Capitão Wagner é convidado para se filiar a ex-partido de Bolsonaro
Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
Capitão Wagner é convidado para se filiar a ex-partido de Bolsonaro
O deputado federal estaria conversando com Heitor Freire e discutindo cenários para 2022, ano em que deve escolher entre disputar novo mandato na Câmara ou entrar na briga pelo Governo do Estado
Deputado federal e presidente do PSL no Ceará, Heitor Freire convidou o também deputado Capitão Wagner (Pros) para se filiar à legenda. A informação foi confirmada pela assessoria do dirigente.
O convite do pesselista a Wagner foi feito logo depois das eleições municipais de 2020. Nelas, Wagner concorreu à Prefeitura de Fortaleza e chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por José Sarto (PDT).
Wagner estaria conversando com Freire e discutindo cenários para 2022, ano em que deve escolher entre disputar novo mandato na Câmara ou entrar na briga pelo Governo do Estado.
Uma fonte do PSL deu a ida de Wagner para o partido como certa. De acordo com ela, o deputado levaria com ele outros três parlamentares, entre federais, estaduais e vereadores. Procurado, o deputado não confirmou as informações até a noite de hoje.
O POVO procurou o deputado federal Luciano Bivar (PE), presidente nacional do PSL, para comentar o assunto. Por meio de assessoria, o parlamentar respondeu que todas as articulações estão sendo conduzidas por Freire, de modo a fortalecer a legenda para o ano que vem.
O presidente do PSL também declarou que o objetivo da sigla é assegurar uma bancada expressiva na Câmara dos Deputados, atraindo grandes puxadores de voto, tais como Capitão Wagner.
Com trajetória política marcada pelas paralisações de PMs no Ceará, Wagner foi campeão de votos nas eleições para vereador em 2012, para deputado estadual em 2014 e, quatro anos depois, para federal.
Segunda maior bancada da Câmara, o PSL cresceu na esteira da eleição do então candidato Jair Bolsonaro, atualmente sem partido. Deixou de ser um nanico para se tornar uma grande estrutura.
À frente da máquina partidária local, Heitor Freire se indispôs com o presidente ainda em 2019, na crise instaurada em meio à disputa pelo controle do partido, travada entre Bolsonaro e Bivar – o cearense alinhou-se à ala “bivarista”, que acabou ganhando a queda de braço e se mantendo no comando.
O pesselista chegou a ser acusado de gravar conversa telefônica com Bolsonaro. O deputado nega. Depois disso, porém, a relação entre afilhado e padrinho se deteriorou.
No ano passado, Freire lançou-se à Prefeitura de Fortaleza e disputou votos com Wagner na direita. Em entrevista ao O POVO durante a campanha, o pesselista, ao se apresentar como o único postulante autenticamente bolsonarista no estado, criticou o deputado do Pros.
“Se você analisar, tem discurso dele falando de Bolsonaro na tribuna. Se comparar as votações de Capitão Wagner na Câmara Federal, é muito menor que as minhas (em relação ao apoio ao presidente)”, comparou.
Em janeiro deste ano, foi a vez de Wagner mirar em Freire, cujo irmão foi indicado para assumir um cargo na administração do candidato vencedor da corrida ao Paço, José Sarto.
Pelo Twitter, Wagner escreveu: “Bem que o candidato Heitor Freire disse na campanha: ‘são tudo farinha do mesmo saco’. As pessoas perguntavam: por que ele está batendo no Capitão? Taí a resposta: uma boquinha pro irmão ter a Regional 10”.
Freire minimizou os ataques. Pelas redes, o deputado falou que eram “orquestrados por um pequeno grupo que adora criar factoides em torno do meu nome”.
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