Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Foto: CHIP SOMODEVILLA / Getty Images via AFP
Donald Trump impõe medidas mais ou menos severas para oa países que contrariem os interesses estadunidenses
Em pouco mais de duas semanas, Donald Trump ameaçou elevar tarifas contra Colômbia, Canadá e México, mas acabou recuando ao adiar a execução de sua guerra fiscal. Por ora, não se sabe o que move exatamente a estratégia comercial do presidente dos Estados Unidos, que se volta sobretudo para parceiros comerciais da nação, tais como os países vizinhos e a União Europeia.
Ao mundo, Trump anunciou com pompa que adotaria a partir de agora a reciprocidade como chave de suas relações externas, impondo a outros "players" sanções, mais ou menos severas, quando entendesse que os interesses estadunidenses estivessem sendo contrariados.
Foi assim com a Dinamarca, por exemplo, quando sugeriu que poderia retaliar assumindo o controle da Groenlândia, maior ilha do planeta e território autônomo em posição militarmente importante. Trata-se de bravata ou não?
O entorno do chefe da Casa Branca tem feito saber que a declaração não passou disso, ou seja, não foi além da política de semear o caos para colher dividendos, políticos e/ou econômicos. Mas o que o magnata de fato vem obtendo de ganho até aqui? Difícil mensurar.
Afinal, não parece razoável supor que Trump pretenda contornar dificuldades de toda ordem manejando apenas a majoração de tarifas de importações. Tampouco soa plausível a tese segundo a qual a finalidade é pressionar aliados a aceitarem migrantes ilegais de volta.
É nessa zona cinzenta que o presidente transita, tendo como obstáculo à altura tão somente a China, que respondeu aos ataques tarifários com a mesma moeda: aumentando as taxas sobre produtos dos Estados Unidos, caminho que deve ser seguido também por União Europeia, que tende a responder em bloco, forçando talvez o país da América do Norte a rever sua posição.
Eis aí uma armadilha que já deve estar no horizonte do "trumpismo", qual seja, a baixa efetividade da nova política pode ter como corolário unicamente o isolacionismo em que os EUA vão se afundando à medida que Trump avança sobre concorrentes e aliados, sem distinção, abrindo múltiplas frentes de conflitos simultâneos.
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