias a ideia de que um mote de campanha publicitária do governo do Ceará teria sido copiado pela equipe de comunicação de Tarcísio de Freitas, em São Paulo, com a história do "não para". Alega-se, mais do que isso, que o conjunto das coisas, incluindo as peças, exporia uma cópia quase literal do que se começou a apresentar antes aos cearenses. Convenhamos, tirando a parte de uma eventual demonstração de falta de criatividade e originalidade na equipe de comunicação que serve à gestão paulista, não se trata de uma ideia assim tão difícil de ser projetada. O bordão será encontrado em muitas campanhas no passado e, posso adiantar, haverá muitas mais à frente com o mesmo sentido.
Presidente do PDT no Ceará, o deputado federal André Figueiredo anda merecendo atenção do governador Elmano de Freitas, maior do que a que tem recebido. Suas queixas já chegaram ao Palácio da Abolição e parecem justas, considerando que a cobrança a interlocutores é no sentido de ter um retorno do que foi conversado um tempo atrás, em encontros dos quais participou também o ministro Carlos Lupi, presidente licenciado da executiva nacional pedetista. Entende-se o silêncio de resposta como sinal de desinteresse numa reaproximação, que daria muito trabalho em qualquer circunstância. É ver o que pode acontecer nos próximos dias, talvez semanas.
Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, intensifica suas ações de ataque ao governo Lula e, no paralelo, cuida de sua campanha à reeleição como senador do Piauí. Não será uma tarefa fácil, porque o PT local, que tem o governador Rafael Fonteles numa posição de conforto em seu projeto de tentar um novo mandato, definiu como prioridade conquistar as duas vagas em disputa para o Senado. Pesquisas internas dão a hipótese como muito possível, mas Ciro já anuncia ter apoio de 214 prefeitos (são 224 municípios no estado), número que, se real, dá-lhe uma boa vantagem de partida, embora não garanta a chegada.
Para sorte dele, Daniel Noboa (ultradireita) não se chama Nicolás Maduro (de esquerda, ou algo do tipo) e, mais ainda, o país onde acaba de ser reeleito presidente não é a Venezuela. Isso talvez justifique o fato de o mundo, incluindo boa parte de brasileiros, aceitar sem contestação o resultado da disputa eleitoral recém encerrada no Equador, da qual saiu vitorioso, no segundo turno, com 12 pontos de vantagem sobre Luiza Gonzáles, candidata das forças de esquerda. Noboa fez e aconteceu durante a campanha, o que podia e o que não podia, não conseguiu nenhum apoio entre os adversários que saíram da disputa após o primeiro turno e, mesmo assim, conquistou praticamente todos os votos que pareciam estar disponíveis entre uma etapa e outra. Quadro não captado por nenhum dos oito institutos que chegaram a aferir a intenção do eleitor equatoriano, todos sugerindo um cenário apertado. Luisa apontou várias fraudes, pediu recontagem, mas a comunidade internacional já correu a reconhecer o resultado. Brasil inclusive, e é vida que segue.
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