
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
A história que se tenta emplacar é a seguinte: está tudo acertado, Ciro Gomes troca o PDT pelo PSDB nos próximos dias e dali já sai pré-candidato ao Governo do Ceará. Hipótese que, se confirmada, tem potencial para impor mudanças importantes na estratégia traçada pelo grupo do outro lado que tem como projeto para 2026 se manter no poder, à frente o PT e Elmano de Freitas, provável candidato à reeleição. Muito especialmente diante do efeito paralisante que poderia ter sobre um aliado fundamental, o senador Cid Gomes (PSB), que é irmão dele.
A questão, do ponto de vista a partir do qual a coluna observa o cenário, ouvindo gente integrada ao contexto das decisões, é que a ideia ainda apresenta obstáculos importantes. Longe de significar que a candidatura dele deve ser descartada, há uma resistência pessoal, que até se apresenta menos intensa nos últimos dias, para que o próprio se convença. O que tem mantido o otimismo dos apoiadores mais entusiasmados da tese é o fato de, desde o início, os sinais de recusa da missão nunca apresentaram a ênfase suficiente para dá-la como descartada. Mais recentemente, pode-se inclusive dizer que vão no sentido contrário.
A situação descrita acima diz respeito àquilo que se pode definir como barreira interna, no âmbito do ambiente tucano e na relação direta com seu novo (futuro) filiado. Em tese, é um problema do PSDB o esforço inicial de convencer Ciro de que conviria dar uns passos atrás em sua carreira pública, há cerca de três décadas focada no cenário nacional, e voltar a atuar como um político do Ceará, preocupado com seus problemas e disposto a resolvê-los. O chip vai precisar de uma reprogramação.
Resolvida a questão no âmbito partidário, se ela for, haverá necessidade de discutir mais a fundo o projeto de candidatura numa perspectiva de frente oposicionista. Quais limites Ciro Gomes estaria disposto a respeitar em nome de uma aliança que, necessariamente, envolveria gente da qual ele tem divergido nos últimos anos da maneira visceral? Ciro aceitará os bolsonaristas do jeito que eles são? Os bolsonaristas aceitarão Ciro do jeito que ele é?
Haverá necessidade de identificar o ponto até onde vai a capacidade de cada lado de ceder para atender o objetivo comum alardeado de "salvar o Ceará de uma tragédia". Exercício que ainda exigirá uma DR poderosa para limpar o passado de tanta poluição política e desacertos radicalizados para, vislumbrando o futuro, acomodar no mesmo palanque Ciro Gomes, Jair Bolsonaro, Tasso Jereissati, André Fernandes, Roberto Cláudio, Capitão Wagner, Eduardo Girão e outras figuras políticas com trajetórias recentes marcadas por muita troca de pancada. No sentido verborrágico do termo.
Finalmente, resolvidas todas as pendências políticas anteriores se chega à etapa mais importante, que diz respeito ao convencimento direto do eleitor, único dono do voto, de que uma razão mais nobre justificará tudo que tiver sido acertado nas conversas de cúpulas e de bastidores. É de se imaginar, na forma como a coisa está desenhada, que alguém acostumado a votar naquele Ciro Gomes de sempre estranhará ao vê-lo ao lado de figuras que antes ele demonizava no seu estilo definitivo. E, vice-versa, o eleitor de Bolsonaro terá razões para, de início, pedir explicações melhores antes de embarcar numa aventura eleitoral sob comando de um político tão fortemente adversário até outro dia.
Não seria coisa inédita na história política cearense e brasileira, basta olhar para o palanque que os adversários montam para entender que impossível não é, mas vai exigir concessões fortes que não parece muito claro que exista disposição para fazer de parte a parte. Pelos perfis envolvidos pode-se dizer que há um caminho longo a percorrer nesse sentido.
Durante anos a justiça militar funcionou fechada em torno de si mesma, na compreensão geral da sociedade existindo apenas para proteger os membros de uma corporação específica ao mantê-los afastados de um sistema geral que controla o conjunto da sociedade. Vale, no sentido de desfazer essa imagem, ressaltar as ações do atual comando do Superior Tribunal Militar, entregue pela primeira vez a uma mulher: a ministra Maria Elizabeth Rocha. Aliás, homenageada na semana em Fortaleza pela Assembleia Legislativa com a inclusão do seu nome na lista de primeiros agraciados com a medalha Paulo Bonavides, recém-criada. Lembrança que não é gratuita, tem a ver com a admiração dela, que é mineira, ao constitucionalista paraibano que fez vida e história no Ceará.
É sintomático de um momento novo ver o STM abrindo a sede de Brasília, seu auditório, no caso, para uma audiência que coloca em pauta um tema ligado aos direitos humanos. Acontecerá amanhã (dia 18), a partir de 14 horas - havendo convites espalhados para membros da comunidade, pesquisadores, representantes de instituições e outras autoridades -, um debate importante sobre "Contratos e Licitações na Perspectiva da Equidade". A própria presidente Elizabeth Rocha está envolvida com os esforços de garantir que o evento tenha o máximo de representatividade, o que indica uma mudança de postura que precisa ser destacada sempre que observada.
Ninguém anda perdendo o sono no Palácio da Abolição com o julgamento, programado em sessão extraordinária convocada para a próxima terça-feira, dia 19,a partir de 10 horas, das contas do exercício de 2024 da gestão Elmano de Freitas(PT) pelo Tribunal de Contas do Estado. Porque está tudo certo, alega-se oficialmente, mas, também, porque o relator designado para apresentar o parecer prévio, Ernesto Saboia, é dado como alguém de confiança e incapaz de agir para criar marolas num momento importante pela aproximação de nova temporada eleitoral. Destaque-se que a decisão do plenário do TCE, qualquer que seja, precisará ser validada pela Assembleia Legislativa, que não tem obrigação de respaldá-la.
A POLÍTICA NA HORIZONTAL
Roberto Cláudio comemorou bastante nos últimos dias e horas sua chegada aos 50 anos, fase emblemática da vida de cada um. Mais ainda para quem, caso dele, olha para o futuro breve sabendo que decisões importantes precisam ser tomadas.
Quem está ao seu lado garante que o nível de ansiedade é nenhum e que a disposição de disputar o Governo do Ceará, repetindo 2022, segue a mesma de sempre. A coisa ficará mais clara com a filiação esperada para breve, no União Brasil.
Carmelo Bolsonaro? Pois é, temos um "novo deputado" nominado no painel da Assembleia, a pedido e por autorização dele, e eis que parte da energia no legislativo estadual esteve voltada nos últimos dias para discutir se pode ou não.
Perda de tempo, claro que qualquer um tem o direito de, por estratégia política, como é o caso, vincular seu nome a alguém que admire ou, até, adore. Fosse eu o pai (ou a mãe) da figura, ai sim, teria motivos para convidá-lo a uma conversa mais séria.
Leo Suricate, que acaba de assumir mandato na Assembleia Legislativa pelo Psol, devido a licença de 120 dias de Renato Roseno, gera uma expectativa quanto ao desempenho que terá como deputado durante o tempo em que permanecer por lá.
Estrela das redes sociais, sob o perfil humorístico "Suricate Seboso", trata-se de alguém com grande talento artístico e que pode dar uma sacudida no ambiente legislativo, a partir de pautas sérias. Não precisa ser fazendo graça.
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