
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Nas palavras de Michele Bolsonaro, Lula e Janja formam "um casalzinho", a atual primeira dama é a "senhorinha do líder" e o presidente da República é, dentre outras coisas, "pinguço, cachaceiro, mentiroso". São expressões colhidas de uma fala durante apenas um evento no qual a mulher de Jair Bolsonaro teve oportunidade de apresentar seu estilo político para a militância do PL.
Claro que sendo da oposição, o que se pode esperar dela é que critique o governo e os governantes. O que chama atenção, por enquanto, é a preocupação quase nenhuma dela de focar no que se considera erro de condução do País, optando por dar uma importância meio desmedida a questões de cunho pessoal. Nem vou discutir se procedentes ou não porque, de fato, são coisas irrelevantes para o que está em debate.
O nome de Michele é colocado entre as possibilidades de candidatura à presidência em 2026 caso seu marido não reverta a condição de inelegível que já ostenta atualmente. Cabe indagar, então, se esse é o tom que uma campanha conduzida por ela adotaria, considerando-se ainda que a tendência natural é que a coisa vá esquentando à medida em que o calendário avance. Ou seja, é natural imaginar que os ataques, com o tempo, fiquem ainda mais fortes e menos criteriosos no esforço de desconstrução dos adversários.
Chega a surpreender que a ex-primeira dama apresente como cartão de visitas na sua chegada ao mundo político, em papel de protagonismo real, um tom de voz e uma linha de discurso que indicam uma intenção pessoal de puxar o debate para baixo. Ela, que o tempo todo é definida pelos bolsonaristas como uma mulher de alto nível, até apontando-se isso como um contraponto a Janja, identificada como alguém que não estaria à altura do papel representativo que passou a ostentar desde a volta de Lula ao poder.
Pode-se dizer que Michele Bolsonaro passou com alguma discrição pelo barulhento governo de seu marido. Há o caso das joias por ser melhor explicado, um pouco de mistura de interesses em despesas pessoais, aconteceram os excessos aparentes de gastos para manter o maquiador particular sempre por perto e registraram-se crises eventuais decorrentes do relacionamento meio esquisito com os filhos de outros casamentos de Bolsonaro, mas, dá pra dizer, ela saiu quase incólume da confusão política na qual esteve envolvida.
A ideia de candidatura em 2026, que começou projetando a disputa de uma das vagas ao Senado pelo Distrito Federal, paulatinamente há sido empurrada para o quadro da sucessão presidencial. Talvez isso consiga justificar o fato dela ter transformado Lula e Janja em seus alvos preferenciais nos discursos, mas não serve de explicação para o tom agressivo além do normal para essa fase do calendário, ainda muito distante do período de campanha propriamente dito.
Lula é experiente demais para cair na armadilha e, por exemplo, evita entrar num bate-boca já agora com Michele Bolsonaro, respondendo-a. Por isso, permite que os ataques entrem por um ouvido e saiam pelo outro, deixando-a, por enquanto, falando só.
Evangélica, dona de um discurso geralmente bem elaborado e vendendo-se ao País como alguém cristã e de espírito elevado, a mulher de Jair Bolsonaro parece ter potencial para, entrando na política, melhorar um pouco o conteúdo oferecido à sociedade por um grupo que polariza hoje a disputa do poder com Lula e seu PT. Infelizmente, por enquanto, tem sido apenas uma voz nova e um rosto de melhor aparência para velhas práticas.
Chega à Câmara de Vereadores na primeira semana de novembro a proposta da prefeitura para o Plano Diretor de Fortaleza. Responsável pela condução do debate que levou ao texto final, Artur Bruno, presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Fortaleza (Ipplan), considera que a proposta atende às necessidades de planejamento da cidade e acredita que a tramitação no Legislativo não terá problemas. Apesar do otimismo dele, a articulação política do Paço Municipal adota precauções e cuidados diante da expectativa de que, naturalmente, haverá ação de interessados para alterar a proposta em favor de setores específicos. A ordem é atenção total.
