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As pedras no sapato de Camilo Santana
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

As pedras no sapato de Camilo Santana

Um deles é José Guimarães, deputado federal e líder do governo Lula na Câmara. Ele aparentemente está insatisfeito com as sinalizações que o petismo no Ceará vem dando sobre 2026
DEPUTADO José Guimarães é pré-candidato ao Senado (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES DEPUTADO José Guimarães é pré-candidato ao Senado

Embora o "camilismo" tenha avançado no PT, há ainda nomes do partido que oferecem resistência ao domínio do ministro da Educação e ex-governador do Estado. Um deles é José Guimarães, deputado federal e líder do governo Lula na Câmara. E não apenas pelo que fala, cujo teor já tem peso inegável exatamente porque o petista representa o lulismo no Ceará como poucos (no interior do estado, por exemplo, alguns diretórios da legenda se resumem a grupos ligados ao parlamentar, o que dá a medida de seu capital político). Mas também pelo que faz. Aparentemente insatisfeito com as sinalizações que o petismo no Ceará vem dando sobre 2026, Guimarães, que é cotado para o Senado, pediu de volta colégios eleitorais importantes que ajudariam a eleger a ex-prefeita de Icó Laís Nunes e o deputado estadual Fernando Santana para cadeiras no Legislativo federal. Diante dessa mudança de rota, ambos poderiam rever seus planos - Laís teria desistido de concorrer a deputada federal para tentar assento na Alece. Isto é, aquele compromisso apalavrado entre Guimarães e Camilo Santana/Elmano de Freitas pode ter se rompido na esteira das costuras do governismo para escolha dos quadros que irão postular vagas de senador.

Recepção a Luizianne

Outro momento no qual ficou evidente o divisionismo no PT local foi a recepção à deputada federal Luizianne Lins, no sábado, 11, quando a ex-prefeita retornou ao Brasil depois de ter sido presa pelas forças de segurança de Israel a caminho da Faixa de Gaza. Ao lado de LL naquela tarde estavam figuras já esperadas (Deodato Ramalho, Waldemir Catanho e Mari Lacerda) e outras nem tanto (Lia Freitas, primeira-dama do Estado, não se sabe se representando o Abolição ou como entusiasta da causa palestina). Também passaram pelo saguão do aeroporto o dirigente do PT em Fortaleza,
Antônio Carlos, ex-luizianista e hoje "camilista".

Presenças e ausências

Vista sob o ângulo das presenças, então, a chegada de Luizianne, logo alçada a candidata ao Senado por seus aliados, converteu-se em ato político, reafirmando sua ascendência intrapartidária, o que pode cacifá-la para a senatorial. Afinal, se estão no páreo Júnior Mano (PSB) e Moses Rodrigues (União), que votaram contra a MP mais importante da gestão Lula, por que não a petista? Mas houve ausências no Pinto Martins, algumas mais e outras menos sentidas. A ala de deputados que orbita o Executivo evitou esse gesto de solidariedade à colega de legenda. A coisa piora se lembrarmos que, uma semana atrás, boa parte desses mandatários estava confraternizando no Raimundo dos Queijos em homenagem ao comerciante, falsamente dado como morto na tribuna da Câmara. Resumo: sem ter cruzado sequer o rio Ceará, Raimundo mereceu mais empatia de petistas do que Luizianne, deportada por Netanyahu.

Ainda o PL

Escrevi sobre a crise no PL cearense semana passada, mas aquilo é apenas uma fração da queda de braço dentro da agremiação conservadora. Há mais caroço no angu. Um deles explica a queda do deputado estadual licenciado Carmelo Neto, que se indispôs com a bancada do PL quando, conforme interlocutor narrou à coluna, concentrou recursos na campanha de candidaturas pelas quais ele tinha simpatia - entre as quais estava a da esposa, Bella Carmelo, que concorreu como vereadora em 2024. O bolsonarista também teria contratado outro problema, segundo relatos, ao prometer a Mayra Pinheiro apoio para buscar vaga na Assembleia Legislativa ano que vem, embora já se saiba que ele deverá emprestar todo seu capital a Bella novamente.

 


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