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A dinâmica política de Camilo para 2026
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

A dinâmica política de Camilo para 2026

A fala do ministro Camilo Santana abre brecha à possibilidade de vir a ser o candidato a governador em 2026
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MINISTRO Camilo Santana e governador Elmano de Freitas: a incerteza que se insinua para 2026 no CE (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE MINISTRO Camilo Santana e governador Elmano de Freitas: a incerteza que se insinua para 2026 no CE

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Embora diga que não é candidato em 2026, especialmente a governador, o ministro Camilo Santana (Educação) deve se desincompatibilizar do MEC até abril próximo. Hoje um dos auxiliares de Lula mais bem posicionados no tabuleiro, o petista compõe aquela galáxia de nomes federais que figuram como plano B caso o presidente não tenha condições de concorrer a novo mandato, seja por que razão for.

O ex-governador também opera no âmbito local, todavia, apresentando-se como opção na hipótese de se consumar uma reestruturação do campo de disputa estadual que acabe por exigir seu retorno. A preço de hoje, Camilo descarta esse cenário, ao menos publicamente.

Em entrevista dias atrás ao O Globo, o ministro reiterou: "Eu não sou candidato. O Elmano tem sido um grande governador. Ele tem direito à reeleição e está bem avaliado". A declaração poderia ter se encerrado aí, mas a ela se segue um acréscimo que deixa brechas a todo tipo de reviravolta.

Disse então o titular do MEC: "Mas claro que política é dinâmica". Ora, é justamente esse dinamismo que pode obrigar o grupo aliancista a repensar esse arranjo no qual Elmano é postulante automático, impondo outro formato à chapa, a depender da avaliação da gestão ano que vem e da performance dos adversários.

Ser ou não ser

Trata-se de uma frase ("Mas claro que política é dinâmica") desnecessária naquelas circunstâncias. Se, por um lado, está longe de comprometer a reeleição de Elmano, por outro não colabora para dissipar a desconfiança (mesmo entre governistas) de que o ministro terá de retornar ao Ceará para assegurar que o controle do Abolição siga com o bloco aliado numa eleição contra oponente cujas forças se estimam como relativamente maiores do que as dos concorrentes que marcaram presença nas urnas em 2022 (Capitão Wagner e Roberto Cláudio).

Logo, a Camilo talvez se impusesse na entrevista apenas o que já tinha dito: que Elmano é candidato a mais quatro anos, e só, quer o contendor seja Ciro Gomes, quer seja Wagner ou RC. O problema é a porta deixada entreaberta, alimentando a tese segundo a qual somente o ministro seria capaz de fazer frente a Ciro no embate direto.

Viabilizando a candidatura

De volta ao Estado, Ciro Gomes (PSDB) começa a organizar as peças na mesa de olho na corrida eleitoral que se aproxima, sem que haja de fato certeza de que será candidato a governador, a presidente ou a nada. Por ora, o ex-presidenciável tem se limitado a administrar expectativas e o "timing" político, dentro e fora da oposição.

Ao Novo e ao PL, por exemplo, não endereçou qualquer resposta desde que o partido de Jair Bolsonaro anunciou que havia suspendido as tratativas para uma composição com o Ferreira Gomes. O tucano também vem evitando manifestar opinião sobre a candidatura de Eduardo Girão, cujo nome frequenta as pesquisas com percentuais flutuantes entre 8% e 15% das intenções de voto para governador, o que é bastante coisa.

De Ciro não se ouviu, finalmente, qualquer palavra sobre a declaração de guerra de Michelle Bolsonaro, tampouco sobre a postulação de Flávio.

Pedras no caminho

A esta altura, as maiores dificuldades de Ciro estão concentradas principalmente em seu próprio quintal: articular apoios do PL e do Novo e vencer o cabo de guerra que se estabeleceu pelo comando da federação UB/PP, da qual dependeria boa parte de seu capital na eventualidade de postular o Governo.

Em aparência, há convergência entre as forças de oposição, leia-se, entre PSDB, PL, UB e Novo. Na prática, porém, as chances de uma chapa única que agrupe essas siglas dependem de uma pletora de variáveis, tanto locais quanto nacionais, num ambiente de muita volatilidade.

 

Foto do Henrique Araújo

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