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O grande ausente de uma posse
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

O grande ausente de uma posse

A posse foi em cerimônia discreta, mas o que chamou a atenção de fato foi a ausência do ministro Camilo Santana (Educação), com quem é casada
Posse de Onélia Santana no Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE) (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Posse de Onélia Santana no Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE)

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A ex-secretária Onélia Santana tomou posse ontem como conselheira no Tribunal de Contas do Estado (TCE) numa cerimônia discreta, mas o que chamou a atenção de fato foi a ausência do ministro Camilo Santana (Educação), com quem é casada. Embora limitada a meia dúzia de autoridades, estavam lá o governador e o prefeito eleito, a vice-governadora e mais um tanto de gente, todos acomodados num salão no 7º andar, e não no plenário, como de hábito.

Mas não o ex-governador do Estado, que, num comentário ligeiro sobre a indicação da cônjuge para o posto, o único de que se tem notícia até aqui, disse ao colega do O POVO João Paulo Biage que se tratava de "assunto da Assembleia". Não deixa de ter razão - e de não tê-la também.

Em seu discurso, lido em tom comovido para a plateia, entre a qual se encontravam o sogro Eudoro Santana e o cunhado Tiago Santana, Onélia mapeou as origens no Cariri e elencou credenciais acadêmicas que, para 36 dos 46 deputados, bastaram para cacifá-la ao cargo. Em seguida, concluído o ato, a integrante do TCE saiu sem dar entrevistas.

O desgaste do veneno

Por razões diferentes, o governador Elmano de Freitas (PT) deixou nessa quinta (19) o evento de diplomação de Evandro Leitão (PT) e Gabriella Aguiar (PSD) sem conceder palavra aos jornalistas reunidos por lá, na sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE), talvez para evitar um assunto tóxico: a aprovação, também pela Alece, de projeto que libera o emprego de drones para pulverizar venenos em plantações no Ceará, bem ao gosto da agenda de um Ricardo Salles, ex-ministro de Jair Bolsonaro.

Trata-se de tema espinhoso, sobretudo para Elmano, coautor da lei estadual nº 16.820/19, batizada de "Lei Zé Maria do Tomé", proposta pelo colega de Legislativo do petista, Renato Roseno (Psol), e referendada pelo STF em 2023. Como escrevi ontem, o parlamento cearense faz as vezes de Papai Noel às avessas, com um pacote de maldades ambientais que é um verdadeiro presente para aqueles setores cujos aliados pretendiam passar a boiada.

Dragão do Mar

A escalação de Helena Barbosa para a pasta da Cultura da gestão de Evandro é oportunidade para voltar as atenções ao Centro Dragão do Mar, que, até dias atrás, estava circundado por areal de obras paradas - filigranas contratuais, segundo me disseram, mas capazes de travar o andamento de trabalhos cuja previsão de término era 2024, mas que chegam ao fim do ano sem perspectiva, justo esse período durante o qual a capital cearense está repleta de turistas à procura de nossos pontos de visitação incontornáveis, entre os quais o Dragão tem papel de relevo.

Quando da gestão de Sarto, havia por certo uma dificuldade de diálogo emperrando a qualificação da praça e do entorno do equipamento, vitais para a retomada de sua pujança. Bom, esse obstáculo agora desapareceu.

Listas de listas

Fim de ano se aproximando, e com ele suas inevitáveis listas - ou listas de listas, já que a moda de indicar leituras tem se convertido num gênero jornalístico. De todas as listas que li e cujas recomendações anotei diligentemente, compartilho algumas, entre obras de ficção e não-ficcionais, literatura nacional ou estrangeira, ensaios e textos inclassificáveis.

Seguem, sem qualquer ordem nem justificação, apenas a garantia de que, num país que produz mais não-leitores do que leitores, esses livros fisgaram minha atenção: "A obrigação de ser genial", de Betina González (Bazar do Tempo); "Vida, velhice e morte de uma mulher do povo", de Didier Eribon (Editora Âyiné); "História potencial", de Ariella Aisha Azoulay (Ubu); "As aulas de Hebe Uhart", de Liliana Villanueva (WMF); "A clínica rebelde", de Adam Shatz (Todavia); "O homem não existe", de Lígia Gonçalves Diniz (Zahar); e "De onde eles vêm", de Jeferson Tenório (Cia das Letras).

 

Foto do Henrique Araújo

Política como cenário. Políticos como personagens. Jornalismo como palco. Na minha coluna tudo isso está em movimento. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

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