Leia mas:
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Maia Júnior, com sua declaração de que pretende acompanhar Tasso Jereissati e tende a subir no palanque de oposição em 2026, deu uma boa notícia para os grupos que se articulam em torno de um projeto de derrota do governo atual, liderado pelo PT. É o caso, inclusive, de já incluí-lo na equipe que cuidará de preparar um plano de governo, preocupação que ainda não apareceu na boca de nenhum dos líderes da frente antigovernista que se forma no Ceará. Talvez até fosse o caso de entregar a ele, com a vasta experiência que tem na máquina pública pelos vários cargos que já ocupou, inclusive com mandatos, a tarefa de liderar o processo de construção de alguma ideia para governar, algo que viria depois de uma vitória. A impressão que dá é que, em relação a isso, se partirá do zero.
O jurista e desembargador aposentado Wálter Maierovitch lança em Fortaleza, no próximo dia 12 de novembro, seu mais recente livro "O mercado da morte: conexões e realidades". Tema mais do que atual e, a partir da visão de quem conhece profundamente o problema, uma oportunidade para refletirmos sobre o que acontece hoje no Ceará quanto ao avanço do crime organizado. O Grupo de Comunicação O POVO será anfitrião e organizou dois momentos para a data: no primeiro, a partir de 16 horas, na sede da Aguanambi, 282, um grupo de convidados, selecionados pela diretoria de Opinião, participará de debate com o autor; no mesmo dia, a partir de 20 horas, a obra será apresentada ao conjunto da sociedade no espaço do O POVO na Casa Cor.
Dentro de uma semana os argentinos voltam às urnas para renovar parte do Congresso nas eleições intermediárias. A considerar o que apresentam as pesquisas mais recentes, o governo de Javier Milei, ultraconservador de direita, sofrerá uma forte derrota, especialmente no disputado colégio eleitoral de Buenos Aires, província que detém cerca de 40% da população. O quadro econômico no país segue delicado, o apoio esperado de Donald Trump não veio na forma desejada e, pior, Milei está perdendo o debate também no campo da honestidade. Sucedem-se os escândalos e a Casa Rosada enfrenta dificuldades para convencer a população dos bons propósitos de suas medidas, algumas muito duras e restritivas da atividade econômica.
"Precisamos reeleger Lula, mas sem frente ampla"
José Barroso Pimentel completou 72 anos na última quinta-feira, 16, e, dia seguinte, recebeu na Câmara de Vereadores de Fortaleza a medalha do mérito legislativo José Barros de Alencar, sugerida pelo colega de PT, Doutor Vicente, e aprovada em votação unânime pelo plenário. O ex-senador, ex-deputado federal e ex-ministro (da Previdência Social) não vive seu melhor momento pessoal, pelo contrário, está saindo de um câncer no estômago, luta contra uma diabetes agressiva e já perdeu parte da visão.
Quando subiu à tribuna, na sexta, para agradecer pela homenagem, surpreendeu, porém, com um discurso de contundência política que há gente na ativa incapaz hoje de fazer no mesmo tom. Foi duro com o Congresso Nacional, por onde esteve ao longo de 24 anos, corroborando a ideia expressa pelo presidente Lula de que a composição atual "é a pior da história". O episódio da tentativa de aprovar "a PEC da bandidagem", termo que ele optou por utilizar, seria uma comprovação disso.
Após falar na tribuna de suas batalhas pessoais dos últimos tempos e de agora, Pimentel anunciou que estará nas ruas em 2026. "Para reeleger o Lula presidente do Brasil", disse, adotando um tom construtivamente crítico ao cobrar um programa novo, algo que substitua a tal "Frente Ampla, que serviu apenas para o Centrão, não para o PT ou o País".
O colunista teve oportunidade de, em rápido contato com o próprio Pimentel, registrar que ele está fazendo falta à política. Sua reação? "E ao partido também", afirmou, meio que sorrindo antes de se virar para cumprimentar quem chegava. É bom a cúpula petista captar a mensagem na sua dimensão, mesmo que expressa numa frase solta.
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